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Loucas por um bisturi

A mãe de um amigo já fez bem umas dez plásticas. Lifting completo, tirou bolsas, puxou e repuxou. As orelhas foram para trás. A testa ficou mais alta. Outro dia anunciou, feliz: – Entrei no bisturi de novo! Desta vez, fiquei parecendo uma menininha! Refleti: “Só se for Chuck, o brinquedo assassino”. Eu acho que […]

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 19h44 - Publicado em 18 set 2009, 20h19
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  • A mãe de um amigo já fez bem umas dez plásticas. Lifting completo, tirou bolsas, puxou e repuxou. As orelhas foram para trás. A testa ficou mais alta. Outro dia anunciou, feliz:

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    – Entrei no bisturi de novo! Desta vez, fiquei parecendo uma menininha!

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    Refleti: “Só se for Chuck, o brinquedo assassino”. Eu acho que plástica vale a pena, para dar uma aparência melhor. Mas nenhuma senhora de 64 se transforma em uma garota. No caso, a mãe de meu amigo está com traços idênticos aos de um pequinês. Olhos puxados, o nariz semelhante a uma cereja sobre o rosto. (Sim, ela também mexeu na napa!) O nariz, aliás, é uma questão séria. Nos meus tempos de repórter, certa vez entrevistei um cirurgião plástico que exibiu, orgulhosamente, uma cabeça de gesso.

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    – Este é o nariz que ofereço a minhas clientes! – declarou.

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    Não importava se o rosto era estreito, largo, comprido ou minúsculo. Resultado: cada cliente ficava parecendo uma bolacha com uma azeitona superposta. Uma vez eu estava ao lado de uma grande conhecedora de moda em um desfile. Passou uma modelo. Exclamei:

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    – Que linda!

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    – Mas veja! – garantiu minha acompanhante. – Fez plástica no nariz, com certeza. O rosto perdeu as proporções. Isso pode prejudicar sua carreira.

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    Lembrei-me de Gisele Bündchen. Olha só o nariz da número 1!

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    Recentemente me dei conta de um fenômeno. Existem pessoas viciadas em plástica. Uma amiga faz em média uma intervenção por mês. Já botou até maçãs no rosto. Silicone nos lábios. Não faz muito tempo, apareceu em uma festa.

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    – Quem é aquele travesti? – perguntou alguém.

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    Pobres travestis, não mereciam a comparação. Pior: ela se aproximava dos convidados louca por um elogio. Se ninguém abrisse a boca, puxava o assunto.

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    – Fiz uma plástica no mês passado. Não ficou ótima?

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    Todos botavam a taça de vinho nos lábios, rapidamente. Dizer o quê?

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    Algumas colocam tanto silicone nos seios que se arriscam a andar encurvadas para agüentar o peso. Muitas contrabalançam botando no traseiro, para equilibrar. Eu não me atreveria a acender um palito de fósforo perto delas. Podem pegar fogo!

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    Muita gente me pergunta por que alguns atores famosos somem da telinha. Pois bem. É tanto puxa-daqui-e-dali que não podem mais fazer papel de pais, e muito menos de filhos! Ganham idade indefinível.

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    Agora surgiu a bioplastia. É um método que desenha a estrutura de um rosto, por exemplo, por meio de aplicações milimétricas de um produto. Um conhecido não suportava o queixo pontudo. Saiu das sessões com o rosto quadrado. Exibiu-se alguns meses. Agora chegou à conclusão de que está quadrado demais. Quer lixar.

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    Não se trata exatamente de lixar as unhas, mas o osso. Correu a outro profissional, que advertiu:

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    – Há um problema na aplicação anterior. Tudo pode cair, e você ficará idêntico a um buldogue.

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    Está à beira da loucura. O detalhe: sempre foi um rapaz muito bonito. Para que tanto sofrimento? Agora, submete-se a novas aplicações para “derreter” o produto anterior. Depois, é claro, colocará novamente. A qualquer momento seu rosto pode se transformar em uma versão humana da Torre de Pisa!

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    Nada tenho, repito, contra as pessoas buscarem uma aparência melhor. O mundo mudou. Foi-se o tempo das avozinhas que depois de viúvas botavam roupa escura e não saíam mais de casa. As modernas querem namorar, ir a festas, viajar. Viver! É correto cuidarem da aparência. Nem falo de quem tem um defeito. Mas plástica é uma operação. Por menor que seja, exige anestesia, cuidados. E vira um problema quando se transforma em vício.

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