Em segundo dia de protestos, manifestantes fecham Marginal Pinheiros
Sem confronto direto com a polícia, cerca de 5 mil pessoas participaram de nova manifestação contra aumento da passagem de ônibus
Com gritos de “Mãos para o alto 3,20 é um assalto” e cartazes como “Polícia sem repressão você também paga busão”, aproximadamente cinco mil pessoas participaram da manifestação contra o aumento da passagem de ônibus na noite desta sexta-feira (7). A estimativa é da Polícia MIlitar.
Já para os organizadores da ação que fazem parte do Movimento Passe Livre, cerca de três mil pessoas compareceram. Esta foi a segunda noite seguida de tumultos envolvendo o grupo que protesta contra o aumento das tarifas de transporte público na cidade.
Durante a manifestação, a Polícia Militar contou com a ajuda do batalhão do Choque para conter a multidão e utilizou bombas de efeito moral para evitar a ocupação de algumas vias, porém não houve nenhum tipo de conflito direto com manifestantes. Muitas das pessoas que participiram usavam lenços no rosto e até mesmo máscaras de gás, que, segundo eles, servia para evitar uma possível reação ao gás lacrimogênio ou spray de pimenta, disparados pela polícia.
Durante todo o trajeto, era possível ver um público aparentemente bem jovem. Segundo a estudante Gabriela Sakata, de 18 anos, que foi ao protesto com pai o Renato, de 58, e a irmã, Flora, de 14 anos, o movimento se articulou com Grêmios de várias escolas secundárias da cidade. “Vir e participar é melhor do que ficar parado só reclamando”, disse.
Hoje, o grupo saiu do Largo da Batata por volta das 18h, seguindo pelas avenidas Faria Lima e Eusébio Matoso. Ao entrar na Marginal Pinheiros, os policiais começaram a direcionar a manifestação para a Avenida Frederico Herman Júnior. Para isso, utilizaram bombas de efeito moral.
Quando o protesto passou na frente do bar de Manoel Narciso, de 52 anos, ele não fechou as portas e disse para alguns jovens: “A causa é justa mas vocês têm de ser pacíficos”. Por causa dos relatos de vandalismo de quinta-feira (6), a maioria dos restaurantes, bares e lojas de ruas por onde a manifestação passava abaixavam as portas, com medo de alguma reação ou depredação, que não aconteceu.
Por fim, os manifestantes tentaram entrar no metrô Faria Lima, mas seguranças fecharam a entrada principal, gerando uma série de gritos e reclamações. Na sequência, cerca de 150 pessoas não desistiram do protesto e seguiram pela Rua Teodoro Sampaio, praticamente deserta, até a Avenida Paulista. Os organizadores convocaram todos para participar de uma manifestação maior, programada para a próxima terça-feira (11), na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
Com as ruas tomadas de gente, entre 18h30 e 19h, a cidade registrou 260,1 quilômetros de congestionamento, o terceiro maior trânsito do ano. Na ocasião, segundo a polícia militar, não houveram detidos e nenhum registro de feridos.
Clima de guerra
Na noite de quinta-feira (6), o grupo entrou em conflito com a Polícia Militar em alguns pontos da cidade, como a Avenida Paulista. Na ocasião, os manifestantes destruíram algumas estações de metrô. “Não importa o quão violenta seja a policia, vamos continuar até a tarifa abaixar”, afirmou um dos representantes do Movimento Passe Livre (MPL), Caio Ferreira, de 19 anos.
No Facebook, a página oficial do grupo possui uma enquete questionando se as manifestações devem acontecer com ou sem vandalismo. Até as 18h, a maioria votou na opção “sem vandalismo, e se a polícia agir a gente grava e divulga a repressão”. Alguns pediram também para o movimento não utilizar bandeiras de partidos políticos.
Durante toda a tarde, a página oficial do grupo no Facebook também divulgou vídeos e matérias sobre o ato que gerou confrontos entre manifestantes e policiais. Mais de 5 mil pessoas confirmaram a participação no encontro de hoje. Ao longo do dia, muitas pessoas se interessaram em acompanhar a manifestação. Mas, perto do início, recados com medo foram publicados na página.
Antes da manifestação
O clima perto da Estação Faria Lima do Metrô, na linha Amarela, às 16h40, era de horário de pico. Muitas pessoas assustadas com o que poderia ocorrer na região decidiram deixar o trabalho mais cedo e embarcar antes do horário previsto para a manifestação.
Antes da passeata, não faltaram também protestos contra o jornalista Rodrigo Bocardi, que apresenta o Bom Dia São Paulo, e comentou ao vivo que “Alguns deles não têm 3,20 reais ou 20 centavos a mais para pagar a passagem de ônibus, mas têm 3 mil reais para pagar a fiança”.