Os acertos e os erros de Doria em nove meses de gestão
Prefeito obtém avanços em áreas como a saúde, mas sua aprovação cai por falhas na zeladoria e pelas viagens na tentativa de disputar a Presidência
João Doria Jr. vestiu a roupa de gari e entrou em ação às 5h30 do dia 2 de janeiro varrendo um trecho da Praça 14 Bis, na Bela Vista. Publicou a imagem uma hora e meia depois em sua página no Facebook, que reúne atualmente 2,8 milhões de fãs, e ganhou 56 000 curtidas.
Inaugurou, assim, uma administração em ritmo de reality show nas redes sociais. Qualquer visita ou evento importante merece um vídeo. Na média de até dez postagens diárias, há espaço também para cenas domésticas, como a hora do café da manhã. Por esses mesmos canais, já chamou de “petistas” os carnavalescos que o vaiaram em Pinheiros e de “improdutivo” e “fracassado” o colega do PSDB Alberto Goldman, que o acusou de gerir a cidade por meio de WhatsApp.
Nos últimos tempos, vem abordando temas que não têm nenhuma ligação com a vida de São Paulo, o que coincide com sua movimentação para tentar viabilizar-se como candidato à Presidência em 2018.
Enquanto os likes continuam bombando na internet, as pesquisas revelam que a arrancada do prefeito pode estar em desaceleração. A mais recente, divulgada há duas semanas pelo Datafolha, mostra que o índice de aprovação caiu de 41% para 32% em relação ao levantamento anterior, de junho.
Sua taxa de reprovação, no mesmo período, passou de 22% para 26%, e cresceu de 34% para 40% a fatia dos que consideram seu governo regular. Logo após a publicação dos números, Doria os justificou como sendo “herança do PT”. “Estamos há nove meses sem dinheiro”, disse. Para tentar reverter o quadro, anunciou que daria superpoderes a alguns prefeitos regionais na tentativa de melhorar a zeladoria na capital — área em que mais prometeu e menos entregou.
Na semana passada, envolveu-se numa polêmica ao divulgar que o município apoiaria um projeto para dar a famílias pobres a farinata, um composto feito à base de alimentos cuja data de validade está próxima. “É um produto abençoado”, afirmou ele, declarando que começaria neste mês a distribuição gradual do artigo por aqui a entidades assistenciais.
A iniciativa recebeu críticas do Conselho Regional de Nutrição e de especialistas dessa área, que a classificaram como um retrocesso de quinze anos no combate à fome. O prefeito atribui isso à “desinformação ou maldade política”. De acordo com ele, a farinata é elaborada por um conjunto de pesquisadores, tem o apoio da Igreja Católica e não apresenta riscos à saúde.
“Pode ser utilizada como complemento alimentar, ou como alimento quando em situações de extrema necessidade. Trata-se de um projeto vitorioso que será posto em prática.” Na quarta (18), em coletiva ao lado do arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer, anunciou que o produto seria distribuído na merenda escolar até o fim de outubro, mas mudou de ideia no dia seguinte após mal-estar com a Secretaria Municipal de Educação, que não havia sido consultada antes do anúncio do prefeito.
O tucano vem recebendo críticas também pelas constantes viagens. Isso virou até piada. Segundo uma que circulou nos últimos dias, o ex-beatle Paul McCartney aparece mais na cidade do que Doria. Foram mais de sessenta dias longe da capital, um a cada quatro, em média.
Em meados de setembro, o Ministério Público instaurou uma investigação sobre o caso com base em uma representação feita pelo PT. Em resposta, o prefeito enviou documentos nos quais afirma que os deslocamentos ocorreram para promover a capital e buscar investimentos, com economia das diárias a que teria direito como chefe do Executivo (ele diz ter bancado essa parte do próprio bolso).
Mandou, ainda, um quadro em que detalha todas as suas horas trabalhadas, inclusive as extras. Segundo a planilha, de janeiro a agosto, ele completou 2 943 horas na labuta, ou 1 183 a mais que a jornada prevista na CLT (220 horas/mês).
A largada de seus primeiros nove meses de governo mostra resultados desiguais. Um dos destaques positivos foi o Corujão da Saúde, que praticamente zerou as filas de espera por exames na rede pública municipal, problema crônico que se arrastava fazia pelo menos três anos.
Seis carretas percorrem atualmente bairros da periferia oferecendo atendimento médico, exames e cirurgias de baixa e média complexidade. Com a ajuda de doações de laboratórios farmacêuticos, a distribuição gratuita de remédios se normalizou.
Para as salas de aula, convocou 9 000 professores concursados nos primeiros meses de 2017 para educação infantil e fundamental, mais que o dobro da média anual de seu antecessor, o petista Fernando Haddad. Colecionou também avanços no programa de desburocratização. A demora na abertura de uma empresa na capital passou a ser de até dez dias em 80% dos casos, contra três meses no passado.
Outra de suas bandeiras, o programa de desestatização anda em bom ritmo. A Câmara aprovou projetos para transferir à iniciativa privada a gestão de patrimônios como o Estádio do Pacaembu, o Mercado Municipal e 108 parques. Doria obteve ainda um número recorde de doações à metrópole: 660 milhões de reais de mais de 320 empresas, a maior parte em forma de produtos, como dez picapes da Mitsubishi para a CET.
A parceria mais polêmica envolveu a Demax. Nove meses depois de ter cedido 16 700 reais ao Cidade Linda, ela firmou um contrato de 880 000 reais para realizar serviços no Ibirapuera. No caso do parque, segundo a prefeitura, uma licitação foi interrompida por problemas legais e era necessário contratar alguém emergencialmente para o trabalho. Após uma tomada de preços entre cinco companhias, ganhou justamente a Demax, em uma daquelas grandes coincidências da vida.
Doria herdou de Haddad um sistema de ônibus sem licitações, que operava por meio de contratos emergenciais. Não conseguiu pôr ordem na questão nem avançar 1 centímetro sequer nos 72 quilômetros de corredores de ônibus prometidos na campanha. São Paulo gasta cada vez mais nesse setor. No governo anterior, a despesa com subsídios de passagens saltou de 900 milhões para 2,5 bilhões de reais por ano. O tucano aumentou a conta para 3 bilhões.
Para quem vendeu aos eleitores a ideia de que poderia administrar a capital com eficiência, nada mais embaraçoso que a situação dos semáforos. Durante meses, os paulistanos conviveram com apagões ainda mais frequentes nos cruzamentos. Os contratos de manutenção venceram em janeiro, e o problema só foi solucionado no começo de outubro. Uma suspensão imposta pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) e uma contestação judicial atrasaram o negócio.
O prefeito assumiu o posto prometendo zerar a fila de 103 000 crianças nas creches. O número encontra-se agora em 104 000.
Na Cracolândia, apesar da operação conjunta com a Secretaria de Segurança Pública em maio, que acabou com o “feirão das drogas”, ainda há muito a fazer. Os usuários concentram-se atualmente em frente à Estação Júlio Prestes. Três estruturas de contêineres foram construídas na região a partir de junho para oferecer acolhida, banhos, refeições e encaminhamentos aos serviços de saúde e trabalho. Em média, foram feitos 54 000 atendimentos por mês em cada uma delas.
No fim de setembro, porém, um dos contêineres fechou e boa parte dos 140 usuários recebidos ali voltou para a rua. A reabertura estava prevista para sexta (20) em um terreno na Rua Helvétia. O Caps Redenção, que funcionava com uma equipe multidisciplinar, com dois psiquiatras de plantão durante 24 horas, também foi desativado desde 29 de setembro e deverá voltar a operar em um imóvel na região na segunda (23).
A prefeitura diz que os locais tiveram de ser fechados para ceder lugar a construções da Secretaria Estadual de Habitação. A assistência clínica aos dependentes químicos tem sido o maior desafio. Do total de 1 974 internações, apenas 20% conseguiram finalizar a primeira fase do tratamento de desintoxicação.
Algumas das obras anunciadas com estardalhaço também apresentam falhas. A Avenida 23 de Maio, por exemplo, perdeu 300 grafites e ganhou um corredor verde em agosto, mas as ruas em seu entorno estão lotadas de sujeira. Um relatório do TCM apontou uma queda de 16% na execução da manutenção em vias públicas, como serviços de tapa-buraco, nas 32 prefeituras regionais, entre janeiro e junho, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Uma reportagem de O Estado de S. Paulo mostrou que oito de nove serviços, como reparos de calçadas e varrição, tiveram queda de até 56% entre janeiro e agosto, em comparação com 2016, o que levou o jornal a publicar o editorial “Cidade Linda só no nome”. Para sanar o problema, a prefeitura informou ter providenciado suplementação orçamentária de 100 milhões de reais para o setor.
“Nós ficamos durante seis meses imobilizados por circunstância da não efetivação da concorrência pública, que deveria ter sido feita no fim da gestão que me antecedeu, e das dificuldades impostas pelo TCM”, justifica Doria. “Sete meses depois, iniciamos o programa tapa-buracos. Temos coberto, em média, 1 200 pontos por dia. Vamos zerar tudo até janeiro de 2018.”
Ao sair da prefeitura, Haddad disse ter deixado 5,5 bilhões de reais em caixa, dos quais 3 bilhões seriam de saldo líquido. Doria afirma que a maior parte do montante já estava comprometida com despesas de curto prazo e que, ao término da primeira semana de janeiro, sobravam apenas 386 milhões de reais nos cofres municipais.
Os dados do TCM apontam para um número ainda menor: 231 milhões de reais. É menos da metade do valor que Haddad herdou da gestão de Gilberto Kassab: 495 milhões de reais. Com o objetivo de evitar um colapso, Doria renegociou contratos de serviços e congelou o orçamento de todas as pastas em 25%, entre outras medidas.
Na avaliação do tucano, os primeiros meses de gestão mostraram-se bastante positivos, a despeito da falta de dinheiro. “Tivemos um ótimo desempenho em várias áreas, como saúde, zeladoria, educação e esporte”, defende.
Entre as ações positivas, ele destaca a criação de seis centros temporários de acolhimento para os moradores de rua e a geração de mais de 1 400 empregos para essa população, a implantação do projeto de oito museus de arte de rua e a Lei Cidade Linda, que inibiu fortemente as pichações urbanas.
O prefeito terá pela frente o desafio de recuperar terreno em setores que estão mais atrasados e concretizar planos que dependem ainda de passos cruciais, como o projeto de desestatização.
O tucano dorme quatro horas por dia e às 6 horas já está de pé. Sempre compra peças de roupa idênticas para poder trocar-se sem que as pessoas percebam, quando tem algum evento à noite e não dispõe de tempo para passar em casa. Usa um gravador de fitas pequeno para deixar recados aos seus secretários e participa de mais de 200 grupos de WhatsApp.
No recente incêndio que destruiu boa parte do Mercado de Santo Amaro, não se contentou com a previsão de sua equipe de erguer um galpão provisório em sete dias. “Quero em cinco”, ordenou. E assim foi feito. Sua principal queixa se refere à burocracia. “Até para espirrar precisa de um processo”, ironiza.
Com um patrimônio declarado nas eleições de 180 milhões de reais, o prefeito vem doando seu salário, de 18 000 reais, a ONGs e bancando com recursos próprios um motorista e duas secretárias “importadas” do Lide, o grupo de eventos que criou e que hoje é tocado por Luiz Fernando Furlan.
Além disso, arca com os serviços da equipe da Social QI, do estrategista digital Daniel Braga, responsável por suas redes sociais. “Só não estou na internet quando estou dormindo”, afirma Doria.
Não é bem assim. Ele inaugurou uma capela ecumênica em sua mansão de Campos do Jordão em junho.
Chamou para o evento, sob a condição de que nada seria publicado, o padre Marcelo Rossi e o pastor Samuel Ferreira, líder da Assembleia de Deus e investigado pela Lava-Jato por supostamente receber propina da JBS. “Não postei nada no Facebook porque era uma cerimônia íntima”, minimiza Doria. Havia pelo menos trinta pessoas no local.
Em geral, as gravações para as redes sociais acompanham boa parte da agenda pública, entre as 7 da manhã e as 23h30. Munidas de celulares iPhone 7 Plus, duas profissionais revezam-se para acompanhar o dia a dia do tucano. “Mesmo quando chega em casa, ele pede coisas no Facebook até as 2 da manhã”, comenta Braga.
Como passa mais tempo em seu gabinete que em sua residência, no Jardim Europa, Doria personalizou alguns ambientes do local, com doações de empresas. Banheiros do 5º e 7º andares foram reformados, com a troca do mármore. Duas salas de reunião receberam quadros de Romero Britto.
O prefeito bebe quinze xícaras de café por dia — sempre com um adoçante trazido dos Estados Unidos. Em cima do aparador de seu gabinete repousa uma valise Louis Vuitton modelo Président Classeur. Uma peça idêntica custa 21 800 reais na loja do Shopping Cidade Jardim.
A bolsa de monograma da grife francesa é carregada por seu segurança — o prefeito a leva para casa e a traz todos os dias. Dentro dela, há pastas, vitaminas e pó compacto da M.A.C, que Doria passa para tirar o brilho no rosto antes das gravações de entrevista.
Para o seu plano político seguir adiante, falta ainda combinar com os eleitores e com o seu padrinho e hoje rival na disputa dentro do PSDB, o governador Geraldo Alckmin. De acordo com as pesquisas recentes, eles aparecem com um número parecido de intenções de voto, abaixo de 10%.“Doria acorda e dorme pensando na Presidência”, diz um dos membros do seu primeiro escalão.
O prefeito desconversa. “Fico feliz com a manifestação dos habitantes de São Paulo. É uma boa prova de carinho e atenção, e de responsabilidade da população com o prefeito e do prefeito com a população”, afirma. “Fui eleito para quatro anos de mandato.” Caso cumpra mesmo essa disposição, terá muito trabalho ainda pela frente para se provar um bom administrador de uma cidade que já foi classificada como cemitério de políticos, tamanha sua complexidade e número de problemas.
O QUE ACELEROU
Abertura de empresas
Antes, eram necessários cinco comparecimentos presenciais a órgãos estaduais e federais. Agora, dá para fazer tudo on-line. Em agosto, 80% das empresas eram abertas em até dez dias. No passado, o processo demorava, no mínimo, três meses.
Contratação de professores
Desde fevereiro, foram chamados 9 000 professores concursados para as escolas municipais, dos quais pelo menos 7 000 já assumiram o posto. Nas gestões anteriores, o número de docentes convocados por ano não passou de 4 000. O piso salarial dos profissionais subiu 3,7% no período, e o vale-alimentação aumentou 7,4%.
Corujão da Saúde
No fim de 2016, havia 485 300 pacientes aguardando por exames, com um tempo de espera de mais de seis meses. Graças a convênios com hospitais privados e um investimento de 7 milhões de reais dos cofres públicos, a situação melhorou muito. Hoje, existem cerca de 80 000 pessoas na fila. Procedimentos mais urgentes são realizados em um mês; os demais em sessenta dias, em média. O sucesso do programa levou à criação do Corujão da Cirurgia, voltado para agilizar o agendamento de operações.
Distribuição de medicamentos
Com o programa Remédio Rápido, o município conseguiu aumentar a distribuição de medicamentos gratuitos à população. Em fevereiro, dos 187 artigos da lista de drogas mais importantes, 82 estavam indisponíveis. Atualmente, nada está em falta. A melhoria no abastecimento se deu, em grande parte, graças à doação feita por laboratórios farmacêuticos.
Doações
A gestão Doria conseguiu cerca de 660 milhões de reais de mais de 320 empresas. Uma das ofertas, entretanto, rendeu polêmica: a da Demax Serviços e Comércio Ltda., que doou 16 700 reais ao programa Cidade Linda em janeiro. Quase dez meses depois, a companhia acabou contratada em caráter emergencial e sem licitação para fazer trabalhos no Parque Ibirapuera. A prefeitura diz que se trata de uma coincidência e que a escolha foi técnica, baseada no menor preço oferecido entre cinco cotações para o serviço.
Doutor Saúde
Lançado em março, conta com seis carretas para atendimento médico, exames e cirurgias de baixa e média complexidade na periferia. Desde o início do programa, foram atendidas 14 000 pessoas. O negócio é fruto de um acordo com empresas e hospitais particulares. São os parceiros que bancam as instalações. A prefeitura fica responsável pelos gastos dos procedimentos. Até dezembro, outras quatro carretas devem entrar em operação.
Privatizações e concessões
Em nove meses, a prefeitura conseguiu avançar em votações na Câmara nos processos de bens como o Estádio do Pacaembu, 27 terminais de ônibus, dois planetários, 108 parques, o Mercadão e o complexo do Anhembi. O objetivo é concluir boa parte desses processos em 2018. No fim da gestão, Doria calcula que seu programa de desestatização vai gerar 5 bilhões de reais.
Vagas na pré-escola
A Secretaria Municipal de Educação zerou a fila da pré-escola (4 e 5 anos) no primeiro semestre com a reorganização de espaços e a criação de mais salas. O número de matriculados subiu de 215 000 para 224 000.
Trabalho Novo
O programa empregou, em parceria com a ONG Rede Cidadã, 1 400 moradores de rua em empresas como McDonald’s e Riachuelo, com taxa de 90% de retenção. O objetivo é criar outras 20 000 vagas até 2020.
O QUE AINDA TEM PROBLEMAS
Camelôs
A prefeitura conseguiu readequar 66 barracas na Rua 25 de Março, mas na Avenida Paulista a situação piorou. São permitidos apenas cinquenta camelôs na via. A reportagem de VEJA SÃO PAULO contabilizou 104 no local no fim de agosto. A administração municipal também tentou retirar os ambulantes das marginais, em vão.
Contratação de médicos
A prefeitura promete chamar 647 profissionais da saúde já aprovados em concurso, mas ainda não há data para isso acontecer.
Cracolândia
Segundo a gestão municipal, o número de usuários no fluxo diminuiu de 1 800 para 500. À noite, porém, chega a 1 000 pessoas. Um serviço de atendimento está suspenso e as internações têm baixa adesão.
Creches
Doria garantiu que iria zerar o déficit de 103 000 crianças fora das creches em um ano. No entanto, o número já chega a 104 000.
Pavimentação de ruas e calçadas
O número de reclamações sobre buracos nas ruas explodiu nesta gestão. Foram 89 000 no primeiro trimestre deste ano, contra 59 000 no mesmo período do ano passado. A prefeitura alega já ter consertado 7 500 metros quadrados de calçadas em toda a cidade nos últimos meses.
Semáforos
Os contratos de manutenção estavam suspensos desde janeiro. O caso só foi resolvido no início de outubro. A prefeitura promete trocar o sistema antiquado por um mais moderno e inteligente em 2018.
Zeladoria
Oito de nove serviços, como varrição de ruas e reparos de calçadas, tiveram queda de até 56%, segundo dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação.
O QUE AINDA NÃO SAIU DO LUGAR
Ciclovias
Doria prometeu apagar as ciclovias e ciclofaixas que não estão integradas ao restante da rede. Até o momento, nada fez a respeito. Ele também não construiu nenhuma rota nova até agora.
Corredores de ônibus
A intenção era implementar mais 72 quilômetros nos próximos anos, mas ainda não há nenhuma definição de projeto ou prazo para a realização das obras.
Melhoria das UBS
O prefeito previa reformas nas 453 Unidades Básicas de Saúde (UBS). Isso depende da liberação do financiamento de 100 milhões de reais por parte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o que deve ocorrer só no primeiro semestre de 2018.
Novos CEUs
Uma das promessas de campanha era terminar as obras de oito Centros Educacionais Unificados (CEUs) iniciadas na gestão passada — hoje são 46. O plano não tem previsão para sair do papel. Motivo: não há dinheiro em caixa.
Ônibus
O sistema continua sem licitação, operando por meio de contratos emergenciais. Os gastos com subsídios aumentaram no período Doria de 2,5 bilhões para 3 bilhões de reais por ano.
Poupatempo municipal
A prefeitura garante que o lançamento acontecerá no início de 2018. O programa, que vai se chamar Descomplica SP, deve
concentrar mais de 400 serviços municipais, como assistência social, transporte e empreendedorismo (abertura de empresas).
PPP da iluminação
Herdada da administração Haddad, a licitação para conceder a iluminação pública à iniciativa privada está parada na Justiça e corre o risco de ser abandonada para que um novo processo comece do zero.
A ENCRENCA DAS MARGINAIS
No início de junho, a prefeitura divulgou dados da CET referentes às marginais Pinheiros e Tietê. O total de acidentes com vítimas havia caído 17% nos quatro primeiros meses do ano. Isso seria uma prova de que as mudanças de velocidade implementadas por Doria não tornaram essas vias mais perigosas. Registros da Polícia Militar sobre o mesmo período mostraram um cenário oposto. Segundo a PM, a quantidade de ocorrências tinha aumentado 48%.
Há uma diferença metodológica que explica informações tão díspares. A CET leva em conta apenas ocorrências com boletins feitos nas delegacias. A PM, por sua vez, considera todos os chamados, inclusive os que não vão parar nas DPs. A partir de 2015, o registro nas delegacias passou a ser obrigatório somente em casos gravíssimos ou quando há óbito. “O trabalho da PM é mais abrangente e eficiente”, acredita Sergio Ejzenberg, engenheiro de transportes.
Um levantamento realizado por VEJA SÃO PAULO utilizando documentos obtidos com a PM via Lei de Acesso à Informação fez com que a estatística da corporação fosse atualizada. Ele mostra que foram registrados de janeiro a setembro deste ano 1 212 acidentes nas marginais, 36% mais que no mesmo período de 2016. O número de mortos também subiu, de dezesseis para 26, a maioria na Marginal Tietê. Quase 80% das vítimas são motociclistas.
Os bairros campeões de incidentes foram Morumbi (6%), Jaguaré (5%), Bom Retiro (4%) e Pinheiros (4%). “O aumento da velocidade nessas vias certamente contribui para essas estatísticas”, acredita Horácio Figueira, consultor em segurança no trânsito. “Colisões que poderiam ser mais leves viram problemas grandes quando os veículos estão em velocidade maior.”
A prefeitura afirma confiar na metodologia da CET e não pretende rever sua política. Na última terça, 17, a companhia divulgou novos números: entre janeiro e agosto, houve redução de 15% nas ocorrências.