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Ibama notifica marina de Ubatuba para explicar incentivo à caça de tubarão

Iate clube da cidade ofereceu recompensa para integrantes que capturassem animal que atacou banhistas

Por Clayton Freitas
Atualizado em 2 dez 2021, 16h04 - Publicado em 2 dez 2021, 15h52
Agentes do Ibama fiscalizam sede do Tamoios Iate Clube após denúncia de fomento remunerado à pesca
Agentes do Ibama fiscalizam sede do Tamoios Iate Clube após denúncia de fomento remunerado à pesca  (Ibama/Divulgação/Veja SP)
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Fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) deram sete dias para que o responsável pelo Tamoios Iate Clube, em Ubatuba, no litoral norte paulista, esclareça o motivo pelo qual decidiu oferecer recompensa para a caça de tubarões.

A fiscalização foi feita na última terça-feira (30), após a repercussão de uma mensagem atribuída aos dirigentes da marina. No texto compartilhado por ambientalistas, o Tamoios Iate Clube oferece R$ 20,00 por centímetro de comprimento do animal que causou os recentes ataques na cidade.

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“A confirmação será concedida, em caso de cação cujo porte justifique a possibilidade de ter sido o autor dos ferimentos aos banhistas, pela não ocorrência de outros ataques no prazo de sessenta dias”, diz o texto.

A decisão de instituir o prêmio se deu, conforme a mensagem, devido aos possíveis danos ao turismo no município. “Como consequência do grande destaque dado pela mídia a ataques a banhistas ocorridos nos últimos quinze dias”, informa trecho da mensagem.

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Foram dois ataques, ambos na primeira quinzena de novembro. O primeiro foi no dia 3, na praia do Lamberto. Um turista francês de 59 anos sofreu cortes na perna enquanto nadava. O outro ocorreu no dia 14 de novembro, quando uma mulher de 79 anos foi atacada durante um banho de mar na Praia Grande.

A caça a determinadas espécies de tubarão configura crime ambiental, sujeito a prisão e multa.

O Ceau (Coletivo de Entidades Ambientalistas de Ubatuba) emitiu uma nota de repúdio contra a medida. Assinada por quase 50 entidades, eles alertam sobre os possíveis efeitos causados à vida marinha.

“A biodiversidade marinha e o grupo dos elasmobrânquios, que inclui os tubarões, já se encontra sob forte impacto negativo por consequência das ações poluidoras e degradadoras de origem humana no ambiente costeiro e marinho”, informa o texto.

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Repercussão

Logo após o anúncio dos ataques,  no dia 23 de novembro, a prefeita de Ubatuba, Flávia Pascoal (PL), chegou a publicar um vídeo em suas redes sociais dizendo não se tratar de tubarão, apenas pelo fato do animal não ter sido visto.

A contestação da prefeita não levou em consideração a análise realizada pelo professor Otto Bismarck Gadig, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), por meio de um laudo emitido a pedido do Instituto Argonautas. Um dos maiores especialistas em tubarões no país, Otto prepara uma análise onde será possível dizer até qual espécie de tubarão foi responsável pelos ataques.

Sete dias após o vídeo da prefeita, na última terça-feira, dia 30 de novembro, a Prefeitura de Ubatuba emitiu uma nota dizendo repudiar veementemente a “suposta” iniciativa de caça aos tubarões e que combateria essa iniciativa. Foi criado um grupo, composto por integrantes dos governos municipal, estadual e especialista em tubarões, para monitorar as águas da região e evitar a caça ilegal da espécie.

Procurada, a marina não respondeu aos pedidos de informações. Assim que responder, sua versão dos fatos será acrescida a este texto.

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