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A trajetória de Helio Bork, dos móveis populares às peças exclusivas

Filho do dono da Fábrica de Móveis Brasil, ele sofisticou o ramo em lojas com artigos de grandes designers estrangeiros

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 16h00 - Publicado em 27 jul 2018, 06h00

Paulistano nascido na Pro Matre, em 1960, e criado no bairro do Paraíso, Helio Bork começou três faculdades (engenharia, administração e veterinária) e não concluiu nenhuma. Se o pai o empurrava “para o mundo”, o avô, um imigrante judeu polonês, insistia que ele trabalhasse na sua Fábrica de Móveis Brasil, então famosa rede popular e concorrente das Casas Bahia. Em 1980, o jovem Helio decidiu encarar os negócios da família e abraçou o setor comercial de compra e venda. Dezesseis anos depois, deu uma guinada na carreira ao abrir, no Shopping D&D, a primeira loja Montenapoleone, dedicada a móveis de designers estrangeiros e importados da Itália.

Para a geração das décadas de 60 e 70, a Fábrica de Móveis Brasil, que encerrou as atividades em 2003, foi um marco. Além das Casas Bahia, ela disputava clientes com outros magazines, como Arapuã, Mesbla, Casa Centro e G. Aronson. Tinha uma matriz e doze filiais distribuídas pela capital — da Lapa ao Tatuapé, de Pinheiros à Penha.

O sucesso nas vendas de sofás e armários baratos era tão grande que a empresa chegou a patrocinar e produzir um programa do apresentador Chacrinha, na Rede Record, em meados dos anos 70. Quarentões e cinquentões também devem lembrar-se do Brasilino, a mascote, criada em 1968. Para ganhar o boneco de plástico, bastava comprar um produto — e a coqueluche do Brasilino se espalhou entre a criançada. “Tenho muito carinho por ele. Dizem até que foi inspirado em mim”, diz Bork. Raridade de colecionador, o Brasilino é encontrado à venda no site Mercado Livre por até 1 000 reais.

Brasilino: a mascote da Fábrica de Móveis Brasil, criada em 1968 (Divulgação/Veja SP)

O avô de Helio, Moises, morreu em 1983, e seu pai, Jayme, também proprietário da empresa, começou a mostrar sinais de desânimo. A hiperinflação e o Plano Cruzado, no governo de José Sarney, encolheram as vendas, e a Fábrica de Móveis Brasil entrou numa crise profunda. Helio precisava de um plano B. Foi então que, em 1987, visitou com sua esposa, Sandra, pela primeira vez, o Salão do Móvel de Milão. “Conheci o lado romântico da criação e o alto nível da movelaria e a qualidade da mão de obra italiana”, relembra. “Na volta ao Brasil, quase nem conseguia olhar para os móveis populares.”

Com a abertura às importações, em 1990, já no governo Collor, Bork começou a trazer algumas peças para ser comercializadas na Henri Matarasso, que havia sido adquirida pelo grupo e tinha um estilo mais, digamos, chique e elitizado.

O nome Montenapoleone foi tirado da rua das grifes de moda de Milão e aqui virou sinônimo de duas sofisticadas lojas de móveis que Bork abriu na Avenida Europa e na Alameda Gabriel Monteiro da Silva — ele ainda é dono da Kartell, que vende o mobiliário mais pop da fabricante italiana homônima.

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Com a recessão econômica dos últimos quatro anos, Bork viu sua clientela retrair-se e o faturamento enxugar 40%. Mesmo assim, suas lojas ainda atraem estrelas como as atrizes Deborah Secco e Adriane Galisteu, além de decoradores dos hotéis Palácio Tangará, Emiliano e Fasano, da joalheria H. Stern e do banco Itaú. “Hoje, as três lojas não vendem o mesmo que a unidade do D&D, fechada em 2002, em seu auge”, revela.

Basta uma espiada em um de seus comércios para perceber a qualidade da confecção, a beleza e o conforto de cadeiras, poltronas, sofás e mesas de marcas como Poltrona Frau e Cassina e de designers como a espanhola Patricia Urquiola. Os preços não dissimulam o fino acabamento. Uma cadeira de madeira na Montenapoleone não sai por menos de 2 800 reais e uma mesa de jantar com tampo de mármore ucraniano pode chegar a 78 000 reais.

Há, contudo, uma boa razão para o alto custo. Bork justifica-se com a alta do euro e com o fato de 90% de seus móveis serem exclusivos, inclusive os brasileiros. “As cifras elevadas não fazem o produto parecer caro, e sim valioso”, conclui.

Na ponta do lápis

Peças valiosas comercializadas na Montenapoleone

Banco Claire > Com design da Sette7, da arquiteta Vivian Coser Sette Ferraço, a peça produzida pela Montenapoleone é revestida de pele de pirarucu. Preço: 8 800 reais.

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(Divulgação/Veja SP)

Cadeira Flow > Assinada pelo designer francês Jean-Marie Massaud, é um divisor de águas quanto a conforto e ergonomia. Preço: 3 100 a 8 900 reais, dependendo do modelo e do revestimento.

(Divulgação/Veja SP)

Mesa Shimmer > Criação e tecnologia em peça de cristal furta-cor da badalada designer espanhola Patricia Urquiola. Preço: 18 000 reais.

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