Governo de São Paulo estuda paralisação do campeonato paulista
Medida pode ser anunciada na quarta-feira por conta do avanço da pandemia no estado; federação e clubes paulistas são contrários à medida
O governo do estado estuda a paralisação do campeonato paulista de futebol. A decisão deve ser anunciada nesta quarta-feira, como consequência do agravamento da pandemia. Todo o estado regrediu para a fase vermelha desde sábado (6) e a ocupação atual de leitos de UTI está com mais de 80%. Até o momento, o campeonato paulista teve disputadas as três rodadas iniciais, de um total de 12, da primeira fase.
A possibilidade de paralisação passa a ser mais discutida depois de o procurador-geral de Justiça, Mario Luiz Sarrubbo, ter sugerido a suspensão de atividades esportivas e religiosas enquanto durasse a fase vermelha – a mais restritiva do Plano São Paulo de combate à pandemia do novo coronavírus. Estão liberadas apenas as atividades consideradas essenciais.
Entretanto, há uma resistência à ideia por parte dos clubes participantes do Paulistão e da própria Federação Paulista de Futebol (FPF). Em nota, a entidade que comanda o futebol em São Paulo defende a continuidade do torneio: citou “critérios científicos” ao manifestar sua “contrariedade à recomendação”.
Nesta quarta-feira, às 10h, antes da entrevista coletiva em que o governador Doria pode anunciar a paralisação do campeonato, a FPF terá uma reunião com o Ministério Público Estadual – e articula para que o governo paulista também esteja presente – como última tentativa de manter a competição em andamento.
Pandemia em São Paulo
Após regredir todas as regiões do estado para a fase vermelha, o governo estuda uma fase ainda mais restritiva de restrições de circulação – uma possível ‘fase roxa’.
Até o momento, a pandemia no estado de São Paulo registra 62 mil mortes por Covid-19 e mais de 2 milhões de casos. A taxa de ocupação de UTI supera os 80% no estado.
Nota oficial da Federação Paulista
Veja a íntegra da nota oficial da FPF:
“A Federação Paulista de Futebol, por meio de seu Comitê Médico, presidido pelo Prof. Dr. Moisés Cohen, vem a público manifestar contrariedade à recomendação do Procurador-Geral, Sr. Mario Sarrubo, à paralisação dos jogos de futebol no Estado de São Paulo.
Elencamos, abaixo, critérios científicos que embasam a continuidade do futebol:
1 – O futebol retomou suas atividades seguindo um rigoroso protocolo de saúde, elaborado pelos médicos de todos os clubes e pelo Comitê Médico da FPF. O documento, que vem sendo seguido à risca durante todo este período, foi aprovado pelo Centro de Contingência do Coronavírus do Governo do Estado, órgão composto pelas maiores referências médicas no combate à Covid-19. O protocolo foi, inclusive, aprovado pelo Ministério Público de São Paulo e pelo Ministério Público do Trabalho, representados em audiência de mediação pré-judicial para o retorno do futebol, em junho. Elogiado por todos os especialistas, o documento veta acesso do público aos estádios, estabelece testes recorrentes aos profissionais dos clubes e limita a quantidade de pessoas envolvidas na organização, fazendo das partidas locais seguros;
2 – A recomendação vai na contramão do combate à Covid-19 no mundo, como em países que realizaram rigorosos lockdowns em meio à segunda onda e mantiveram o futebol profissional em atividade. Nações como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, mesmo com medidas extremamente restritivas à população, seguiram com suas ligas em atividade, sob o correto conceito técnico de que os jogos de futebol não são, sob nenhuma hipótese, locais que sugerem qualquer tipo de contaminação. E, além disso, o futebol é um importante entretenimento à população neste trágico momento que vivemos;
3- O futebol paulista, por meio da Federação Paulista de Futebol e dos clubes, tem sido um meio fundamental para a educação e conscientização da população sobre o combate à Covid-19. Lançamos antes do início do Campeonato Paulista a primeira campanha de enfrentamento à Covid-19 do futebol no Brasil: o Vacina FC. Trata-se de um movimento da FPF e de todos os clubes que incentiva a população a se vacinar, orienta e combate a desinformação, além de propagar informações sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar o contágio;
Por fim, a Federação Paulista de Futebol reitera que não há qualquer argumento científico que sustente a tese de que o futebol profissional gere aumento no número de casos. Pelo contrário, o futebol possui um protocolo extremamente rigoroso, com acompanhamento médico diário e testagem em massa de seus profissionais. Uma eventual paralisação seria ainda mais prejudicial ao combate à Covid-19, pois deixaria expostos milhares de atletas, que não mais passariam a ter o controle médico diário e de testagem que o futebol oferece. A FPF acredita que o Governo do Estado de São Paulo continuará seguindo a ciência e manterá o futebol profissional em atividade, seguindo o protocolo de saúde por ele aprovado.”
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