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Escolas aceitam ranking do MEC e copiam fórmulas de sucesso

Depois de muito reclamar, colégios acabam cedendo aos melhores colocados ENEN

Por Camila Antunes e Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h27

Já faz uma década que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é aplicado aos alunos do 3º ano pelo Ministério da Educação. Em um primeiro momento, a prova engenhosa, cujas questões mesclam temas de várias disciplinas, não fazia muito sentido para os estudantes preocupados em se preparar para o vestibular. Ganhou importância, no entanto, à medida que as faculdades passaram a integrar a nota a seus processos seletivos. E agora chegou ao ponto em que pode substituí-los – ao menos nas universidades federais. Na cidade, 1 012 escolas públicas e privadas que oferecem ensino médio participaram da última avaliação. Os resultados trouxeram surpresas e mostram que se deram bem os colégios que deixaram de lado o blá-blá-blá contra a criação de rankings e copiaram as boas práticas dos mais bem colocados.

No grupo dos dez mais, pouca coisa mudou em relação a 2007. Em primeiro lugar deu Vértice, do Campo Belo, pela quarta vez consecutiva. Nesse colégio tetracampeão as classes têm no máximo trinta alunos, distribuídos em três fileiras de carteiras para evitar a “turma do fundão” – formada pelos que nem sempre prestam muita atenção às aulas. A proposta é muito semelhante à do Stockler, que ficou com a oitava posição e é a única novidade na lista dos dez primeiros. Nascido como cursinho, tem uma unidade no Brooklin e outra no Jardim Paulista, com apenas o ensino médio. “Os alunos chegam com bagagens diferentes, e nós temos de fazer com que saiam com a mesma chance de sucesso”, diz o professor Agostinho Marques Filho.

A maior parte das escolas que se saem bem no Enem seleciona os alunos por vestibulinho. É o caso do Bandeirantes, do Santa Cruz, do Móbile, do Mendel e do Palmares. Nas públicas e tecnológicas, como a Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, conhecido como Cefet, a concorrência chega a trinta candidatos por vaga. “Quem entra aqui vibra como se tivesse ingressado na USP”, conta Cacilda da Conceição Costa, gerente de recursos didáticos do Cefet. “Se não tivéssemos prova de seleção, perderíamos tempo e recursos dando aulas de reforço.” Mas o vestibulinho por si só não é garantia de êxito. “Fico orgulhosa de ter alcançado um resultado tão expressivo com uma turma que possui tanto alunos nota 4 quanto nota 10”, afirma Myriam Tricate, diretora do Colégio Magno, no Jardim Marajoara, que galgou 97 posições na comparação com o ranking de 2007 e chegou em 17º lugar. Sua receita foi “colar” a fórmula das campeãs, instituindo oficinas de redação e simulados quinzenais. “Mesmo assim, não abrimos mão de dar quatro aulas semanais de inglês e ter ênfase nos esportes”, ressalta Myriam.

Uma das principais críticas de educadores em relação ao Enem é que ele não considera as especificidades de cada escola. “Os pais cobravam bom desempenho dos colégios, que tentavam desqualificar o ranking e valorizar seus aspectos pedagógicos e estruturais”, lembra Silvio Freire, orientador pedagógico do Santa Maria, no Jardim Marajoara. “Passada a fase da chiadeira, o jeito foi entrar na competição.” No caso do Santa Maria, que subiu 135 posições, a virada começou com palestras para explicar como funcionava o Enem e motivar os estudantes a fazer a prova inteira – muitos deixavam a redação de lado, já que ela normalmente não conta pontos no vestibular, o que interferia na nota final da escola. Aos alunos do 3º ano também foi facultada a possibilidade de frequentar um cursinho à tarde. A adesão foi de 65%.

Outras escolas que surpreenderam no ranking deste ano não fizeram mais do que o bê-á-bá. “Acrescemos uma aula por dia e inscrevemos nossos professores em um curso da USP”, conta a orientadora educacional Elsa Bahdur Laham, do Colégio Cristo Rei, da Vila Mariana. “Criamos um curso extra para preparar para o Enem”, diz Fernanda Cotarelli, assistente de direção do Instituto Divina Pastora, no Jabaquara. “Promovemos diariamente uma aula que une professores de diferentes disciplinas”, afirma Hélia Domingues, diretora da Escola do Futuro, no Jardim São Francisco. Com aulas em período integral e educação bilíngue, a Escola do Futuro se viu obrigada a rever alguns de seus conceitos por causa da má colocação no Enem 2007. “Atacamos nossos pontos fracos no currículo em português”, explica Hélia. Foi da 310ª para a 18ª colocação. Uma prova de que a competição entre as escolas é, sim, saudável ao bom desenvolvimento da educação.

Vértice

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Nota: 75,97

Onde fica: Rua Vieira de Morais, 172, Campo Belo

Alunos no ensino médio: 208

Mensalidade: 2 096 reais*

Diferenciais: na escola tetracampeã do Enem, o aluno habitua-se, desde o ensino fundamental, a estudar ao menos duas horas por dia em casa, para resolver provas semanais de todas as disciplinas. As classes têm no máximo trinta alunos, distribuídos em três fileiras de carteiras, para evitar a “turma do fundão”.

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* No 1º e 2º anos. No 3º, com aulas em período integral, o valor é de 2 564 reais

Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia (Cefet)

Nota: 73,38

Onde fica: Rua Pedro Vicente, 625, Canindé

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Alunos no ensino médio: 320

Mensalidade: grátis

Diferenciais: prestes a completar 100 anos, a única escola mantida pelo governo federal na cidade tem, em seu corpo docente, mais de 60% de mestres ou doutores. O concorrido vestibulinho (no último ano, foram trinta candidatos por vaga) ajuda a selecionar os melhores estudantes, que têm à sua disposição vinte laboratórios.

Stockler

Nota: 71,56

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Onde fica: Rua Barão do Triunfo, 648, Brooklin

Alunos no ensino médio: 234

Mensalidade: 1 828 reais

Diferenciais: além de divertirem, atividades regulares como o Cine Pipoca e o Cine Debate trazem para a sala de aula especialistas nos temas abordados pelos filmes. A escola oferece aulas extras de português e matemática e tem uma disciplina incomum: jornalismo, na qual os estudantes produzem um informativo trimestral.

Escola do Futuro

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Nota: 69,8

Onde fica: Rua Doutor Francisco Patti, 40, Vila São Francisco

Alunos no ensino médio: 43

Mensalidade: 1 800 reais

Diferenciais: colégio que subiu o maior número de posições (292) em relação ao ano anterior, aposta em turmas pequenas, período integral e uma educação bilíngue, que integra o currículo nacional e o americano. Cada aluno é acompanhado de perto por um professor-tutor, que o orienta em questões ligadas ou não à escola.

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