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Terreno no Butantã é alvo de disputa por acusação de desmatamento

Empresa vizinha ao Parque Previdência é investigada por derrubada ilegal de árvores para fazer empreendimento comercial

Por Luana Machado
12 jan 2024, 06h00
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Vista aérea da área verde desmatada no Butantã (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Inaugurado em 1979 e com uma área de 91 500 metros quadrados, o dobro do Parque Trianon, o Parque Previdência é um importante respiro verde para os moradores do Butantã, na Zona Oeste. Localizado entre a Rodovia Raposo Tavares e a Avenida Eliseu de Almeida, o espaço conta com parquinho, bosque, pista de caminhada, a Trilha do Jequitibá, além de equipamentos sociais da prefeitura. Nos últimos meses, o refúgio tem perdido a tranquilidade, não por questões internas ou de seus frequentadores, mas por um barulhento vizinho, que ocupa um terreno adjacente de 6 600 metros quadrados.

A área em questão fica nos fundos do parque e vem sendo desmatada irregularmente pela Engeterra Engenharia e Terraplanagem Ltda., dona do espaço e que cogitou construir um grande empreendimento de lazer, com pista de kart, boliche e restaurante. O barulho das motosserras, juntamente com o forte cheiro de diesel dos maquinários, chamou a atenção dos vizinhos e frequentadores do pedaço a partir de 2022. Desde então, eles se mobilizaram para barrar a empreitada e formaram o Movimento Defenda Parque Previdência, que realizou três manifestações desde então.

“O parque tem fragmentos de Mata Atlântica em estado de regeneração e abriga uma vida animal intensa. Com o barulho da obra e o desmatamento, houve um fluxo dos animais para os arredores”, conta Sergio Reze, membro da associação de moradores do entorno. O cenário, inclusive, representa um perigo para as cecílias, pequenos anfíbios encontrados recentemente por ali. Trata-se de uma espécie que vive enterrada no solo e é muito sensível às mudanças na temperatura, umidade e movimento de terra.

Tão logo as primeiras unidades arbóreas foram levadas ao chão, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente foi acionada e multou a empresa duas vezes, em autuações que chegam a 20 000 reais. Após a segunda penalidade, em julho de 2023, a obra foi embargada.

Em outra esfera, o Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar as denúncias de contaminação do solo, derrubada ilegal de árvores e desvio de nascentes. O caso segue em tramitação.

Apesar de a empreitada da Engeterra estar temporariamente paralisada, os perigos decorrentes da derrubada ilegal de árvores são iminentes, pois parte da terra corre risco de colapso devido à retirada da cobertura vegetal em uma encosta. “O terreno, que já é muito úmido e está mole, pode colapsar com a chuva”, afirma José Jacinto, integrante do Conselho Gestor do Parque Previdência.

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Durante a revisão da Lei de Zoneamento, no fim do ano passado, os grupos conseguiram transformar o terreno vizinho em um área de preservação ambiental. O texto foi aprovado na Câmara Municipal e está nas mãos do prefeito Ricardo Nunes. Caso o tópico seja sancionado, a empreitada da Engeterra, que não respondeu aos pedidos de entrevista de Vejinha, iria por água abaixo.

Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2024, edição nº 2875

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