As novidades dos cursos de pós-graduação na capital
De aplicativos a realidade virtual, faculdades investem em tecnologia e abusam da criatividade para fisgar o aluno em busca de guinada na carreira
Assim como grande parte da oferta acadêmica, a pós-graduação lato sensu, também chamada de especialização, segue a demanda do mercado quando se trata do surgimento de novos cursos. A categoria conta com um facilitador em relação às graduações: não precisa cumprir trâmites legais do Ministério da Educação (MEC). Isso significa que as instituições, desde que credenciadas no órgão, são livres para criar a grade curricular que desejarem.
As opções costumam ser de curta duração e buscam oferecer aos alunos, já graduados, competências específicas para uma possível ascensão profissional. “Atualmente, as maiores novidades incluem tecnologia e criatividade”, aponta o presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação, Marcelo Saraceni.
No Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, entre os mais recentes recursos metodológicos, destacam-se uma plataforma digital com todo o material do curso e uma mesa interativa que reproduz o laudo do paciente em 3D. Ela é utilizada para a pós-graduação em Dermatologia Oncológica, inédita em São Paulo, lançada há cinco meses pelo instituto. “Por causa da tecnologia, que produz novas drogas e tratamentos em alta velocidade, os médicos estão procurando cada vez mais por especialidades”, diz a coordenadora do setor de pós-graduação, Gisleine Eimantas.
Na Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a tecnologia consiste na chave do curso Data Science e Informática para Área da Saúde, que estreia na sexta (23). Voltado para administradores e gestores, o programa mostra como usar inteligência artificial para otimizar o funcionamento de hospitais. “Por meio de um banco de dados com o histórico dos pacientes do pronto atendimento, é possível, por exemplo, prever uma internação”, explica o gerente de arquitetura de sistemas e soluções da instituição, Antonio Valadares Gomes Neto.
Também é por meio de dados que os alunos de Big Data e Inteligência de Marketing, da ESPM, aprendem a organizar informações de modo estratégico. O diferencial do curso: metade das aulas é ministrada por profissionais da IBM, empresa americana dedicada à tecnologia da informação. “Com docentes envolvidos diretamente com a profissão, conseguimos trazer soluções inovadoras para dentro da sala de aula”, comenta o coordenador acadêmico da pós-graduação, Júlio Figueiredo.
Sistematizar as ideias é a intenção de quem se inscreve na pós de Gestão em Economia Criativa da Belas Artes. Durante um ano, os pupilos aprendem sobre temas como gestão empresarial e liderança. No último semestre, prepararam um projeto viável para o mercado que pode incluir realidade virtual. “Queremos que designers e artistas tenham suporte teórico para gerar lucro com suas criações”, explica a coordenadora Marcia Auriani.
No curso livre de Negócios Digitais, da Fundação Getulio Vargas (FGV), que começa em março, as ideias das turmas ganham ainda mais impulso para sair do papel. Isso porque, após quatro meses de estudos on-line via aplicativo e workshops presenciais, os alunos apresentam os projetos digitais a uma banca composta de investidores.
“A revolução digital está transformando os negócios e, por consequência, as especializações”, diz Fábio Luis Francisco, coordenador do curso Real Estate & Construction Management, da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), lançado neste ano e voltado a profissionais envolvidos com a construção civil. Além de terem material inteiramente digital e aulas que incluem visitas técnicas a empresas do setor, os aprendizes criam uma startup no fim do curso.
Outra novidade da engenharia é a pós em Gestão de Recursos Hídricos e Gerenciamento de Áreas Contaminadas, que abre as inscrições para a primeira turma em julho, no câmpus de Rio Claro, no interior, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Nesse caso, a demanda surgiu dos próprios profissionais da área. “Pessoas da região nos procuraram”, conta o vice-coordenador José Silvio Govone. “Montamos, então, a grade curricular e a encaminhamos para aprovação da reitoria.”
O público reúne geólogos, químicos, matemáticos e engenheiros que trabalham ou desenvolvem atividades relacionadas ao meio ambiente. A ênfase é em águas subterrâneas. Todos esses programas podem ajudar a alavancar a carreira, mas têm seu preço. Há opções que demandam até 4 000 reais por mês.
Energético na carreira
O preço e a duração de algumas pós-graduações
Big Data e Inteligência de Marketing
Local: ESPM, Vila Mariana
Preço: 36 064,07 reais, à vista
Duração: um ano e meio
Data Science para Área da Saúde
Local: Albert Einstein, Pinheiros
Preço: 17 164,24 reais, à vista
Duração: onze meses
Dermatologia Oncológica
Local: Sírio-Libanês, Bela Vista
Preço: 1 500 reais por mês
Duração: um ano e meio
Gestão em Economia Criativa
Local: Belas Artes, Vila Mariana
Preço: 30 273,60 reais, à vista
Duração: um ano e meio
Gestão de Recursos Hídricos e Gerenciamento de Áreas Contaminadas
Local: Unesp, Rio Claro
Preço: 490 reais por mês
Duração: nove meses
Negócios Digitais
Local: FGV, Bela Vista
Preço: 16 320 reais, à vista
Duração: quatro meses
Real Estate & Construction Management
Local: Faap, Higienópolis
Preço: 25 500 reais, à vista
Duração: dois anos