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Dispersão da Praça Princesa Isabel criou 16 mini-Cracolândias no centro, diz estudo

Pesquisadores criticam ações policiais na região; governos estadual e municipal contestam metodologia

Por Clayton Freitas
Atualizado em 12 jul 2022, 10h26 - Publicado em 12 jul 2022, 10h03
Nova ação policial na Cracolândia
Cracolândia da Rua Helvétia. (Polícia Civil/Divulgação)
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Um estudo elaborado por pesquisadores de um laboratório da USP indicou que a ação policial desencadeada na Praça Princesa Isabel para dispersar o chamado fluxo de dependentes químicos acabou por criar 16 pontos no centro, com população que varia de 20 usuários cada até 400.

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Essas novas “mini-Cracolândias” surgiram nos últimos dois meses e são fruto das ações policiais constantes na região, segundo os autores. A metodologia que eles empregaram foi a de percorrer o território num raio de 750 metros a partir da praça e contar o número de usuários de drogas em cada uma delas. A partir disso, foi elaborado um mapa, que contabiliza quantas pessoas ficaram no local. “Essas pequenas aglomerações de pessoas reproduzem as dinâmicas da Cracolândia em diversas esquinas da região da Luz, Santa Cecília, República e Campos Elíseos”, informa o texto.

Os pesquisadores estimam que o fluxo conta com um total de 1 000 a 2 000 pessoas, número que não é confirmado pela Prefeitura de São Paulo. Ainda segundo o levantamento, a Cracolândia está apenas mais dispersa.

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O laboratório que publicou o levantamento é o LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade), ligado a FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Assinam o documento a coordenadora do LabCidade, a professora Raquel Rolnik; Aluízio Marinho, pesquisador do laboratório; a antropóloga Amanda Amparo; Ariel Machado Godinho, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da USP; Daniel Mello, militante d’A Craco Resiste, Giodarno Magri, pesquisador da FGV, e a fotojornalista Luca Meola.

Segundo o mapeamento, dos 16 pontos, seis deles reúnem de 20 a 40 pessoas; outros 4, de 100 a 120; outros cinco têm de 300 a 320; e um deles, 400. O maior é o localizado na esquina da avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões, na Santa Ifigênia.

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Citando outras ações já realizadas em gestões passadas, os pesquisadores afirmam que a dispersão não atende “aos interesses da população em situação de rua, nem melhora as condições de vida de quem trabalha ou vive em casas e apartamentos no centro da cidade”, escrevem.

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Para o delegado Roberto Monteiro, da 1ª Delegacia Seccional de Polícia Civil e responsável pela operação Caronte, o estudo tem viés ideológico. “Nós aqui em São Paulo estamos seguindo os melhores exemplos internacionais”, afirma.

Ele considera que os atos violentos são impulsionados pela interferência do crime organizado. “Quando há qualquer ato violento por parte do dependente químico, é sempre incentivado por traficantes de drogas”, afirma.

Segundo o agente, o trabalho de investigação já resultou na prisão de 131 traficantes no território.

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Pulverizado

Alexis Vargas, o secretário-executivo de Projetos Estratégicos da Prefeitura de São Paulo, classificou o estudo como um “panfleto político”, pelo fato de um dos integrantes, Giordano Magri, seu ex-colega de FGV, trabalhar no gabinete do vereador Eduardo Suplicy (PT). A reportagem não conseguiu localizar Magri para repercutir a crítica.

“A conclusão que colocam é sem lastro algum”, afirma, se referindo ao fato de o levantamento carecer de uma melhor metodologia, por não citar a data exata dessas incursões no território.

Pelos dados da prefeitura, em 2016, eram 4 000 os dependentes químicos concentrados na chamada praça do Cachimbo, na Nova Luz, onde ficava a Cracolândia original. O número passou para 2 000 em 2018, número que novamente caiu à metade em 2021, 1 000. “A média de junho [2022] somando todas as concentrações é de 687 pessoas”, afirma.

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Alexis diz ainda que o monitoramento mais recente da prefeitura, realizado no último sábado (9), contabilizou 13 pontos. Porém, ele cita que a dispersão é desejada, por forçar, segundo diz, a procura por atendimento. “De janeiro a junho houve aumento de 21% no número de abordagens no território”, afirma.

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