‘O Descanso do Guerreiro’ reúne obras de Francisco Stockinger
Mostra em exposição no MASP traz 67 obras, entre desenhos, gravuras e esculturas do artista
Lembrado por peças de grande porte instaladas em espaços públicos, a exemplo da Praça da Sé, Francisco Stockinger (1919-2009) é tema de uma retrospectiva no Masp. ‘O Descanso do Guerreiro’ reúne 67 obras, entre esculturas, gravuras e desenhos, do artista nascido na Áustria e que veio para São Paulo aos 2 anos de idade. Na juventude Stockinger se mudou para o Rio de Janeiro e, por fim, para a capital gaúcha, onde morou até o fim da vida. A curadora Maria Alice Milliet afirma ter privilegiado o lado “solar e prazeroso” do escultor, concentrando-se na parte final de sua produção. “Nos ‘Guerreiros’, seus trabalhos mais conhecidos, encontramos uma textura agressiva, uma postura aguerrida em relação à vida; na velhice, ele baixou um pouco a guarda”, diz. Data de 2003 a série de bronzes ‘Magrinhas’, cujas figuras lembram as do suíço Alberto Giacometti (1901-1966), embora o artista negasse a influência.
Além de algumas esculturas antigas, Maria Alice incluiu na seleção xilogravuras do início da carreira de Stockinger, frutos da convivência com Oswaldo Goeldi e Marcello Grassmann, dois mestres da gravura. Bem relacionado, ele também foi aluno do modernista Bruno Giorgi e amigo de Iberê Camargo. Dessa amizade, aliás, vem uma boa história. No leito de morte, Iberê pediu que o chamassem e, ao vê-lo, desandou a falar. “Iberê parece ter dito coisas sérias, muito importantes”, comentou Stockinger mais tarde. É que, já surdo na época do encontro, ele não registrou sequer uma palavra dita pelo colega.