Continua após publicidade

Depois do Uno

Há alguns meses perdi meu cachorro muito amado, o husky siberiano Uno. Sofri durante sua doença e compartilhei minha angústia através de uma crônica. Recebi centenas de e-mails e cartas, com pessoas relatando dores semelhantes. Lembro-me até de uma mensagem em que um rapaz contava jamais ter tido cachorro ou gato. Mas, apesar disso, se […]

Por Walcyr Carrasco
Atualizado em 5 dez 2016, 19h45 - Publicado em 18 set 2009, 20h18
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Há alguns meses perdi meu cachorro muito amado, o husky siberiano Uno. Sofri durante sua doença e compartilhei minha angústia através de uma crônica. Recebi centenas de e-mails e cartas, com pessoas relatando dores semelhantes. Lembro-me até de uma mensagem em que um rapaz contava jamais ter tido cachorro ou gato. Mas, apesar disso, se identificava com minha perda. Afinal de contas, perda é perda. Antes de Uno partir para a operação da qual não retornou, conversei com ele de noite, enquanto acariciava seus pêlos.

    Publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Ah, Uno querido! Se você não voltar, foi um bom tempo que passamos juntos! Obrigado!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Dentro do meu coração, senti que ele entendeu!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Depois que Uno morreu, anunciei:

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Nunca mais quero ter cachorro! Nem gato, nem passarinho!

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Disposto a manter minha palavra, recusei inúmeras ofertas de filhotes. Resolvi:

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – A vida é mais fácil sem um cachorro. Posso viajar à vontade, sem preocupação.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Alinhavei mentalmente argumentos que provavam quanto era melhor não ter bicho nenhum.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    No Ano-Novo, fui para Camburi, uma praia no Litoral Norte de São Paulo. Fiz tudo o que manda a tradição: pulei sete ondinhas, comi uvas, bebi champanhe. Depois da ceia, deitei na rede da varanda. No escuro, iluminados apenas por velas, eu e meus amigos jogávamos conversa fora. De repente, um enorme cachorro negro apareceu, vindo da rua. Fizemos sinais.

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Vem cá! – eu disse.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Ele veio. E me obedecia em tudo! A ponto de outra pessoa comentar:

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Esse cachorro parece que é seu!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Fiquei um longo tempo brincando com ele. Queria prendê-lo, mas na praia não tenho muros! Ele foi embora. No dia seguinte, descobri que dormiu na porta do condomínio. Decidi que seria meu. Prometi gorjetas aos caseiros da região. Saí a procurá-lo na praia. Não o encontrei de jeito nenhum.

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Tempos depois, um amigo, Robson, foi para a mesma praia e me telefonou.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Você quer mesmo aquele cachorro?

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Nunca mais quero ter cachorro, mas esse eu quero – respondi dentro de uma lógica inexplicável.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Eu estava no Rio de Janeiro. Passei uma semana péssima. Esqueci da conversa. Voltei fragilizado, em um momento difícil da vida. Quando cheguei a São Paulo, meu amigo me esperava em casa.

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Tem uma surpresa para você lá no quintal.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Era uma cachorrinha preta, vira-lata, magérrima.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Aquele cachorro que você queria tem dono. Mas esta é uma prima dele!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Peguei o bichinho trêmulo no colo. Abracei. Robson explicou:

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – Se você não quiser, minha tia fica com ela!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Mas eu não ia querer? Abracei-a e, é claro, dei nome de gente: Ísis. Se alguma Ísis se sentir ofendida, me perdoe! Dali a alguns dias, pensei:

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    – A Ísis precisa de companhia!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Uma conhecida achou uma vira-latinha abandonada, tentando atravessar a rua no meio de carros e motos. Salvou-a. Mandou uma foto por e-mail. Fiquei com ela: Morgana. Um outro amigo, Roberto, estava com um filhote peludo preso no apartamento pequeno. Abriguei o Cauê! De repente, fiquei com três cachorros!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Não bastou. Passei na vitrine de uma pet shop e me apaixonei por uma gata. Agora, dedico parte das noites a estabelecer relações diplomáticas entre a felina e os cães! Até que vai indo bem, com miados e latidos de parte a parte!

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    E então, no meio dessa confusão, me dei conta: a vida continua! Nunca vou esquecer do meu husky. Um cão não substitui outro, como uma pessoa também não. Mas sempre há espaço para mais sentimentos. A vida se renova. Melhor ainda, o amor sempre renasce! Além de reforçar meu eterno otimismo, essa certeza me desperta uma paz profunda!

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital
    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de São Paulo

    a partir de R$ 39,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.