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Com imóveis vazios e pichados, Avenida Rebouças enfrenta crise

São cerca de quarenta espaços vagos ao longo da via, que se deteriora a olhos vistos

Por Mariana Rosário [Colaborou Ana Luiza Cardoso]
Atualizado em 13 out 2017, 06h00 - Publicado em 13 out 2017, 06h00

Importante ligação entre o centro e a Zona Oeste, a Avenida Rebouças amarga uma dura crise. Dezenas de construções antigas (algumas delas funcionaram como moradias de luxo em décadas passadas) perderam a elegância e, agora vazias, se deterioram a olhos vistos. O trecho da via de 4 quilômetros que mais se destaca negativamente, sem dúvida, está localizado entre as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Brasil.

Nesses oito quarteirões, a cada três imóveis, um se vê disponível para locação ou venda. No total, são cerca de quarenta espaços vagos, de acordo com levantamento de VEJA SÃO PAULO realizado no último dia 10. As pichações aparecem por todo lado, assim como janelas quebradas, entulho e outros sinais de abandono. Alguns terrenos se tornaram estacionamentos improvisados.

Essa situação decadente se arrasta há anos. A recente recessão econômica e imobiliária só fez piorar o problema. Em 2015, 22% dos endereços estavam em oferta por ali, de acordo com o Grupo de Estudos Urbanos (GEU). Hoje a taxa gira em torno de 35%, segundo a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic).

Um dos espaços desocupados: entulho (Reinaldo Canato/Veja SP)

O metro quadrado na faixa dos 10 000 reais, caro para conseguir bancar os grandes espaços dali, e o IPTU também salgado, de 50 000 reais por ano, em média, soaram altos demais para os empreendedores da região, que bateram em retirada.

Os primeiros sinais de adversidade apareceram em 2004, quando foram inaugurados os corredores de ônibus e o túnel Fernando Luiz Vieira de Mello, na ligação com a Avenida Eusébio Matoso. Em meio a trânsito carregado, poluição e barulho, os negócios ficaram menos atrativos. “Ainda que sejam uma boa alternativa para o transporte, as construções comprometeram o comércio”, analisa o urbanista Rogério Batagliesi, membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.

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A diminuição de pedestres também afetou as compras. O empresário Roberto Pedro comandava uma loja de molduras na via desde 2010. Saiu de lá em 2013 após a proprietária anunciar um aumento de 220% no aluguel, que subiu para 26 000 reais por mês. Desde então o galpão segue sem uso.
“Acabei falindo”, conta ele.

Existem outros casos similares de locais vazios por bastante tempo. O espaço de 2 400 metros quadrados de uma antiga concessionária da Citroën, na altura do número 2707, ficou pelo menos dois anos sem um novo inquilino. O mesmo acontece com os ambientes de uma livraria de publicações em
espanhol e um restaurante argentino. A exceção são as lojas de vestidos de noiva e de festa. Há no mínimo sete por ali. A Black Tie Village, a principal do pedaço, passou por uma renovação em 2014 e criou um estacionamento com sessenta vagas para a clientela.

Imóveis deteriorados: pichações por todo lado (Reinaldo Canato/Veja SP)

“Nunca vi tanto lugar vago por aqui”, constata Américo dos Santos, dono de uma revenda de carros na região faz duas décadas. Com movimento fraco, o negócio vende, no máximo, três veículos por mês. “Cinco anos atrás, eu vendia isso em apenas uma semana”, lembra.

Situação difícil também é encarada pelos donos de imóveis. Carlos Alberto Papa, responsável por uma propriedade de 400 metros quadrados, desocupada desde o ano passado, desembolsa mensalmente 3 000 reais para cuidar da manutenção do local, alvo de vândalos e ladrões. “Há quem invada e roube fios e até vaso sanitário”, lamenta.

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Inicialmente, ele pedia 15 000 reais de aluguel, mas o preço caiu para 12 000 reais nos últimos tempos. “Vi proprietário reduzir 30% do valor para fechar o negócio”, afirma Wagner Ponciano, representante de imóveis comerciais da imobiliária Camargo Prime, uma das principais da região.

Américo dos Santos, dono de uma revenda de carros: queda nas negociações (Leo Martins/Veja SP)

Apesar do cenário nebuloso, a situação pode sofrer uma virada no futuro. Pelo menos cinco empreendimentos residenciais devem ser lançados na
área. Parte deles é consequência da nova Lei de Zoneamento, sancionada em 2016, que continha uma emenda que autorizava a construção de prédios de até três andares no lado ímpar da via.

“A Rebouças é uma de nossas grandes apostas”, afirma Alexandre Frankel, CEO da construtora Vitacon, com dois investimentos na região. São prédios de 27 andares (no lado par é possível erguer até quatro vezes o tamanho da área), com preços a partir de 11 000 reais o metro quadrado. Vão ficar prontos em 2020.

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