CPI do Senado convoca ex-técnico de ginástica acusado de abuso sexual
Quarenta ginastas e ex-ginastas afirmaram que foram vítimas de abusos sexuais praticados por Fernando de Carvalho Lopes entre 1999 e 2016
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga maus-tratos contra crianças e adolescentes vai convocar o ex-técnico da seleção brasileira de ginástica artística Fernando de Carvalho Lopes. A tomada do depoimento foi requerida pelo presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES). Segundo ele, o objetivo da oitiva é o maior esclarecimento dos fatos, para contribuir com o processo investigativo já iniciado pelo Ministério Público de São Paulo há dois anos.
Ao todo, quarenta ginastas e ex-ginastas afirmaram que foram vítimas de abusos sexuais praticados por Fernando de Carvalho Lopes entre 1999 e 2016, quando ele era técnico do Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), clube particular de São Bernardo do qual foi afastado de todas as funções na semana passada, após as denúncias virem à tona. Atletas e ex-atletas da ginástica que não quiseram se identificar fizeram novas denúncias também afirmaram que o treinador filmava e fotografava crianças nuas.
Na sexta-feira, a polícia foi à casa de Fernando de Carvalho e apreendeu CDs, DVDs, pen drives, fita cassete e um HD externo. Todo o material vai passar por perícia. Na última semana, o treinador negou todas as acusações e afirmou que “tem a consciência tranquila” e que quem o acusa “vai ter que provar na Justiça”.
No Comitê Olímpico do Brasil (COB), a Comissão de Atletas encaminhou uma representação para o Conselho de Ética da entidade pedindo esclarecimentos sobre a responsabilidade da CBG e do técnico Marcos Goto, coordenador de seleções, no caso. A Caixa, patrocinadora da ginástica, divulgou nota informando que pode cancelar a renovação do apoio.
A CPI aprovou a convocação de outras oito pessoas para depor de forma reservada sobre casos sigilosos de violência contra crianças, que ainda não foram investigados ou que não tiveram os respectivos agressores penalizados.
Visto o número de aprovações de oitivas de pessoas que residem no estado de São Paulo, a comissão aprovou a realização de diligência na cidade de São Paulo. A intenção é agilizar os trabalhos, disse o presidente da CPI.