Conte Lopes dispara “fogo amigo” na PM ao sair em defesa de Tarcísio
Deputado estadual usou tribuna da Alesp para dizer que governos do PSDB fizeram acordos com o crime organizado
Uma fala do deputado estadual Conte Lopes, capitão reformado da PM de São Paulo, dizendo que os governos do PSDB fizeram acordos com o crime organizado, inclusive para tentar encerrar os ataques do PCC em 2006, foi considerada “fogo amigo” por vários integrantes da corporação, sobretudo os da reserva.
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Conte saiu em defesa de Tarcísio Gomes de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL), e cotado pra disputar o governo do estado pelo Republicanos. “[Tarcísio] Teve coragem de colocar o dedo na ferida e está fazendo muita gente pular. Quem não sabe que houve acordos de governos do PSDB com o crime organizado? Eu sou testemunha disso aqui”, afirmou, na sessão plenária da última terça-feira (5).
Em entrevista ao um canal no Youtube Money Reports no dia 1º deste mês, sexta-feira passada, Tarcísio disse que a segurança pública no estado havia ruído. “São Paulo fez um pacto com o crime organizado, de não combatê-lo”, disse, entre outras coisas.
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Além da PM, as declarações de Tarcísio irritaram integrantes da Polícia Civil, Ministério Público Estadual e levou a Secretaria de Segurança Pública da gestão do governador Rodrigo Garcia (PSDB) a emitir uma nota a respeito, mencionando que as ilações são “descabidas e irresponsáveis”.
Tarcísio é carioca e militar da reserva (atuou como engenheiro no Exército). A fala de Conte Lopes carrega um outro significado, já que vem da boca de alguém que se notabilizou –e se elegeu– justamente no combate ao crime atuando na polícia paulista.
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Outro fator que irritou muito alguns integrantes da reserva é que a fala foi, ao menos indiretamente, contra o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, morto no ano passado, de câncer, aos 66 anos. Eclair conduzia a PM nos ataques do PCC em 2006.
Foi ele quem autorizou a ida de um avião da PM para levar uma advogada do PCC para falar com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção, em Presidente Prudente (interior de São Paulo), no presídio em que ele estava à época para dizer a ele que os próprios integrantes do grupo criminoso pediam para suspender a ordem dos ataques.
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Ela teria entrado sozinha para falar com Marcola, versão que, segundo integrantes das forças policiais, impossibilita que a tese de um acordo poderia existir, já que não havia nenhum representante do governo.