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Conheça o manual de civilidade para o paulistano

VEJA SÃO PAULO dá dicas de etiqueta para manter a educação ao passear com seu cachorro, no trânsito e em momentos de lazer

Por Alvaro Leme e Edison Veiga
Atualizado em 6 dez 2016, 09h04 - Publicado em 18 set 2009, 20h34

Não deixe a sujeira do seu cachorro como armadilha para os pedestres. Leve sempre o saquinho plástico e a pá. É um crime contra as outras pessoas e contra a cidade não limpar – imediatamente e sempre – o cocô de seu cachorro. Se você flagrar algum mal-educado esquecendo de fazer isso, chame sua atenção. Muitos donos de bichos demonstram indiferença à higiene pública ou ignorância em relação aos riscos de transmissão de doenças. “Caso o animal esteja com parasitas intestinais, pode transmitir doenças como o bicho-geográfico, que você pega se tiver contato com a grama ou o chão contaminados”, explica a veterinária Elisabete da Silva, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Vários shoppings permitem a presença de cães de pequeno e de médio porte em suas instalações. É assim no Higienópolis, no Iguatemi, no Villa-Lobos, no Frei Caneca e em outros vinte grandes templos de consumo da cidade. Mas o bom senso deve falar mais alto quando bater aquela vontade de levar seu bichinho às compras. Ninguém é obrigado, por exemplo, a dividir a praça de alimentação com o seu animal de estimação. Nem a cruzar nos corredores com cães agressivos ou grandalhões. No condomínio, só ande com o cachorro no elevador de serviço. O veterinário Arquimedes Galano, do CCZ, alerta: “Há risco de agressão, de acordo com o comportamento do animal, e de transmissão de doenças como a sarna”. Descole um amigo ou um hotel especializado para cuidar do seu animal. Sem comida e companhia, ele pode latir, miar, uivar, ganir e tirar o sono dos vizinhos. “O dono precisa saber educá-lo, evitando uma dependência excessiva”, afirma o zootecnista Alexandre Rossi. “Caso contrário, toda vez que houver separações ele ficará desesperado.” Para não azedar a diversão – Não saque seu santo celular em vão. Preste atenção nos locais onde atende o telefone e no volume que usa ao falar. Recorra ao vibracall como regra, sobretudo no trabalho. Toques polifônicos como Festa no Apê, de Latino, podem queimar seu filme no escritório. “Essas campainhas espalhafatosas são de uma breguice sem tamanho”, avalia a consultora gaúcha Celia Ribeiro, autora do livro Etiqueta – Século XXI. “A música que se escolhe diz muito sobre sua formação cultural. Ou sobre a falta dela.”; mais do celular: deixá-lo em mesa de restaurante, além de feio, é anti-higiênico. Com que freqüência você limpa o aparelho? Por que, então, ele vai dividir espaço com a comida? Em shows, não acione aquele tipo de aparelho que tem câmera acoplada, vício terrível que assola as platéias das casas de espetáculos. “Mesmo que o artista não a veja do palco, aquela luz incomoda quem está do lado”, alerta Celia. Por maior que seja a fila – e portanto o desânimo em encará-la –, nada justifica desrespeitar quem chegou cedo para garantir um bom lugar. Se entrarem na sua frente, não tenha medo de colocar a boca no trombone. O mesmo princípio vale para quem adora esparramar bolsas e casacos nas cadeiras do cinema para guardar a vaga do amigo que vai chegar em cima da hora. Aliás, respeite o horário. Nada mais irritante do que ver um perdido trombando com as cadeiras no escuro. Ainda mais se tem a cara-de-pau de pedir que outras pessoas mudem de lugar para ele e a namorada sentarem juntinhos. Se for numa peça ou num concerto, pior ainda. “Interrompo o espetáculo na mesma hora”, conta a atriz Beatriz Segall. Ela faz muito bem. Preste atenção no figurino. No cinema, tudo bem ir mais à vontade (desde, é claro, que o homem jamais use camiseta regata ou chinelo de dedo). O mesmo não vale para apresentações no teatro, que pedem roupas mais formais. “Nos quatro anos em que fui diretor do Municipal, barrava quem aparecesse de sandália ou bermuda”, lembra o maestro Júlio Medaglia. Falar durante um filme pega tão mal quanto usar pochete. Ou seja, é cafonérrimo. O falatório deve ir, no máximo, até o momento dos trailers. No teatro, a lei do silêncio vale desde o terceiro sinal até os aplausos. Ruídos que todo mundo odeia: lata de refrigerante sendo aberta, croc-croc de amendoim e plástico de embalagem de doces. “Barulho de beijo melado também é terrível”, acrescenta a consultora de estilo Gloria Kalil, que recomenda cautela aos casais, digamos, animados com o escurinho do cinema. Se estiver gripado e for inevitável tossir, fique em casa. Caso seja a ópera ou o concerto que você mais ama, não passe das últimas fileiras. “Isso facilita a saída se a pessoa tiver um acesso de tosse”, ensina Clarice Miranda, especialista em formação de platéias de música clássica. A poltrona da frente não é apoio para seus pés. Se alguém estiver sentado, então, socorro! E os pés, lógico, devem permanecer calçados durante toda a sessão. Pipoca, pode? Depende. Se for um arrasa-quarteirão policial, cheio de explosões e tiros, é pouco provável que o barulho das mastigadas seja ouvido. Daí, beleza. Mas não se arrisque num silencioso drama iraniano, por exemplo. Escolha um cinema que combine com sua preferência. O Reserva Cultural, na Avenida Paulista, não vende pipoca. “Uma pesquisa mostrou que 72% do nosso público não gosta”, diz o proprietário Jean Thomas Bernardini. No extremo oposto está o Cinemark. A cada mês, passam pelas salas da rede 833 000 espectadores, que compram 560 000 saquinhos – é como se, numa sala com 100 lugares, 67 fossem ocupados por fãs da guloseima. Qualquer que seja a opção, carregue seu lixo com você depois da sessão. Esqueceu que outras pessoas entrarão logo em seguida? Em concertos, aplaudir na hora errada é um mico, ou melhor, um verdadeiro King Kong. Que pode facilmente ser evitado com a leitura prévia do programa. É só ver quantos movimentos há na composição e ter em mente: só se batem palmas depois do último deles. E nem pensar em cantarolar a melodia. “Quem paga ingresso quer ouvir os músicos, não o vizinho”, diz Clarice Miranda. Também é muito feio sair antes do fim – ainda que isso ajude a evitar esperas longas no manobrista. Só depois que o maestro deixa o palco é que se pode ir embora. Sobre quatro rodas – Nunca feche o cruzamento. Dos 4 milhões de multas aplicadas pela CET no ano passado, apenas 7 640 – inacreditáveis 0,2% – penalizaram quem fez isso. Não dá para saber quantas infrações do tipo passaram batidas pelos marronzinhos, mas o certo é que bloquear um cruzamento provoca prejuízos enormes ao trânsito. “Cada faixa tem capacidade para um fluxo de 1 200 carros por hora”, explica o engenheiro Jaime Waisman, especialista em transporte urbano. “Fechar uma delas por cinco minutos pode gerar uma fila de carros de 400 metros.” Conforme-se com o fato de que congestionamentos existem e jamais buzine se estiver enfrentando um deles. De acordo com pesquisa feita no ano passado pela Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito, o que mais irrita o brasileiro ao volante são os congestionamentos (61%). Buzinar, no entanto, não adianta nadinha – só piora, na verdade. “O ruído nas vias urbanas ultrapassa 90 decibéis (a Organização Mundial de Saúde classifica 55 decibéis como um som confortável) e amplia a probabilidade de o motorista ficar estressado, nervoso e ter dores de cabeça”, diz a psicóloga Raquel Almqvist, especialista em trânsito. Não fure o rodízio, mesmo que você conheça um caminho sem marronzinhos. De acordo com um levantamento da CET, que no ano passado registrou 1,5 milhão de infrações à medida, 13% dos motoristas não respeitam o rodízio pela manhã e 18% à tarde. Jamais pare sobre a faixa de pedestres, mesmo em horários de pouco movimento. Como pedestre, evite atravessar fora dela. Resista à tentação de invadir o corredor do ônibus. Não adianta espernear: automóveis só podem utilizar os nove corredores de ônibus de São Paulo nos fins de semana (das 15h de sábado às 4h de segunda) e nas madrugadas (das 23h às 4h) – a portaria, passível de renovação, está em vigor até outubro. Quem desrespeita essa regra pode ser multado em 127 reais. “Pensando em área útil, um ônibus tem a capacidade de escoar dez vezes mais passageiros do que um automóvel”, estima o engenheiro Waisman.

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