Cláudia Missura: prêmio melhor atriz de teatro infantil
Atriz volta aos palcos com dois espetáculos depois de incursões bem-sucedidas no cinema e na televisão
Ela brinca nas onze. “Gosto de atuar, não importa o papel”, diz Cláudia Missura, que descobriu seu gosto pela interpretação – e pela versatilidade – quando era uma menina e, em sua terra natal, São José do Rio Pardo, no interior do estado, ensaiava textos em qualquer lugar: na estação de trem, atrás de um museu ou em casa de amigos. Com sua vinda para a capital, aos 19 anos, os tempos de improviso acabaram. Mas não a vocação de fazer de tudo um pouco. A disposição para interpretar diferentes personagens fica evidente em sua trajetória. Em março, ela recebeu o Prêmio Femsa de Teatro Infantil e Jovem de melhor atriz de 2008. No mesmo mês, entrou em cartaz nos cinemas com O Menino da Porteira, de Jeremias Moreira. Pouco antes, estava envolvida com as gravações da novela A Favorita, da Globo. “Cada linguagem tem suas dificuldades e méritos”, afirma.
Aos 36 anos, Cláudia enumera em ritmo acelerado seus trabalhos. Dos musicais infantis Felizardo e Sapecado, realizados pelo grupo Banda Mirim, à tragédia Áulis, dirigida por Elias Andreato. Subitamente, porém, a voz ganha um tom mais sereno para falar de O Avarento, na qual dividiu o palco com Paulo Autran (1922-2007), há três anos. O convite para participar veio do próprio Autran, que a viu na peça Domésticas, de Renata Melo, e no filme ho-mônimo, de Fernando Meirelles. “Aprendi a ouvir os outros em cena com ele”, conta Cláudia. Durante a temporada, a atriz foi surpreendida pelo medo de subir no palco. “Era a primeira vez que havia mais de 1?000 pessoas na plateia”, lembra. Para relaxar, começou a fazer sessões de massagem a cada quinze dias (hábito preservado até hoje). Formada pela Escola de Artes Dramáticas da USP, ela dedicou grande parte de seus estudos à commedia dell’arte italiana e à técnica de palhaço. “A Cláudia é uma perfeccionista, ensaia à exaustão”, afirma Marcelo Romagnoli. Ele assina o texto e a direção do espetáculo infantil O Menino Teresa, em cartaz no Teatro Alfa. No papel de uma garotinha disposta a descobrir as diferenças entre meninos e meninas, Cláudia esbanja segurança. Desde a estreia, em 2007, até hoje, o projeto sofreu diversas alterações. “Não tínhamos medo de mudar e experimentar”, diz Tata Fernandes, compositora e parceira da atriz em cena. Com a peça adulta A Comédia dos Erros, de Shakespeare, dirigida por Carlo Milani, Cláudia Missura cumpre temporada no Teatro Imprensa. Ela é mesmo versátil.