Arquitetos e decoradores testam novas tecnologias na CASACOR
O maior evento de design de interiores do Brasil é vitrine de novidades para o domicílio — desde cápsula de flutuação até paredes de câmaras frigoríficas
Em meio a tantos móveis, tapetes e outros itens de decoração, o visitante da CASACOR pode passar despercebido por algumas inovações tecnológicas “escondidas” nos 74 ambientes da mostra.
“Para alguns expositores, somos uma espécie de laboratório onde podem ver a reação do público a um produto antes de lançá-lo no mercado”, explica Darlan Firmato, arquiteto, gestor de eventos e sustentabilidade da CASACOR.
Um exemplo é a “cápsula de imersão” instalada no ambiente do paisagista Ricardo Pessuto. Feita da mesma fibra usada em barcos, ela cria um “mini-Mar Morto” em seu interior, onde o corpo flutua sem esforço — o equipamento contém 1 000 litros de água com 450 quilos de sal dissolvido, concentração tão alta que impede a submersão.
A água é mantida em uma temperatura próxima à da pele. “Dá a sensação de que você não está tocando em nada”, afirma Daniel Almeida, sócio da Odissea, empresa que fabrica o item.
Nas contas dele, o potencial de venda para hotéis, clínicas e academias é alto. “No Brasil, existem apenas seis centros que oferecem esse tipo de terapia. Nos Estados Unidos, são mais de 7 000 e o método tem garotos-propaganda como Stephen Curry e Tom Brady (astros do basquete e do futebol americano)”, ele conta.
Uma cápsula importada custa em média 230 000 reais, enquanto a brasileira sai por 148 000 — as duas únicas marcas nacionais lançaram seus produtos em 2022.
Às vezes, a tecnologia está oculta na própria parede do ambiente, como na casa que os arquitetos Caio Bandeira e Tiago Martins criaram para a mostra (acima). Em vez de tijolos ou drywall, a construção utilizou painéis iguais aos de câmaras frigoríficas.
“Não conheço nenhum projeto semelhante no Brasil. Nós empregamos as chapas visando ao mercado de alto padrão”, afirma Bandeira — cujo escritório, o Architects + CO, tem diversos clientes em condomínios de luxo como o Fazenda Boa Vista.
A ideia é que as moradias sejam montadas em uma fábrica, com diversas facilidades em relação a uma obra comum, para depois serem levadas ao terreno. “É uma casa industrializada, porém é resistente e permite várias personalizações”, ele diz.
Quem procura inovação na CASACOR também não pode deixar de reparar nas janelas feitas de linho do ambiente criado pelo arquiteto Quintino Facci (acima). “Elas controlam a passagem da luz. Podem ser usadas para substituir um bri sesoleil, por exemplo”, ele explica.
Outro atrativo são as soluções para manter as plantas vivas em um ambiente fechado, como é o caso do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, onde acontece a mostra.
No ambiente do aclamado Sig Bergamin (acima), lâmpadas especiais imitiam o ciclo do dia e noite a cada vinte minutos. Vão do amarelo quente ao branco — e, em cada etapa, ouvem-se sons de pássaros diurnos e noturnos.
Na floresta criada por Ricardo e Alessandra Cardim, lâmpadas normalmente usadas na agricultura servem à decoração. A CASACOR vai até 6 de agosto.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2023, edição nº 2846