A reportagem “Presente para toda a vida” (19 de outubro) motivou uma série de leitores que passaram por um transplante a contar sua história de superação. Para lhes dar rosto, VEJA SÃO PAULO publica excepcionalmente nesta semana o retrato dos autores dessas cartas.
Parabenizo VEJA SÃO PAULO pela excelente capa. Tenho 36 anos e no dia 22 de julho doei um rim ao meu pai, Norival Manfrinato, de 63 anos. A cirurgia foi um sucesso, e ele ganhou uma nova vida. Acredito que uma reportagem sobre doadores vivos acarretaria numa enorme mudança no pensamento das pessoas, pois existe ainda muito medo e falta informação sobre tal procedimento.
CARLA MANFRINATO
Mais uma vez a revista mostra seu papel fundamental à sociedade, com uma reportagem esclarecedora sobre transplantes de órgãos. Sou transplantada de rim desde junho de 2009. Minha irmã Katia Santos (na foto abaixo, à esq.), com 29 anos na época, foi a doadora. Este é o meu segundo transplante. No primeiro, realizado em 2000, meu pai foi o doador, mas houve rejeição e o novo órgão durou apenas nove meses — após vários exames os médicos não descobriram o motivo. Hesitei muito em aceitar o rim de minha irmã, pois só Deus sabe como é difícil ir para o centro cirúrgico levando um familiar junto. Foi um sucesso, e com o procedimento pusemos fim aos meus treze anos de hemodiálise.
SIMONE SANTOS LINO
Mais uma vez a revista se superou com a maravilhosa reportagem sobre doação de órgãos. Perdi meu filho Fabio, de 5 anos, em 26 de setembro de 2000. Eu e meu marido resolvemos doar seus órgãos. Meu marido faleceu três anos depois. Minha paz e meu conforto vieram da doação. Resolvemos isso ao olhar para as outras famílias na UTI, com meu filho já sem resposta. Imaginava quanto teríamos ficado felizes se ele tivesse recebido um cérebro. Não tivemos essa alegria, mas nos pusemos do outro lado.
MARIA HELOISA LOBO PORTO
Tenho 49 anos e sou transplantado renal há dez. O ganho em termos de qualidade de vida para quem recebe um orgão é exatamente o que vocês mostraram na reportagem. A cada dois anos são realizados os Jogos Mundiais dos Transplantados (www.wtg2011.com). Neste ano participaram 1.500 atletas de 54 países. Fui medalha de bronze no tênis, junto com meu parceiro, também transplantado renal, Haroldo Costa (na foto abaixo, à esq.), de Brasília. É emocionante ver transplantados de todo o mundo celebrando a vida.
EDSON ARAKAKI
Como fiquei contente com as entrevistas da reportagem “Um presente para toda a vida”. Quinze dias antes do aniversário do meu filho, ele também ganhou um presente (transplante duplo: rim e pâncreas), que vai conservá-lo para o resto de sua vida. As doações de órgãos devem ser mais divulgadas para que as famílias se sensibilizem com a difícil jornada de pessoas que têm de ficar por quatro horas em uma máquina de hemodiálise três vezes por semana.
MARIA ANTONIETA ROQUE
Sou do Rio de Janeiro e em 2003 tive três mortes súbitas devido a obstruções coronarianas, que quando revertidas deixaram sequelas na musculatura cardíaca. Na primeira cirurgia de revascularização cardíaca, realizada pela equipe do doutor Enio Buffulo, cerca de 40% do material afetado foi retirado. Fiz uma segunda revascularização em 2006 e, dois anos depois, coloquei um marca-passo, o que não melhorou minha qualidade de vida. Restou-me o transplante, que finalmente ocorreu em 4 de abril, após aguardar em uma longa e mortificante fila. Espero poder ser merecedor desta nova chance de vida que me foi dada.
HANS VON USLAR
Se você tem um parente que faz hemodiálise, não tenha medo de devolver a vida a ele doando um rim, como minha irmã Mônica (na foto abaixo, à dir.) fez comigo. Ela acabou com o meu sofrimento com esse ato de amor.
LILIANA LUCIA FORNERIS
VEJA SÃO PAULO apresentou uma boa reportagem de capa sobre transplante de órgãos, destacando os transplantes na cidade de São Paulo. Faltou destacar, no entanto, a importância do Hospital do Rim e Hipertensão, entidade pública que é o centro que realiza o maior número de transplantes renais no mundo há mais de dez anos, fazendo entre 70% e 80% dos transplantes de órgãos da cidade de São Paulo.
DOUTORA MARIA LÚCIA DOS SANTOS VAZ
Médica nefrologista
Li com decepção a oportuna revelação de VEJA SÃO PAULO (“Samba vendido”, 19 de outubro) sobre o artifício utilizado por escolas de samba paulistanas. Ao comercializarem cada vez mais seus enredos com empresas, elas forçam a barra e deixam de lado os bons temas de protesto, que, além de render sambas imortais, são verdadeiros gritos de liberdade.
FRANCISCO LIRA
O ato de observarmos alguém, percebendo não somente como ele está para nós, mas também como ele está para si mesmo, em um momento de fragilidade, me faz acreditar que ainda somos capazes de gestos de amor para com o próximo (“Choro”, 19 de outubro). Ivan Angelo conseguiu imprimir isso em suas palavras de forma acolhedora, singela e profundamente verdadeira.
ÁUREA REGINA DIAS AMARAL
O choro de hoje fez com que você voltasse no tempo e brindou os seus leitores com um texto magistral. Permita-me agora, de forma respeitosa, porém jocosa, revelar o motivo do choro do “motoboy”. Creio que faltou a tradicional gorjeta, que, com certeza, substituiria o pranto por largos sorrisos.
NESTOR GOES
Você deu a uma simples cena observada pela porta entreaberta a dimensão de um épico. Sensibilidade extrema do grande ser humano que você é, lembrando-nos de que, pela falta de coragem e timidez, vacilamos e perdemos a oportunidade de um auxílio ao próximo.
CLÉLIA GURGEL DO AMARAL
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