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Secretário fala sobre acusação de abuso de poder: “PSOL não vai calar as pessoas”

Boulos pediu que a Justiça investigasse suposto uso da máquina pública na pasta da Educação em favor da campanha de Covas. Bruno Caetano nega

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 25 nov 2020, 22h25 - Publicado em 25 nov 2020, 21h35

A campanha de Guilherme Boulos entrou com uma ação pedindo que a Justiça Eleitoral investigue suposto abuso de poder do atual prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), na última segunda (23). Segundo os advogados do candidato do PSOL, o tucano e o seu secretário de educação, Bruno Caetano, teriam usado a estrutura pública para fazer propaganda contrária à Boulos.

Caso a Justiça eleitoral aceite o pedido (que ainda está em análise) e condene Covas, a chapa do prefeito poderia ser cassada. A Vejinha conversou com Caetano por telefone nesta quarta-feira (25). Uma mensagem de áudio de WhatsApp do secretário, revelada pela Revista Fórum, é um dos supostos indícios de abuso de poder, segundo o PSOL.

Na gravação Caetano critica a campanha de Boulos: “independente da tentativa deles de mudarem de posição, o estrago tá feito. Está escrito no Estadão e tem uma declaração do Boulos falando mal das redes parceiras. Podem espernear, podem falar o que quiserem”. E finaliza: “vamos gerar mais informações positivas para serem reverberadas por todos nós”.

As “redes parceiras” são as creches geridas por entidades privadas com convênio com a prefeitura de São Paulo. O programa de governo de Boulos fala em “reverter, gradativamente, o processo de privatização, terceirização e conveniamento da educação”.

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“O áudio que eu gravei foi fora do horário de trabalho. Não usei nenhum espaço público para emitir minha opinião como cidadão. Eu mandei o áudio para uma pessoa, não foi para grupo algum. É um abuso falar que houve uso da máquina pública. Foi gravado no meu celular privado”, diz Caetano.

O pedido de investigação, assinado pelo escritório Almeida Prado Advogados, afirma que “o secretário gravou e compartilhou mensagem em grupos utilizados para tratar de assuntos institucionais e, pessoalmente, a gestores de entidades conveniadas com o objetivo de promover a candidatura de Bruno Covas, atacando o ora peticionário [Boulos]”.

“As práticas autoritárias do PSOL não vão calar as pessoas que pensam diferente. Não uso nada da secretaria para fazer campanha política. Não uso carro oficial e nem [linha de] telefone [móvel] pública”, diz o secretário.

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Outro ponto da ação é mais uma mensagem de áudio, também relevada pela Revista Fórum, da diretora regional de educação de São Matheus, Mirtes Innocencio, em que ela convida colaboradores de creches para uma reunião sobre as eleições. “Eu não preciso falar do plano do oponente [Boulos], o próprio plano já se diz por conta própria”, diz ela, na mensagem.

Em uma das mensagens, Mirtes diz que “ninguém está coagido a participar. O secretário também já está sabendo dessa repercussão”. Em resposta, Caetano afirma que fez “um alerta a Mirtes [que] ia reunir amigos fora do contexto [da estrutura da pasta] para discutir isso [eleição]. Falando para ela não usar a secretaria e a máquina pública”, diz o secretário.

Durante a entrevista Caetano fez duras críticas ao plano de governo de Boulos e defendeu as creches conveniadas. “É preciso assumir que o discurso PSOLista é estatizante e coloca sim em risco [a Educação], na minha visão como cidadão. Hoje 80% das vagas são conveniadas”, afirma.

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“Não há, na secretaria de educação, entre os nossos dirigentes, notícia de que tenha havido uso indevido das estruturas públicas. O candidato [Boulos] disse que creche conveniada é depósito de criança. Na minha visão de cidadão, a visão PSOlista menospreza o trabalho [das organizações] sociais”, comenta.

O pedido de investigação cita ainda publicações da CEI Madagascar (creche conveniada localizada no Parque Boturussu, Zona Leste), em que a conta oficial do WhatsApp da entidade teria enviado um card demonstrando apoio a Bruno Covas para pais de alunos. E também uma publicação no Facebook do Fórum de Educação Infantil, que reúne entidades privadas conveniadas a prefeitura: o post afirma que caso Boulos seja eleito “haverá um enorme retrocesso na educação”.

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“A secretaria de Educação não tem nenhum tipo de participação no Fórum. Ele não é uma estrutura estatal. É uma estrutura que é regida pelo direito privado. Não é um fórum municipal”, afirma Caetano.

O pedido da campanha de Boulos acusa o secretário e o prefeito de ” tentativa de coagir os funcionários das entidades, com ameaças de que perderiam seus empregos e deixariam as crianças sem vagas em creche caso votassem em Boulos”.

“Aqui tem gente que defende o Covas e o Boulos. É legítimo que se faça. Mas não no horário de trabalho. A minha visão é que a campanha do Boulos, ao tentar atribuir um áudio privado, quer esconder o que importa. Esse papo é uma cortina de fumaça”, finaliza Caetano.

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Em entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, o candidato do PSOL mencionou a ação de seus advogados e o tema das creches conveniadas. “Não vou fazer qualquer ruptura, até porque isso geraria um caos no atendimento à população. Mas eu vou valorizar o serviço público e a gestão direta. No caso das OS [Organizações Sociais] e terceirizações, fazer a fiscalização, botar a lupa onde tem contrato errado e garantir que os trabalhadores sejam respeitados”, prometeu.

A cidade de São Paulo conta atualmente com 6 670 crianças aguardando vagas na creches. Para a Vejinha em julho, Caetano disse que a prefeitura entregaria, até o fim do ano, doze novas unidades de CEUs. “Já posso te adiantar que [vamos] virar o ano, dezembro para janeiro [de 2021], com a fila zerada”, afirmou o secretário por telefone nesta quarta.

 

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