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Intervenção artística com carro abandonado homenageia Adriana Varejão

Coletivo Ocupe Carrinho transforma sucata em obra de arte e chama atenção para problemas urbanos

Por Luisa Coelho
Atualizado em 5 dez 2016, 15h16 - Publicado em 4 fev 2014, 16h31

Quem passar pela Santa Cecília vai achar curioso o carro coberto por pintura de azulejos portugueses estacionado na Rua General Julio Marcondes Salgado. Ornada com vasos de plantas que parecem sangrar em razão da tinta vermelha – ao estilo da artista carioca Adriana Varejão – , a lataria abandonada há meses incomodava os moradores da região central.

 

“É perigoso, é entulho e pode machucar”, diz o cineasta Tobias Rodil, um dos fundadores do coletivo Ocupe Carrinho, que desde 2012 procura dar uma função a automóveis “esquecidos” no espaço público. “As pessoas ficam muito incomodadas com eles. Quando veem que estamos mexendo querem contar histórias, reclamar que a prefeitura não os tira dali. Há várias versões para um mesmo carro”, acrescenta.

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A comunidade também participa do processo de “dar vida”. O grupo que além de Tobias é composto por Thiago Carvalhaes e Felipe Carrelli chega ao local com uma conceção pronta, mas sempre reserva metade do objeto para quem quiser dar seu toque pessoal.

“O importante é o processo”, afirma Tobias, lembrando que se trata de uma arte efêmera, pois a prefeitura, em algum momento, deve recolher. A ação acaba mesmo chamando atenção do poder público, além de fazer as pessoas refletirem sobre mobilidade urbana e meio ambiente, bandeiras do grupo.

Desta vez, ao “azulejar” o veículo com spray, tinta líquida e canetão, os artistas deixaram os miolos de alguns dos quadrados azuis em branco, para serem preenchidos. Já as mudas, como a de manjericão, ficam disponíveis: é só pegar e plantar em casa. “É legal que alguns trazem suas mudas e outros se prontificam a cuidar”, comenta Rodil.

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+ Assista ao vídeo da ação

O cineasta explica ainda que a ideia de homenagear Adriana Varejão veio da tentativa de demonstrar que o próprio carro está pedindo socorro.  “Ela tem essa coisa de fazer seus azulejos sangrarem. O carro, ali abandonado, também sangra. Até mandamos o vídeo para ela”.

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Como a meta de modificar um veículo por mês, o coletivo já está à procura do próximo. Quem tiver sugestões de endereços pode enviar para o grupo por meio do site, onde também há mais fotos e vídeos das ações. Para se certificarem de que o automóvel não tem mais dono, os integrantes fazem uma pesquisa prévia. Tobias garante que nunca houve reclamação.

 

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