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Agora é oficial: SP tem ‘Batata Square’

Endereço em Pinheiros será alçado a ponto turístico com sinalização em inglês

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 27 dez 2016, 15h16 - Publicado em 1 out 2016, 12h23
Largo da Batata
Largo da Batata: contra o presidente (Moacyr Lopes Junior/Folhapress/Veja SP)
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Faz quase cem anos que o Largo da Batata, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, é conhecido assim. Faz quatro que, por meio de lei municipal, ostenta oficialmente o nome. Mas só agora a administração municipal deve mandar instalar ali plaquetas com a denominação. E elas devem ter a identidade visual de ponto turístico, conforme aprovado pela São Paulo Turismo (SPTuris). Com direito ao pictograma que identifica praças e a tradução para o inglês – não, não será “Potato Square”, mas “Batata Square”.

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Para os moderninhos que, nos últimos anos, transformaram a região em reduto hipster e ponto para manifestações em geral, a notícia vem a calhar. “É fundamental o nome ser reconhecido. Largo da Batata remete à história da própria cidade e principalmente a uma história de vida popular, de ocupação do território desde os primórdios. Faz todo sentido”, afirma a administradora de empresas Cecilia Lotufo, de 41 anos, fundadora do Movimento Boa Praça.

Envolvido em recentes investimentos no Mercado de Pinheiros, vizinho do largo, o chef Alex Atala, de 48 anos, é outro entusiasta da história local. “O Largo da Batata entrou na minha vida antes mesmo da cozinha, quando, por volta dos 14 anos, comecei a frequentar uma loja de pesca que ficava ali”, conta. “A vocação gastronômica do Largo da Batata nasce muito antes do nome.”

A nomenclatura surgiu nos anos 1920, quando a região concentrava vendedores de batata, próximo da então sede da Cooperativa Agrícola de Cotia – mas a ocupação dos arredores é muito mais antiga. O batismo oficial data de 2012, quando foi aprovada na Câmara a Lei 15.615, do vereador José Rolim (PSDB). Na justificativa, o político dizia ser o local “o primeiro bairro de São Paulo, em razão de suas origens indígenas e portuguesas”.

A lei delimitou exatamente o que é o Largo da Batata: “o logradouro delimitado pelas Ruas Martim Carrasco, Fernão Dias, Teodoro Sampaio, dos Pinheiros e pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, no Distrito de Pinheiros, Subprefeitura de Pinheiros”.

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Para os moradores e comerciantes antigos, com ou sem placa, sempre foi Largo da Batata. O sapateiro José Carlos dos Santos, de 63 anos, começou seu ofício ali, aos 13. Cinquenta anos depois, nunca saiu da região. “Quando comecei, via as carroças que traziam batatas e cebola para vender. Parecia cena de filme de bangue-bangue. Agora são prédios por todos os lados. O aluguel subiu, mas a clientela também aumentou”, resume ele. “É como digo: do couro sai a correia.”

Internet

Enquanto isso, ativistas querem recuperar e valorizar as origens do bairro. “Organizamos até abaixo-assinado na internet. Queremos que a Estação Faria Lima do Metrô seja rebatizada de Largo da Batata”, afirma a publicitária Fernanda Salles, de 47 anos, do coletivo BatataMemo. Até ontem, já eram 797 signatários.

Já o coletivo Não Largue da Batata se preocupa com o fato de que a especulação imobiliária tem expulsado os antigos moradores do bairro. “A vocação do lugar, que é de usos múltiplos e heterogêneos, está se perdendo”, alerta o movimento.

A proposta de rebatizar a estação de metrô já foi levada para a Assembleia Legislativa. Em 2014, o deputado estadual Carlos Neder (PT) apresentou a proposta – que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e, agora, tramita na Comissão de Viação e Transportes, sem previsão se será (e quando) liberada para votação. “O que está por trás disso tudo é recuperar uma história que não tem nada a ver com a elite que hoje vive no bairro”, afirma o parlamentar.

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Membro do Conselho Participativo de Pinheiros, o administrador de empresas e urbanista Mauro Calliari, de 54 anos, acredita que a toponímia carrega as marcas do tempo, que são parte essencial do lugar. “Esse tipo de nomenclatura vem de uma fase da cidade em que os nomes tinham a ver com a função do território. Perder esse significado, deixar de honrar esse passado, é como matar uma ligação com a origem”, diz.

Placas

Sobre a instalação das placas com a denominação Largo da Batata, a Prefeitura afirma, em nota, que a “Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) elaborou projeto de sinalização do Largo da Batata que contempla a instalação de placas na região de Pinheiros, com a orientação de acesso ao Largo. O Projeto Orientador de Tráfego foi tratado em conjunto com a SPTuris e aguarda o agendamento para execução do projeto”.

A SPTuris confirma que deu parecer positivo ao fato de que o Largo da Batata pode “ser considerado um atrativo turístico para receber a sinalização específica” e indicou “o pictograma, topônimos das placas indicativas e de identificação, bem como tradução”. “Agora, cabe à CET executar o projeto, confecção e implementação”, diz o órgão. A CET ressalta que ainda não agendou a data de execução do serviço.

Para os ativistas, ainda não é o bastante. A ideia é também lutar para que ruas do entorno sejam renomeadas em alusão à história do local. Para Fernanda, nomes como Rua da Olaria – em referência a uma cerâmica colonial que funcionava ali – e Rua do Pierê, por causa dos índios, poderiam constar do mapa.

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