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“A escola deveria ser a última a fechar por causa da pandemia”, diz secretário municipal da Educação

Fernando Padula afirma que 30% dos alunos ficaram para trás em 2020, promete esforço e tenta se descolar da imagem de amigo de infância de Covas

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h54 - Publicado em 22 jan 2021, 00h21
Fernando Padula em seu escritório
O secretário  (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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O prefeito Bruno Covas autorizou a volta às aulas em São Paulo a partir de 1° de fevereiro, tanto para a rede pública quanto para a privada. O retorno deverá ocorrer em meio ao pior momento da pandemia.

A ausência das aulas traz uma série de prejuízos aos alunos, tanto psicológicos quanto de nutrição, sem falar que alguns deles estão mais sujeitos à violência doméstica. Não acredito no projeto de homeschooling. O modelo híbrido veio para ficar, mas não vai substituir o presencial. Do ponto de vista epidemiológico, estamos vistoriando todas as escolas municipais. Aquelas que não tiverem com o checklist pronto, as que não estiverem preparadas, não vão reabrir.

Por que as escolas poderão abrir agora, com a pandemia evoluindo, e não puderam no ano passado, quando a curva deu sinais de queda a partir do segundo semestre?

Diferentemente do momento inicial, temos evidências e estudos que garantem um retorno feito com segurança. A escola precisa estar aberta. Se precisar fechar novamente por causa da pandemia, ela deve ser a última a ser fechada. E, se for fechada, que seja reaberta depois. Escola não é polo de contágio. O que gera contaminação são festas, aglomerações na praia.

Mas uma das fases dos estudos sorológicos realizados pela prefeitura apontou que os alunos da rede municipal têm taxa de infecção duas vezes maior que os das escolas particulares.

Não tenho conhecimento para discutir inquérito sorológico. A Saúde autorizou retorno das aulas com 35% dos alunos. Tenho conversado com infectologistas, pediatras, que nos garantem um retorno seguro. A partir daí, nos estruturamos para seguir a Saúde. Garantimos face shields para professores, máscaras, álcool em gel, sabonete, dinheiro para pequenas reformas, como a colocação de uma pia ou de uma janela, por exemplo.

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A aceitação de pais e professores para um retorno seria muito maior se os docentes estivessem na primeira fila da vacina.

O prefeito Bruno Covas se sensibilizou com a questão e chegou a mandar um ofício para o Ministério da Saúde, mas não houve resposta. Se precisar ir a Brasília, se precisar conversar, iremos (leia mais aqui).

Qual a taxa de evasão e dos cumprimentos das aulas remotas na rede municipal desde março do ano passado?

A da evasão ainda não sabemos, pois as matrículas são automáticas. Dos alunos matriculados (são cerca de 1 milhão), 10% não tiveram nenhum contato com a plataforma digital. Outros 20% tiveram pouco contato. O restante teve um resultado bom ou ótimo.

“A amizade com o prefeito me dá um peso maior. Tenho uma obrigação maior de ir bem.”

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Como a secretaria vai fazer para recuperar quase um terço dos alunos que ficaram para trás?

Compramos 465 000 tablets e vamos priorizar a entrega para os alunos que não tiveram contato com as aulas digitais. Os equipamentos serão utilizados para a recuperação do conteúdo atrasado. Nossa estratégia neste ano será manter o conteúdo regular nas aulas (presenciais e remotas) e duas horas por dia de conteúdo do ano anterior, como recuperação.

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O desafio será enorme, não? Os professores precisarão ensinar o conteúdo do ano seguinte sem que o anterior tenha sido concluído.

Por isso temos professores que têm toda a didática. Os alunos não aprendem na mesma velocidade. Além disso, vamos contratar 1 400 estagiários de pedagogia para auxiliar na alfabetização de quem regrediu ou não está alfabetizado.

O senhor é amigo de infância do prefeito Bruno Covas. A amizade entre vocês dois influenciou de que forma na sua nomeação como secretário?

Precisa perguntar para o prefeito. Eu acredito que esse convite tenha a ver com a atuação que tive por vinte anos como servidor público. Tenho duas passagens por secretarias estaduais, da Educação e da Assistência e Desenvolvimento Social, além do Arquivo Público do estado. A relação de amizade me dá um maior peso. Tenho uma obrigação maior de ir bem. Ele não me escolheu por eu ser amigo dele. Foi pelo meu conhecimento.

Covas e Padula na infância, em foto preto e branca
Padula (à esq.), seguido por Renata Covas (mãe do prefeito) e Bruno Covas (de preto e cabelo comprido): longa amizade (Arquivo Pessoal/Veja SP)

O senhor foi denunciado por corrupção passiva na chamada “máfia da merenda”. O senhor era o “nosso homem na secretaria”, como apontaram os grampos do telefone de um dos acusados?

Claro que não.

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Mas o relato de um delator aponta que o senhor teria liberado uma contratação milionária suspeita.

Já fui inocentado na Corregedoria (estadual) e pela CPI (da Alesp) por absoluta falta de provas. Estou denunciado, segundo um delator, por ter recebido uma ligação de um deputado (Fernando Capez). No processo, ele nunca me ligou, ligou para um assessor parlamentar. Não tem nada, zero. Serei absol vido por absoluta falta de provas. Tenho a consciência tranquila. Foi um momento político. Acabei sendo vítima de bala perdida. Mas, infelizmente, dói e machuca.

Na gestão do seu antecessor, Bruno Caetano, a Polícia Civil passou a investigar irregularidades na contratação de creches na cidade. O que o senhor conseguiu apurar nessas três semanas como secretário?

Foram apenas onze dias úteis de trabalho. Nem cheguei a esse assunto, vi apenas pelos jornais. Se tiver coisa errada, a empresa será descredenciada. Nosso esforço agora é ampliar vaga em creche e melhorar a qualidade do ensino na cidade. Se houver irregularidade, que venham apuração e punição.

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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de janeiro de 2021, edição nº 2722

 

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