Continua após publicidade

A chave do trânsito

“É ridícula”, exclamou meu amigo Antônio Pedro, o Tota, também conhecido como “o professor”. Referia-se à minha ideia mais recente para melhorar o fluxo do trânsito em São Paulo: automóveis computadorizados. Passávamos debaixo da estação de metrô Sumaré, em direção ao Parque Antártica, Zona Oeste, na semana passada. Deviam ser umas 19h30. Praticávamos o pedestrianismo. […]

Por Matthew Shirts
Atualizado em 5 dez 2016, 17h24 - Publicado em 10 fev 2012, 23h50
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “É ridícula”, exclamou meu amigo Antônio Pedro, o Tota, também conhecido como “o professor”. Referia-se à minha ideia mais recente para melhorar o fluxo do trânsito em São Paulo: automóveis computadorizados.

    Publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Passávamos debaixo da estação de metrô Sumaré, em direção ao Parque Antártica, Zona Oeste, na semana passada. Deviam ser umas 19h30. Praticávamos o pedestrianismo.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    + Trânsito: campanhas de educação

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    “E depois”, continuou ele, “você é volúvel. Primeiro diz que todo mundo tem de andar de ônibus, aí é de metrô, e a pé, e agora, de carro. Tá louco!?”

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    + Como alguns prefeitos de São Paulo lidaram com o trânsito da cidade

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    O professor se entusiasmou menos do que eu com os avanços na tecnologia automotiva. Expliquei os pontos altos da reportagem que lera em uma edição recente da revista americana “Wired”. Nela descobri, para minha surpresa, que já existem automóveis — Prius, da Toyota, para ser específico — que se dirigem sozinhos. E não é em uma pista de testes ou no estacionamento do Walmart. Nada disso. Já rodaram mais de 300.000 quilômetros em estradas da Califórnia, na hora do rush e tudo. Andam bem em meio aos outros veículos, no trânsito mesmo, com velocidade de até 75 quilômetros por hora. Não é demais?

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    O projeto mais avançado parece ser o do Google. Sim, a empresa de pesquisas e buscas nos computadores. O Google coloca 64 lasers em um aparelhinho que fica girando em cima dos carros. São equipados, ainda, com antenas de GPS e câmeras, que ficam de olho nos pedestres, por exemplo, e em outros obstáculos potenciais. As câmeras fornecem dados para o computador, que aprende, através da experiência. Com o tempo, torna-se capaz de prever os movimentos de outros veículos e de se guiar sozinho em todas as condições de trânsito, ou quase.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    “E adianta?”, pergunta o professor, cético, como sempre. “Já não temos carros demais?”. A essa altura, nós nos aproximamos da farmácia, onde realizamos o ritual da medição dos nossos pesos. Apesar dos esforços, o meu vem aumentando. O do professor permanece estável há tempos.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Acho eu que adianta, sim, explico para o Tota. Por dois motivos. Primeiro, o automóvel computadorizado dirige melhor do que o homem e, embora não tenha a mesma graça, com maior objetividade do que a mulher. Pensa mais rápido do que o humano e analisa uma quantidade de informação vinte vezes maior que ele. Se todos os carros viessem equipados com a capacidade de autodireção, boa parte dos congestionamentos acabaria. Isso porque, mesmo lotadas, apenas 5% das estradas tem o asfalto coberto com automóveis. Carros computadorizados aproveitariam melhor os espaços, reduziriam os engarrafamentos, o que diminuiria — em muito — a poluição e as emissões de gases de efeito estufa.

    Continua após a publicidade

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    O professor não se comove. Mas continuo em frente, sem me intimidar com o silêncio. Melhor ainda, explico, esses automóveis dariam fim à violência das rodovias brasileiras, onde acontecem 723 acidentes, com 35 mortes e 417 feridos — por dia!

    “É uma guerra!”, exclamo, um pouco exaltado. Segundo escreve o antropólogo Roberto DaMatta em “Fé em Deus e Pé na Tábua: ou Como e por que o Trânsito Enlouquece no Brasil”, que recomendo, aliás, uma melhoria sensível na violência do trânsito depende de um gigantesco esforço de autorreflexão e transformação cultural.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Talvez seja mais fácil pular essa etapa de transformação cultural, pondero com Tota. A chave seria trocar os motoristas por automóveis computadorizados, que se dirigem. Em vez de acabar com os carros, substituem-se os motoristas por máquinas, como aconteceu nos elevadores e, cada vez mais, nos aviões.

    “E os hackers?”, me pergunta o professor. “Como é que faz?”

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital
    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de São Paulo

    a partir de R$ 39,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.