Morre Tereza Rachel, a atriz e empreendedora do teatro
Uma das grandes atrizes de uma geração de grandes atrizes brasileiras. A fluminense Tereza Rachel encontrou o seu espaço no teatro e talvez tenha ficado menos popular que suas contemporâneas, como Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Eva Wilma ou Nicette Bruno, por ter investido menos na televisão. Os poucos momentos no vídeo, no entanto, foram marcantes e […]
Uma das grandes atrizes de uma geração de grandes atrizes brasileiras. A fluminense Tereza Rachel encontrou o seu espaço no teatro e talvez tenha ficado menos popular que suas contemporâneas, como Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Eva Wilma ou Nicette Bruno, por ter investido menos na televisão. Os poucos momentos no vídeo, no entanto, foram marcantes e entraram para a galeria célebre da televisão brasileira. A histérica Rainha Valentine de “Que Rei Sou Eu?” (1989), a maquiavélica embaixatriz Renata Dumont, de “Louco Amor” (1983), e a poderosa Francesca Ferretto, de “A Próxima Vítima” (1995), fizeram Tereza descobrir a popularidade e serão esses os tipos que ficarão na memória do grande público para confirmar seu talento. A artista de 82 anos morreu no último dia 2, depois de quatro meses internada no Rio de Janeiro, por complicações de um quadro agudo de obstrução intestinal.
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Tereza Rachel estreou nos palcos em 1955, sob a direção de Henriette Morineau, na comédia “Os Elegantes”. Nos anos seguintes, a jovem atriz passou por companhias em evidência, como o Teatro Nacional de Comédia, a Cia. Tônia-Celi-Autran e o Teatro Brasileiro de Comédia. Em 1961, ela arrancou aplausos da crítica como a Dina Guigui, de “Boca de Ouro”, a amante do bicheiro carioca, que conta diferentes versões da vida e das atividades do personagem-título da peça de Nelson Rodrigues. Empreendedora, a artista sonhava com o próprio teatro para poder investir em montagens de diferentes linguagens e sem a preocupação imediata com o retorno financeiro. O conhecido Teatro Tereza Rachel – atual Theatro Net Rio – foi inaugurado em 1971 em um shopping de Copacabana e se tornou palco de grandes espetáculos da década de 70, além das produções de sua proprietária, claro.
O espetáculo de abertura foi “A Mãe”, de Stanislaw Witkiewicz, dirigida pelo mesmo encenador francês do original que Tereza aplaudiu em Paris, Claude Régy. Em 1974, importou outro francês, Jorge Lavelli, para comandar uma ousada encenação de “A Gaivota”, de Tchecov, em que foi secundada por Renata Sorrah, Sergio Brito e Cecil Thiré. Sob a direção de Paulo José, a atriz protagonizou “Gata em Teto de Zinco Quente”, ao lado de Antonio Fagundes, e, nos anos, 80, voltaria a um clássico de Tennessee Williams, na pele da mítica Blanche Dubois em “Um Bonde Chamado Desejo”, comandada pelo francês Maurice Vaneau.
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Tereza também enumerou trabalhos no cinema. Foi premiada com o longa “Amante Muito Louca”, realizado por Denoy de Oliveira, e, dirigida pelo cineasta Ipojuca Pontes, com quem foi casada, participou de “A Volta do Filho Pródigo” (1968) e “Pedro Mico” (1985), aqui contracenando com Pelé. Nos últimos anos, Tereza estava afastada dos palcos, e as últimas aparições no vídeo se deram em pequenas participações nas novelas “Caras e Bocas” (2009) e “Babilônia” (2015), além da série “A Vida Alheia” (2010).
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