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Protagonista de “A Noite das Tríbades”, Norival Rizzo diz que ator bom é aquele que reconhece o seu tamanho

Sem pestanejar, eu afirmo… A Noite das Tríbades está entre as cinco melhores peças que vi esse ano. Talvez entre as três. E grande parte do poder dessa comédia dramática escrita pelo sueco Per Olov Enquist e dirigida por Malú Bazan está nas mãos do ator Norival Rizzo. Paulistano mais que gente boa, Norival Aparecido […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 23h39 - Publicado em 7 nov 2013, 18h44
Norival Rizzo: a comédia dramática "A Noite das Tríbades" pode ser vista no Teatro Eva Herz (Foto: Mário Rodrigues)

Rizzo: “minha ideia é sempre transformar o personagem no homem mais comum possível” (Foto: Mário Rodrigues)

Sem pestanejar, eu afirmo… A Noite das Tríbades está entre as cinco melhores peças que vi esse ano. Talvez entre as três. E grande parte do poder dessa comédia dramática escrita pelo sueco Per Olov Enquist e dirigida por Malú Bazan está nas mãos do ator Norival Rizzo. Paulistano mais que gente boa, Norival Aparecido Rizzo tem 62 anos e uma vida que muitas vezes parece ficção. Mas isso já foi papo de outra matéria feita por nós lá no mês de maio. Aqui, ele fala do espetáculo, que volta ao cartaz aos sábados e domingos no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura, comenta a experiência em Sangue Bom, a primeira novela na Rede Globo, e lança algumas frases que podem fazer muita gente refletir um pouco. “Aquele ator que deseja se equiparar ao Paulo Autran, por exemplo, vai ser um grande frustrado”, afirma Rizzo.

É mais difícil interpretar um personagem real, no caso o dramaturgo August Strindberg?

Olha, eu já havia interpretado o Monteiro Lobato em uma peça de 1972, lá no início da minha carreira. É claro que, para viver o Strindberg, eu procurei uma bibliografia a respeito dele. Já conhecia e reli algumas de suas peças. Ainda descobri outras. Mas, pelo menos comigo, não é assim que funciona um processo de criação. Todos os personagens que faço carregam o que trago da experiência pessoal. Deposito nesses homens um pouco da minha vivência, das minhas alegrias, das minhas tristezas e assim eu os construo. A base é o próprio texto, aquele que foi escrito por um dramaturgo e que vou seguir a cada noite. Mas a minha ideia é sempre transformar o personagem no homem mais comum possível, mesmo em se tratando do Strindberg.

Em que ponto exatamente você buscou a humanização desse personagem?

O que apresentamos é uma história ambientada no século 19, certo? E pensa bem no que aconteceu com aquele homem… A mulher o deixou por outra. Se hoje essa situação já é muito complicada para um homem lidar, então imagina o que isso significava naquele tempo? Por ser um artista, um intelectual, o Strindberg tentou alimentar um ar de superioridade. Ele quis mostrar que aquilo não lhe abateu tanto. Então, chama a ex-mulher e a amante dela, o pivô da separação, para ensaiar uma nova peça. Não tinha como dar certo. Em qualquer oportunidade, ele já fica alfinetando as duas. O resultado disso é muito legal. A ironia é o grande mote desse texto e acho que conseguimos transmitir no espetáculo.

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Qual foi o saldo da sua participação na novela Sangue Bom, que acaba de sair do ar?  

Foi uma experiência válida para compreender como é que funciona a televisão. Eu terminei a novela entendendo porque o ritmo e o modo de trabalho de uma novela precisam ser daquele jeito, mais veloz, menos ensaiado. Fui muito bem tratado e não posso dizer que fui mal pago. Conheci um pessoal bem legal. Tanto que alguns dos meus colegas estão se organizado para ver A Noite das Tríbades aqui em São Paulo.

Você continua aberto para fazer mais novelas?

Sim, claro. Eu passei a valorizar o trabalho de muita gente que não conhecia e também entendi as limitações de cada ator. A televisão exige de você outro tipo de talento, quer dizer um talento diferente do que daqueles que estão acostumados com o palco. E é muito legal entender que cada ator tem o seu tamanho. E um ator só é bom realmente quando sabe qual é o seu próprio tamanho.

E qual é o seu tamanho?

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Eu não posso querer ser como o Al Pacino ou como o Roberto De Niro. Eles são muito maiores que a grande parte dos profissionais que conhecemos. Aquele ator que deseja se equiparar ao Paulo Autran, por exemplo, vai ser um grande frustrado. Esses caras tiveram outras vivências e oportunidades. Eu sou o Norival Rizzo e ponto. O que me importa é dar dignidade ao papel que me confiaram. Em nenhum momento, um ator pode querer ser mais ou aparecer mais que o personagem. Nesses casos, tudo fica complicado. A vida é assim. As pessoas não são iguais. Tem gente que é brilhante e tem gente que serve o café para quem é brilhante.

Depois de A Noite das Tríbades, você volta a fazer Doze Homens e Uma Sentença, não?

Isso mesmo. Em janeiro, Doze Homens e Uma Sentença vai ser levado para o Rio. A temporada será no Centro Cultural Banco do Brasil. Mas já tenho outro trabalho engatilhado que deve entrar em cartaz em julho ou agosto, logo depois da Copa do Mundo. O Thiago Fragoso e eu vamos protagonizar O Sucesso a Qualquer Preço, sob a direção do Alexandre Reinecke. O Al Pacino fez essa peça na Broadway e eu vou fazer aqui. Falando nele, né?

Leia aqui a crítica do espetáculo A Noite das Tríbades, em cartaz no Teatro Eva Herz.

Clara Carvalho, Daniel Volpi, Nicole Cordery e Norival Rizzo: "A Noite das Tríbades" volta ao cartaz no Eva Herz (Foto: Flavio Tolezani)

Duelo no ensaio: Clara Carvalho, Daniel Volpi, Nicole Cordery e Norival Rizzo em “A Noite das Tríbades” (Foto: Flavio Tolezani) 

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