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“Árvores Abatidas ou para Luis Melo” e a cabeça nada provinciana de Rosana Stavis e Marcos Damaceno

Confesso que até hoje não li “Árvores Abatidas”, o romance do austríaco Thomas Bernhard (1931-1989). Não deveria comentar isso, mas ainda acredito que a vida fica melhor quando as verdades são ditas. Também tinha poucas referências do trabalho da atriz paranaense Rosana Stavis e não gostei nada de “Sonho de Outono”, montagem apresentada por ela […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 11h06 - Publicado em 10 abr 2013, 20h07

Rosana Stavis: a atriz divide-se em doze personagens que circulam durante um jantar (Foto: Elenize Dezgeniski)

Confesso que até hoje não li “Árvores Abatidas”, o romance do austríaco Thomas Bernhard (1931-1989). Não deveria comentar isso, mas ainda acredito que a vida fica melhor quando as verdades são ditas. Também tinha poucas referências do trabalho da atriz paranaense Rosana Stavis e não gostei nada de “Sonho de Outono”, montagem apresentada por ela quase quatro anos atrás com base no lindo texto de Jon Fosse e dirigida pelo mesmo Marcos Damaceno. Mas algo me dizia que valia a pena investir no espetáculo em cartaz na Caixa Cultural da Praça da Sé, de quintas a domingos, com entrada franca, até o dia 21. Nem que fosse por causa do curioso título.

Adaptado e dirigido por Damaceno, o livro de Bernhard foi transformado no monólogo “Árvores Abatidas ou para Luis Melo” e quem assisti-lo também não ficará indiferente. A produção curitibana oferece uma irônica e crítica visão sobre artistas e formadores de opinião. Em um primeiro olhar, pode parecer ofensiva, mas basta digerir melhor as palavras para entendê-las como um elogio ao talento e às opções de vida de cada um. Por trás desse texto está a madura percepção dos artistas envolvidos, como Damaceno e Rosana, do mercado em que atuam e das razões que os levam a persistir nesse campo muitas vezes menosprezado.

Falo isso porque sou de Porto Alegre e, volta e meia, ouço comentários esquisitos sobre quem saiu de lá e trabalha no Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília. Também encontro gente falando mal de outros que nunca mudaram do lugar de origem para exercer a atividade escolhida em cidades onde supostamente teriam mais alternativas. Ranço, inveja, admiração. Todas essas palavras permeiam “Árvores Abatidas ou para Luis Melo”. Responsável por essa valorização é a própria Rosana. Em um prova de versatilidade, a protagonista divide-se em doze personagens, explorando apenas a modulação da voz e uma leve movimentação corporal. Na trama, todos circulam por um chamado “jantar artístico” oferecido por um casal da sociedade em homenagem a uma coreógrafa falecida e também a um grande ator de teatro, que, nos últimos tempos, conheceu o sucesso através das telenovelas. Essa é a explicação para a referência ao grande ator paranaense Luis Melo no título e, em nenhum momento, ela se torna depreciativa, pelo contrário. Pensamentos típicos da província, muito bem compreendidos e transmitidos pela mente nada provinciana de Marcos Damaceno e Rosana Stavis.

ah… O espetáculo despertou em mim uma franca necessidade de ler “Árvores Abatidas”, de Thomas Bernhard.

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