Miguel Falabella e Marília Pêra no musical “Alô, Dolly!”, atração do Teatro Bradesco (Foto: Caio Gallucci)

Em seus três trabalhos mais recentes na televisão – a novela “Aquele Beijo” e os seriados “A Vida Alheia” e “Pé na Cova”, a atriz carioca Marília Pêra estabeleceu uma profícua parceria com o ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella. A partir do sábado (2), a dupla estende essa relação para o palco como protagonistas do musical “Alô, Dolly!”, que estreia no Teatro Bradesco. A atriz, que completou 70 anos em janeiro, comenta um pouco o novo espetáculo e o atual mercado de musicais.

Você e Falabella trocam informação sobre o seriado “Pé na Cova” nos bastidores de “Alô, Dolly!” ou vice-versa?

Quem manda em tudo é o Falabella. Na realidade, eu mais ouço que troco informações. Ele vai praticamente todas as noites ao meu camarim. Ali, me conta o que vem pensando, comenta um pouco do seriado ou do espetáculo. Às vezes, entre uma respiração dele, eu falo uma frase que gostaria, mas é tudo do jeito dele, é o Falabella quem decide tudo. E sempre resulta em um prazer receber o texto e ver que ele escreveu aquelas palavras já ouvindo a minha voz.

O que é fundamental para um ator ser bem-sucedido no mercado dos musicais?

Ah, se soubesse isso eu só faria sucesso. Mas quando assisto a um musical eu dou muito valor a um artista que canta bem, não grita, não fere meus ouvidos. No teatro em geral, gosto quando o ator conta uma história como se não fosse ele mesmo, entende? Não é a Marília no palco. Não é o Falabella. Muitas vezes, eu tenho a impressão de que o público não entende o que está acontecendo no palco porque não há essa troca entre os atores, não houve ensaio suficiente para estabelecer uma contracena, uma parceria.

Como você avalia essas novas gerações que se formam com o objetivo de atuar em musicais?

Houve um tempo que era só Bibi Ferreira que cantava e interpretava. Depois era Bibi e eu. Mais tarde, vieram a Sandra Bréa, a Claudia Raia. Hoje, existem milhares de atrizes de musicais. Até porque existe uma profusão muito grande de escolas. Mas às vezes percebo que falta algo na interpretação. Sinto falta de diretores mais preparados que ensinem atuação a profissionais tão preparados no canto e na dança. Talvez nossos diretores devessem fazer estágios lá fora e trazer um método de interpretação, de como organizar melhor uma história cantada e dançada, algo que resulte tão bom quanto as suas encenações.

Clique aqui para ouvir o áudio da entrevista na íntegra.

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