Acusado de receber 240 milhões, Marcelo processa presidente da Odebrecht
Ruy Sampaio afirmou que herdeiro da empresa levou a quantia por fazer delação premiada com o Ministério Público Federal
O engenheiro Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht que ficou dois anos e meio preso pela Operação Lava-Jato, em Curitiba, entrou com uma ação judicial na qual pede explicações ao atual presidente da companhia, Ruy Lemos Sampaio,
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, em 20 de dezembro, Sampaio afirmou que Marcelo recebeu, em 2016, 240 milhões de reais da empresa para aceitar assinar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. “Foi uma chantagem que ele fez e continua fazendo com a empresa, em troca de dinheiro e poder”, afirmou na ocasião. Após a reportagem, o herdeiro do grupo foi demitido por justa causa.
Na ação, que corre na 23º Vara Criminal da Barra Funda, a defesa de Marcelo afirma que sua relevante história no grupo, pautada em valores que sempre nortearam sua vida pessoal e profissional, fez com que atingisse cargos de destaque na sociedade. E que nem mesmo a Operação Lava-Jato investiu contra sua honra.
“Além de pretensamente violar expressa cláusula de confidencialidade, cujo prazo de resguardo é de vinte anos, denota-se que o senhor Ruy Sampaio divulgou em mídia nacional informações confidenciais, com o objetivo de prejudicar a imagem do requerente (Marcelo)”, escreveram os advogados Eduardo Zynger e Ricardo Nacarini. “A honra do senhor Marcelo foi vilipendiada, tratada com desdém.”
Na petição, há cerca de trinta perguntas, que deverão ser respondidas por Sampaio, caso o juiz determine. Veja algumas delas:
– O senhor confirma a informação de que o requerente teria pedido 310 milhões de reais e recebeu, há três anos, 240 milhões para fechar acordo de colaboração premiada?
– É do conhecimento de vossa senhoria que o requerente fez e continua a fazer chantagem com a Odebrecht?
– Onde, quando e em que local a chantagem foi feita?
– O senhor confirma que o requerente se vale de falsas acusações e denúncias sem fundamento para chantagear e extorquir?
A depender das respostas, a defesa de Marcelo Odebrecht pode ingressar com uma ação criminal de calúnia e difamação. Procurada, a assessoria da Odebrecht disse que a empresa não vai comentar este assunto. Marcelo Odebrech, também procurado, não quer se pronunciar.