“Para um bazar”, diz doleira que postou foto de sapato Chanel e tornozeleira
"Comprei tudo o que o dinheiro poderia comprar e hoje só quero sossego", afirma Nelma Kodama, condenada a quinze anos de prisão pela Operação Lava Jato
A ex-doleira Nelma Kodama, presa em 2014 com 200 000 euros no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e condenada a quinze anos de prisão por lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, entre outros crimes, deu o que falar no fim de semana após publicar em seu perfil no Instagram uma foto usando uma tornozeleira eletrônica ao lado de um sapato Chanel.
A postagem recebeu mais de 1 500 comentários, a maioria negativos para ela. A imagem é de 2016 e foi clicada durante uma sessão de fotos para uma reportagem de VEJA.
Esta não é a primeira vez que Nelma causou burburinho. Em 2015, durante um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ela cantou a música Amada Amante, de Roberto Carlos. Antes do cárcere, a doleira atuava em parceria com Alberto Youssef, com quem teve um relacionamento amoroso.
Em entrevista a VEJA SÃO PAULO nesta segunda-feira (29), Nelma disse que o sapato em questão está à venda. Confira:
Por que a senhora publicou a foto do sapato ao lado da tornozeleira?
Postei para as amigas, pois temos um grupo de desapego. Vamos organizar um grande bazar. Vou vender o sapato por 800 reais, muito menos do que os 2 000 reais que paguei nele há alguns anos.
Muita gente a criticou nos comentários.
Mas muita gente também me elogiou. Acho engraçado as pessoas julgarem sem saber. Não sabem o que eu fiz. Eu era só uma doleira que comprava e vendia dólares, nunca roubei merenda. Minha mercadoria era o dinheiro. Tem quem compra e vende carros e imóveis, eu comprava e vendia dólares. Vejo que meu nome ainda repercute bem.
O que mais a senhora vai vender no bazar?
Um vestido da grife Valentino. Comprei tudo o que o dinheiro poderia comprar e hoje só quero sossego. Quero ajudar as pessoas. Farei um leilão de uma camisa do Brasil autografada pelo Pelé e doarei o dinheiro para o Hospital do Câncer de Presidente Prudente.
Como a camisa foi autografada?
Eu fui à casa dele, no Guarujá, há algumas semanas. Fui na companhia de um amigo médico, o Eduardo Azevedo, que cuida do Pelé. Nos recebeu muito bem e autografou a camisa. (Nota: procurada, a assessoria do ex-jogador Pelé disse que o autógrafo ocorreu por meio do médico, sem a presença de Nelma Kodama).
A sua pena está em que fase de cumprimento?
Posso sair de casa das 6h às 22h, exceto em fins de semana e feriado. Aproveito esse tempo para recomeçar a minha vida. Eu e a minha cachorrinha, a Puca. Por isso atuo como consultora de moda, de interiores e de viagens. Quer ser meu cliente?
Faz consultoria financeira também?
Não, me aposentei da parte financeira. O problema é que não tenho empresa constituída, não posso nem ter conta em banco. A Receita Federal não deixa. É muito difícil recomeçar desse jeito. Estou pagando a minha pena e queria que as pessoas me deixassem em paz.
Qual o sentimento da senhora em relação a Sérgio Moro, que a condenou na Lava Jato e agora, como ministro da Justiça, está envolvido em vazamentos de conversas particulares com membros do Ministério Público Federal?
Tenho certeza que não está sendo fácil para ele. Faço votos que ele possa resolver isso da melhor forma possível. Moro foi um juiz aclamado e espero que consiga ser um ministro aclamado.
Essa afirmação é de “coração” ou da boca para fora?
Claro que é de coração. Assim como quero ter uma outra chance na vida. Não tenho rancor.