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Poder SP - Por Sérgio Quintella

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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Missão segunda dose: os agentes municipais que buscam os que faltaram à vacinação

Busca ativa de funcionários de UBSs é uma das ações da prefeitura para combater o aumento no número de paulistanos que não receberam o reforço da vacina

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 jul 2021, 20h42 - Publicado em 30 jul 2021, 06h00
Danilo Mesquita em primeiro plano ao celular utilizando máscara e de avental da cidade de são paulo. ao fundo, uma pessoa sendo imunizada por uma enfermeira
Danilo Mesquita, no Belém: contatos diários em busca de faltantes da segunda dose da vacina contra a Covid-19 na capital (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Enquanto se prepara para mais um dia de expediente na Unidade Básica de Saúde do Belém, na Zona Leste, o gerente do espaço, Danilo Dias Mesquita, 33, está de olho em uma lista que só aumenta na capital: a de pessoas que não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19. De uma semana para outra, o número passou de 173 000 para 218 000 paulistanos, um salto de 26%. Quando isso acontece, a primeira coisa que Mesquita e sua equipe — composta de 42 agentes comunitários de saúde e outras dezenas de enfermeiros, auxiliares de enfermagem, médicos e pessoal administrativo — fazem é se unir para atrair os faltosos. “Entramos no sistema e emitimos o relatório. O passo seguinte é iniciar o que chamamos de busca ativa, que começa por telefone e ocorre também de forma presencial”, diz o gerente do pedaço. Na última segunda (26), ali, 308 pessoas eram procuradas para tomar a dose de reforço.

Os motivos para o aumento dos faltosos são variados. Vão do simples esquecimento a uma necessidade de adiamento por causa de algum sintoma respiratório agudo. “Estamos no inverno e os casos gripais aumentam, independentemente de ser Covid ou não”, diz Mesquita. Outro fator que é visto nas unidades básicas da capital é o receio que as pessoas têm de apresentar reações adversas, mesmo que leves, como ocorreu na primeira dose, principalmente com o imunizante da AstraZeneca. Essa informação é corroborada com os números. Quase metade dos faltantes recebeu a vacina de Oxford. Mas a prefeitura faz um alerta: “Os efeitos variam muito de pessoa para pessoa, não se pode garantir que tendo reações vacinais na primeira dose a pessoa terá as mesmas reações na segunda, e o inverso também é verdadeiro”, afirma Sandra Sabino, secretária-executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde.

Embora os números tenham crescido, os agentes afirmam que não têm encontrado dificuldade para convencer os ausentes. “Como vamos sempre à casa das pessoas e as conhecemos por nome, é fácil convencê-las. No nosso território, entre os idosos, 95% foram imunizados”, afirma Dayane Rosa Leoni, 32, agente de saúde da UBS Jardim São Bento, na região do Capão Redondo. Responsável pela atenção básica de 230 famílias, divididas em duas ruas, Dayane também tem a possibilidade de providenciar a vacinação em domicílio. “Se percebemos que a pessoa não tem condições de locomoção, fazemos a imunização ali mesmo.” Por dia, cerca de dez vacinas contra a Covid são aplicadas em casa para as pessoas de sua área de atuação.

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Na região da Chácara Tatuapé, na Zona Leste, o agente comunitário Igor Fernando da Silva, 25, que percorre quatro grandes ruas quase todos os dias, tenta primeiro localizar os ausentes por telefone. “Outro dia, o seu Afonsinho estava relutante e não queria tomar a segunda dose. Disse que já havia contraído Covid e que estava satisfeito com a primeira vacinação”, afirma o servidor municipal. A saída, nesse caso, foi apelar para outras forças e conseguir convencer o idoso a comparecer ao posto. “Liguei para o filho dele, que o trouxe aqui. Deu trabalho, mas conseguimos. Isso é gratificante”, diz Igor.

Igor da Silva nos portões de uma unidade básica de saúde segurando tablet e conversando com mulher
Igor da Silva: tablet na mão e argumento na ponta da língua para convencer moradores da região em que atua a tomarem a segunda dose de vacina contra a Covid-19 (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Mas não é sempre que a culpa pela ausência é do munícipe. “Já fui a duas UBS no centro e não consegui achar a segunda dose da Pfizer”, diz a secretária Paula Assunção, 33, que esteve na semana passada nas unidades, mas voltou sem a picada no braço. Na terceira tentativa ela conseguiu, mas apenas perto de casa, no Grajaú. Na última segunda-feira (26), o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, anunciou uma medida para facilitar a vida de quem procura pela segunda dose. A prefeitura vai disponibilizar no site Filômetro (deolhonafila.prefeitura.sp.gov.br) o tipo de imunizante disponível em cada posto. Mas atenção: a medida só vale para a segunda dose e não se aplica à primeira imunização. O objetivo é evitar que os “sommeliers de vacina” usem o sistema para escolher o tipo de medicamento que querem receber.

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Publicado em VEJA São Paulo de 04 de agosto de 2021, edição nº 2749

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