Viralizou em menos de dois dias: no início do mês, com batida sensual do funk melódico, a música Quero que Tu Vá caiu na boca do público e de nomes como Luisa Sonza e Marília Mendonça, entre outros artistas que lançaram suas devidas indiretas. O videoclipe, lançado no sábado (21), já contabiliza quase 3 milhões de visualizações. Por trás da faixa, que fala sobre xingar uma pessoa em pensamento, seja ela um affair ou até um colega de trabalho, de forma mais “elegante” com palavrões bem enunciados, estão o produtor e cantor Koringa e a cantora Ananda.

“Fiz o refrão enquanto tomava banho. Gravei no celular, mas não gostei, não me senti confortável em cantar”, lembra Koringa. O trecho ficou guardado nos arquivos do aparelho e ele continuou com outras faixas do seu projeto Joker Beats, com o qual trabalha com produção. “Eu estava tendo um dia muito complicado, com tudo dando errado, e a Ananda estava em casa para produzirmos o CD dela”, diz o produtor. “A gente planejado, nada estava rolando e eu precisava ir embora”, conta a cantora, nascida Fernanda Gama, de 26 anos, na Tijuca, no Rio.

A moça já estava de saída quando ele mostrou alguns áudios e o refrão de Quero que Tu Vá, principalmente com os palavrões, chamou atenção. Ananda voltou e começaram a compor a música, o que durou duas horas. Durante a madrugada, Koringa jogou o áudio em diversos grupos do Whatsapp e começou a viralizar. “No dia seguinte, quando ouvimos uma versão da letra com arrocha, a gente viu que tinha pegado”, diverte-se a moça.

Koringa é conhecido por fazer o funk melódico que foge de letras mais explícitas e costuma emplacar suas composições em novelas da Rede Globo. Suas produções já foram trilhas de América, Amor à Vida, Avenida Brasil, A Força do Querer entre outras. “Tenho três filhas e tenho um pouco de vergonha de cantar algumas músicas, como foi com essa”, diz o produtor. “Eu sempre gostei das músicas de duplo sentido inteligente: preserva a inocência de que é inocente e desperta a malícia de quem é malicioso.”

No caso de Quero que Tu Vá, Koringa defende. “Todo mundo pensa xingar alguém e falar palavrões: se você está muito bravo, pede um minuto, entra no quarto e grita um palavrão. Você vai sair bem aliviado e evitará uma briga corporal”, explica. “E a Ananda conseguiu colocar muita coragem na composição.” Além disso, a música é um tanto universal ao não definir um destinatário: pode ser para um ex-amante, um ex-amigo, um chefe, colega de trabalho… “Se você mandar seu vizinho para aquele lugar, pode dar confusão. Mas se colocar a música, é só uma música e você ainda manda o recado.”

Já artista ficou apreensiva quando percebeu que as pessoas já estavam com a faixa na ponta da língua. “Comecei a cantar na igreja e minha mãe é evangélica fervorosa. Eu liguei para ela e expliquei que tinha feito a música e que tinha um palavrão. Um não, dois”, diz. Segundo ela, a mãe, Lizonete, ficou espantada e só se acalmou depois de a filha ter, em sua defesa, o fato de que a letra diz que todo mundo pensa em xingar, mas que não xinga. “Ela sabe que eu falo palavrão fora de casa e ali eu estava explicando que eu posso pensar e não falar”, conta. Com mamãe mais calma, Ananda aproveita a boa repercussão. “Em vez de esperar e lançar o disco completo, vamos lançar em algumas semanas o EP com as canções já feitas para trabalhar melhor.” Esperamos.

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