Filme brasileiro conta história de atletas em busca de vencer na Olimpíada
Em entrevista à Vejinha, Fernanda Freitas e Thalita Carauta falam sobre o longa 4x100 — Correndo por um Sonho
4×100 — Correndo por um Sonho, em cartaz nos cinemas, tem direção de Tomas Portella e, com um poderoso elenco feminino, aborda a convivência de atletas que precisam entrar em sintonia a fim de vencer a Olimpíada de Tóquio. Thalita Carauta, Fernanda Freitas, Roberta Alonso (que também escreveu o argumento do filme), Priscila Steinman e Cintia Rosa formam o time de corredoras que ganha uma nova chance de reescrever sua história.
Maria Lúcia (Freitas), a responsável pela derrota do grupo nos Jogos de 2016, e Adriana (Carauta) ganham mais destaque no drama nacional, uma vez que a forte amizade entre as duas foi abalada após tal fracasso profissional. À Vejinha, a dupla falou sobre a mensagem do filme e o que fez com que ambas aceitassem participar do projeto: “eu não tenho memória de ter visto longas brasileiros que falassem de esporte a não ser boxe, luta… então já achei que era uma proposta muito interessante, grandiosa. O filme de fato traz algo épico, com os estádios, as Olimpíadas e as pistas de corrida. O universo do atletismo é realmente instigante, mas, ao mesmo tempo, a personagem da Adriana, que sofreu demais com a derrota, foi o que mais me chamou atenção”, diz Thalita.
Para Fernanda, seu gosto pessoal por diversas modalidades esportivas foi o chamariz para interpretar Maria Lúcia. “Foi pelo conjunto da obra: o roteiro, as histórias de cada personagem, a história do grupo e o fato de o filme ter esporte como pano de fundo me conquistaram. Na escola eu cheguei a jogar vôlei, basquete e handebol, então isso tudo me envolveu no projeto”, diz.
Em 4×100 — Correndo por um Sonho, diversos núcleos se destacam em meio ao esforço do grupo em vencer os Jogos Olímpicos. O diretor dedica parte da narrativa para falar sobre a imensa pressão para obter uma medalha, as frustrações no processo e a importância da união entre as mulheres dentro de um cenário extremamente competitivo.
Thalita conta que a harmonia ultrapassou a tela e se fez presente no set de filmagens desde o princípio: “Foi incrível porque nós cinco somos muito diferentes com relação a personalidade e temperamento. Mas foi algo complementar, nós nos demos bem demais. Temos uma relação bem apaixonada e ficávamos sempre nós cinco durante as gravações. A união fez toda a diferença”, ressalta a atriz.
“Não nos conhecíamos, mas de cara formamos uma amizade surreal, cada uma com sua particularidade. Somos diferentes e acho que isso foi essencial para a construção das personagens. O filme começa com uma tragédia, quando elas derrubam o bastão na prova, e isso gera uma ruptura no grupo. Elas vão em busca de um novo sonho e, com isso, se realinham e se reinventam como equipe. Sobretudo enquanto mulheres que querem vencer na vida. O que conseguimos construir fora das câmeras foi fundamental para o resultado final”, completa Fernanda.
Thalita ainda destacou que havia espaço para discussão no set: “O diretor, Tomas, foi super aberto conosco. Tivemos espaço de escuta e diálogo com ele, com momentos decisivos de argumentações sobre para onde o filme poderia caminhar. Foi incrível ter essa troca entre cinco mulheres e um diretor homem”.
4×100 — Correndo por um Sonho é o resultado de um projeto de mais de dez anos de Roberta Alonso, que, além de ter escrito o argumento, batalhou para falar sobre atletismo feminino no cinema. Fernanda aponta: “Ouvimos tanto falar sobre atletas masculinos, então é sempre uma luta maior destacar o trabalho da mulher no esporte. O filme tem tudo a ver com este momento em que falamos sobre as nossas conquistas e o feminismo. Apesar de não seguirmos a abordagem feminista na obra, entendemos que ela está muito presente”.
Para Thalita, sua visão sobre as Olimpíadas agora é outra após Correndo por um Sonho: “Eu não sei se é pela familiaridade com a história, mas estou achando que estão falando mais sobre o tema agora. Nos jornais, na televisão… sinto que o espaço foi se abrindo um pouco. O futebol feminino com certeza abriu portas para isso. Depois dessa experiência, eu vejo tudo de outra maneira, e também observo que outras modalidades específicas estão ganhando mais destaque”.
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Publicado em VEJA São Paulo de 30 de junho de 2021, edição nº 2744