“Mãos Limpas”: faltou a Juca de Oliveira ironia e sutileza em nova peça
A comédia, escrita e protagonizada pelo ator, resulta um tanto pesada nas citações explícitas sobre processos ainda em curso da realidade brasileira
Como dramaturgo, Juca de Oliveira é craque em comédias inspiradas nos bastidores da política. Caixa Dois e Às Favas com os Escrúpulos são exemplos de como o autor faz gargalhar com base em elementos da nossa desgraça de cada dia.
Desta vez, em Mãos Limpas, dois traficantes (interpretados por Juca e Taumaturgo Ferreira) escapam de uma batida policial e se escondem em um apartamento vazio. O imóvel acaba de ser comprado pelo senador Diocleciano (papel de Fulvio Stefanini), representante da esquerda e com ambições de chegar à Presidência, como presente para sua jovem assessora e amante (a atriz Bruna Miglioranza).
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Os dois aparecem por lá, assim como o advogado dele (o ator Nilton Bicudo), e são flagrados em conversas sobre falcatruas pelos invasores. A chegada da mulher do político (Claudia Mello), que descobre a traição conjugal, completa a confusão.
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Os diálogos rápidos podem até causar risadas instantâneas de uma plateia disposta a se divertir com a falência moral. O texto, no entanto, se digerido, soa um tanto pesado. São muitas referências explícitas a situações ainda presentes da vida nacional em uma fase em que o país atravessa uma onda pessimista e de permanentes interrogações. Faltou a Juca doses de ironia e sutileza, algo que era comum em sua obra. Bicudo, Claudia e Bruna são destaques. Direção de Léo Stefanini (80min). 14 anos. Estreou em 5/10/2019.
+ Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2233, Cerqueira César. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 100,00 (sex. e dom.) e R$ 120,00 (sáb.). Até 15 de dezembro.
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