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Por Marcos Paulo Reis
Dicas sobre corridas para praticantes do esporte, por Marcos Paulo Reis.
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Uma história de superação

 Neste espaço passarei a chamar alguns amigos e figuras importantes do mundo da corrida.  O texto que segue abaixo é uma história real de um grande amigo e atleta de longa data em várias modalidade: Marcelo Apovian. Uma historia de superação que virou um livro. Operação Portuga, escrito por Sergio Xavier. Vale a pena a […]

Por VEJA SP
Atualizado em 27 fev 2017, 10h34 - Publicado em 10 jun 2013, 20h52

 Neste espaço passarei a chamar alguns amigos e figuras importantes do mundo da corrida.

 O texto que segue abaixo é uma história real de um grande amigo e atleta de longa data em várias modalidade: Marcelo Apovian. Uma historia de superação que virou um livro. Operação Portuga, escrito por Sergio Xavier. Vale a pena a leitura, uma história de vida.

Fui atleta “quase” profissional de esqui na neve (difícil ser profissional de um esporte que não é possível praticar no seu país). Competi durante doze anos pelo Brasil. Participei de duas Olimpíadas de Inverno e quatro Mundiais. Baita experiência de vida e esportiva. Comecei a correr para me preparar para as temporadas na neve, buscando um melhor condicionamento para a altitude das montanhas.

Ao longo dos anos a corrida de rua fazia parte da minha vida. Quando as provas ainda eram poucas e quase não havia corredores, fiz algumas de 6 km para 21 minutos.

No inicio de 1997 fui buscar ajuda de uma das únicas assessorias esportivas da época, a MPR. Queria estar forte para a minha última Olimpíada de Inverno que seria em fevereiro de 1998. Estava curtindo a rotina de treinos no Ibirapuera e na USP. No final deste ano comprei minha primeira bicicleta de triathlon.

Após as Olimpíadas de Nagano 98, “pendurei” os esquis de competição e foquei no triatlo e corrida. Porém, em setembro de 1999, de férias com os amigos na Argentina, sofri um grave acidente nas pistas de Lãs Lenas. Foram múltiplas fraturas na tíbia e fíbula da perna esquerda. Num primeiro momento a amputação foi cogitada, um erro médico deixou o que já era muito ruim, ainda pior. Foi um tratamento intenso, enxerto de osso retirado da bacia e colocado na parte traseira da tíbia, usei por 1 ano a “gaiola” ou melhor, o Ilizarov, invenção de um medico russo que leva seu nome no tratamento, também alonguei em 6 cm a perna, para voltar a ficar do mesmo tamanho de sua par direita. Fiz no total cinco cirurgias, usei mais de trinta pinos e fiquei sem andar direito por quatro anos.

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Tive alta do tratamento em julho de 2003, voltei a correr pouco tempo depois. Fiz minha primeira prova de triathlon em novembro do mesmo ano, o Meio Ironman (1900 metros de natação, 90 km de pedal e 21 km de corrida). Foi a comprovação da cura.

Fiz minha estreia em maratonas em 2004, 2h46 em Berlim. Bela prova, mas coisa de maluco. Acabei com muita dor nas pernas, nada que ver com as fraturas, era dor muscular. Ainda bem… No avião, voltando ao Brasil, prometi que jamais faria uma prova dessas novamente. Faz mal a saúde!

Mas confesso que fui picado pela “droga” mais forte de todas, a da superação, persistência e achar que sempre posso melhorar um pouquinho.

Em 2006 quebrando minha promessa, fui para a Maratona de Chicago. Uma tragédia, terminei para 3h11min. “Quebrei” no km 30 e andei até a chegada. Não satisfeito com esse aprendizado, fui novamente para Chicago em 2007, mas não bastava a quebra, era preciso algo mais para aprender a lição. Em vez da linha de chegada, fui parar no hospital. Hemorragia estomacal no km 22 da Maratona mais quente da historia de Chicago. Viva Chicago, viva o Lelo que não percebeu os sinais do corpo e foi além do limite.

Em 2008, Marcos Paulo Reis lançou um desafio, teríamos que bater o tempo do melhor aluno dele, o fanfarrão Amilcar Lopes. Cansado de ver o rebelde tirar onda com a cara dos outros corredores, foi em um restaurante da Rua Amauri em São Paulo que nasceu no Desafio do Portuga. Eram três corredores que teriam o meta de bater os 2h43min do português fanfarrão.

Doze meses de muito planejamento, treinamento e dedicação. O mítico fanfarrão foi desmascarado e destronado do reinado dos atletas amadores.  Depois de tanto apanhar em Chicago, cruzei os 42 km de Berlim em 2h37min58seg. Foi demais !! Chorei bastante, não por ter batido o tempo do meu amigo, mas por conseguir alcançar um objetivo que achei que seria muito difícil. Foram meses de muito treino e dor.

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Em 2010 achei que poderia correr mais rápido ainda, voltei para Berlim, mas no dia da prova a chuva foi meu grande rival. Frio, pesado pela roupa molhada e sem energia para suportar os 42km, abandonei no km 36 com inicio de hipotermia.

Para melhorar era preciso um planejamento maior, não seria fácil. 2011 foi o ano para planejar e testar os ajustes. Treinei muito, fiquei mais rápido e arrisquei um treino de luxo na Maratona de Nova Iorque. Cravei 2h41min. Gostei muito do resultado, o planejamento estava dando certo. E a Maratona de Nova York é fantástica, um astral que motiva até os mais cansados.

Estava pronto para entrar em 2012 e arriscar melhorar um pouco mais. Muitos treinos depois, novamente em Berlim, consegui tirar 1min29seg. e fechei para 2h36min29seg. Chorei muito, foi a prova que fiquei mais emocionado. Também pelo novo recorde pessoal, mas principalmente pela satisfação da missão cumprida. Maratona tem essas coisas, mexe muito com você, acho que estou ficando velho e mais sensível !!!

Hoje estou vivendo uma “ressaca”. Ainda não sei qual vai ser o próximo objetivo. Já pensei em fazer o Ironman, mas tenho problema de agenda de treino com o trabalho. Então que tal tentar a Ultra-Maratona? Marcos Paulo Reis é contra. Talvez, quem sabe, me reste tentar uma nova Maratona “sangue nos oio” com 42 anos de idade. Talvez a última para tentar melhorar um pouquinho.

Como em 2004 fiz a promessa de nunca mais correr maratona, fiz a mesma coisa no ano passado. Mas como comentei anteriormente, sou viciado nisso e um vício não se cura sem ajuda. Marcos Paulo, socorro!

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