Vizinhos Distantes
- Ano: 2015
Resenha por Fernando Masini
Não é fácil identificar um denominador comum no que se produziu na América Latina desde os anos 60 até os dias de hoje, mas o esforço da curadora Cristina Freire de reunir 250 trabalhos de artistas da região na mostra Vizinhos Distantes ajuda a apontar para algumas direções. Com recorte privilegiado na seleção, a arte conceitual é representada em colagens, revistas, livros, ações em espaços públicos e outras manifestações de resistência aos regimes militares. Nomes como os argentinos Juan Carlos Romero, que integrou o Grupo de los Trece na década de 70, e Horacio Zabala ganham projeção ao lado do espírito contestador de Felipe Ehrenberg. Em A Informação Muda a Imagem (1976), o mexicano cola lado a lado o mesmo retrato de uma pessoa acompanhado de legendas diferentes, fazendo notar como o texto pode mudar a percepção de quem olha a imagem. Extrapolam o plano bidimensional importantes obras que pertencem ao acervo do museu, a exemplo de Conceito Espacial (1965), do argentino Lucio Fontana, e Vibração (1963), do venezuelano Jesús Rafael Soto. Na primeira, o visitante se surpreende com rasgos numa tela pintada de amarelo. Soto, por sua vez, cria a ilusão de movimento ao inserir pedaços de metal à frente de um painel riscado. Numa composição quase totalmente abstrata, o cubano René Portocarrero revela uma igreja em Catedral (1961). Até 31/7/2016.