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Terrenal — Pequeno Mistério Ácrata

Comida & Bebida, Lazer & Cultura, Shows & Noite.

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 23 Maio 2019, 16h19 - Publicado em 13 nov 2018, 17h16
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    Benditos sejam os textos que encontram à disposição os grandes atores. E, assim, de saída, o drama Terrenal — Pequeno Mistério Ácrata, do argentino Mauricio Kartun, se consuma como uma potente obra graças à interpretação de Danilo Grangheia, Fernando Eiras e Celso Frateschi. Dirigido por Marco Antonio Rodrigues, o poderoso trio traz à tona uma parábola inspirada em elementos bíblicos e de associação imediata com a polarização e a intolerância da sociedade atual. Caim (personagem de Eiras) é o irmão mais velho, aquele que assumiu o controle das terras da família e se tornou um orgulhoso produtor de pimentões. Capitalista ferrenho, ele não entende Abel (representado por Grangheia), o caçula, apreciador do ócio, que vende iscas aos pescadores e perturba a sua paz como vizinho do mesmo lote. O retorno do pai, o Tata (papel de Celso Frateschi), depois de duas décadas, sepulta qualquer chance de uma convivência amistosa entre os dois. Omisso, Tata percebe a relação tempestuosa entre os filhos, mas lava as mãos como se nada tivesse a ver com isso. Marco Antonio Rodrigues criou uma encenação que resvala o tempo inteiro do trágico iminente para o cômico inevitável. Grangheia, acostumado ao estilo do diretor, tira de letra a proposta circense e apresenta o seu Abel como um clown em permanente deboche diante da arrogância de Caim. Artista de técnica apurada, Eiras foge da vilania e recorre a uma trilha poética, alcançando momentos de impacto em alguns solos e números musicais, como a citação de Melodia Sentimental, de Villa-­Lobos. Surpreendente em meio a esse desenho pouco realista, Frateschi se apropria das palavras de Tata para abraçar um discurso irônico que cresce ao atingir a melancolia e culmina em um mea-culpa de múltipla compreensão. Longe dos estereótipos, os personagens são falhos, ridículos e, por isso, tornam-se reconhecíveis aos olhos da plateia, mérito de uma direção segura. Participação especial de Demian Pinto (110min). 16 anos. Estreou em 22/11/2018. 

    Atenção: Nesta temporada, o ator Dagoberto Feliz substitui Fernando Eiras. Sergio Siviero está no lugar de Danilo Grangheia.

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