Geólogo de formação, o americano Roger Ballen começou a fotografar quando se mudou para a África do Sul, no início dos anos 80. Se primeiro ficou limitado a registrar simpáticas crianças que cruzavam o seu caminho, com o tempo direcionou o olhar crítico para a população marginalizada. Buscava deixar claro como a opressão atingia, além dos negros, a população branca, num país segregado pelo apartheid. Organizada cronologicamente, Roger Ballen: Transfigurações, Fotografias 1968-2012, em cartaz no MAC, evidencia como o interesse das lentes do artista foi se transformando. Ele criou, por exemplo, diversas séries nas quais os protagonistas são moradores brancos do interior, cujo ar de desamparo domina o retrato — Ballen chegou a ser preso por isso, mas não se intimidou. Pelo contrário, intensificou a esquisitice dos personagens nos anos seguintes. Em ensaios produzidos, construiu situações macabras e acentuou as deformações. O resultado se assemelha a um filme de David Lynch, só que bem menos polido. Prepare-se para ver imagens cheias de anomalia, numa estética assustadoramente inquietante. Até 6/12/2015.