Medea Mina Jeje
- Direção: Juliana Monteiro
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Certos espetáculos repercutem mais por causa da ousada proposta que pelo resultado visto da plateia. Exemplo disso, o monólogo Medea Mina Jeje, dirigido por Juliana Monteiro, alça voo pela coragem. Protagonizado por Kenan Bernardes, o solo traça um inesperado paralelo entre a tragédia grega de Eurípides e a exploração do ciclo do ouro em Minas Gerais no século XVIII. Na dramaturgia construída por Rudinei Borges, a escrava Medeia sacrifica o próprio filho. Ao contrário da personagem original, ela não busca vingança. Apenas quer libertá-lo do destino e das torturas comuns nas minas extrativistas do Brasil colonial. Bernardes se apropria da dramaturgia sem recorrer a recursos fáceis de interpretação. Ele dá voz ao sentimento de um povo oprimido sem se preocupar em acentuar uma Medeia feminina ou qualquer outro personagem, como o traidor Jasão, aqui um capitão do mato. Muitas vezes, o ator escorrega em uma narrativa um tanto difusa. A ambientação cênica, no entanto, reforçada pela luz — assinada por Wagner Antônio —, envolve o espectador e ajuda a valorizar a contundência do discurso, tornando-o mais palatável e provocador (40min). 14 anos. Estreou em 26/1/2018.