German Lorca: Mosaico do Tempo, 70 Anos de Fotografia
Resenha por Tatiane de Assis Chaves
As paredes em tons azuis dão um clima aconchegante e sóbrio à exposição German Lorca: Mosaico do Tempo, 70Anos de Fotografia. Navegar por seus dez núcleos, distribuídos no 1o e no 2o sub -solo do Itaú Cultural, é um exercício saboroso. Isso porque a produção de Lorca, um dos mais aclamados integrantes do Foto Cine Clube Bandeirante, não cai na monotonia. Em alguns momentos, o fotógrafo paulistano, que hoje tem 96 anos, parece se encantar com o acaso, vide a coreografia de sombras e poses dos homens na imagem À Procura de Emprego (acima à dir., 1948). Em outros casos, é tomado pelo completo fascínio pelo movimento, que se desdobra em sobreposições de objetos cotidianos, uma planta, por exemplo, e personagens familiares, como um de seus filhos, Frederico. O núcleo destinado aos trabalhos publicitários confere humor ao percurso e merece atenção. Em um deles,de 1962, há uma girafa na carroceria de uma picape da marca Jeep. A ideia era clicar a pescoçuda na caçamba do veículo, para mostrar quão versátil ele era. A proposta ousada, no entanto, quase se transformou em uma tragédia. O automóvel não aguentou o peso do animal e tombou .Assustada, a girafa saiu em desabalada carreira. Detalhe: o local para a realização da foto era o centro. A criatura esbelta estava na Rua Quirino de Andrade e seu destino final e surreal foi o Vale do Anhangabaú.