Ai Weiwei – Raiz
Resenha por Tatiane de Assis
Os sons de crianças e carros tão presentes no Parque Ibirapuera acabam sumindo dentro da Oca não só pelas paredes espessas, projetadas por Oscar Niemeyer. A cenografia circular pede atenção extra em dois de seus quatro pavimentos para a potente exposição Raiz. A mostra, com curadoria do carioca Marcello Dantas, apresenta obras antigas e novas, produzidas pelo artista chinês Ai Weiwei, de 61 anos. A clássica Sunflowers Seeds (à dir.; 2010) chama atenção pela forma com que o gesto individual e a monumentalidade são combinados. Ela é formada por 40 milhões de peças de cerâmica, pintadas uma a uma por artesãos chineses. De perto, o tapetão orgânico parece uma tarefa penosa, mas que convida à contemplação quando visto à luz natural do dia. A grandiosidade também atravessa o trabalho de Weiwei na série de esculturas do último piso, composta de pedaços de raízes de pequi-vinagreiro, espécie típica da Mata Atlântica. Os extratos criam um ambiente com percurso próprio, que faz pensar sobre a plasticidade e a riqueza da natureza brasileira. A política está presente o tempo todo na mostra, mas aparece de forma ainda mais incisiva no vídeo Panda to Panda (2015), em que o artista e o ativista Jacob Appelbaum recheiam dezenas de ursos de pelúcia com documentos confidenciais vazados pelo analista de sistemas Edward Snowden. Straight ( 2012) segue a mesma toada e traz vergalhões de aço que sobraram de escolas chinesas depois de um terremoto. Pela primeira vez esse trabalho é exibido na íntegra. Até 20 de janeiro de 2019.