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Conheça três atletas paulistas que estão nos Jogos Olímpicos

Gustavo Batista de Oliveira, o Bala Loka, Felipe Bardi e Raicca Ventura contam a trajetória até as pistas de Paris

Por Sérgio Quintella e Luana Machado
Atualizado em 27 jul 2024, 16h28 - Publicado em 25 jul 2024, 19h40
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O atleta de Carapicuíba Gustavo 'Bala Loka' treinando  (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Como uma bala disparada, a vida esportiva de Gustavo Batista de Oliveira, 21, mudou em pouquíssimo tempo. Até três anos atrás, quando ocorreu a última edição dos Jogos Olímpicos, no Japão, o menino nascido e crescido em Carapicuíba não fazia ideia de que estaria não apenas de malas prontas para a Olimpíada de Paris, como teria chances reais de levar para casa uma medalha na modalidade BMX Freestyle Park.

Entre uma pirueta e outra, ele foi bronze nos Jogos Sul-Americanos de Assunção, no Paraguai, em 2022, e garantiu no ano seguinte a inédita décima posição para um brasileiro em uma etapa na Copa do Mundo de BMX. “O primeiro objetivo já foi, que era conquistar a vaga olímpica. Agora vamos brigar mais”, diz Gustavo.

Aliás, se perguntarem pelo Gustavo nas rampas e pistas de terra em “Caracas”, como ele e seus amigos se referem a Carapicuíba, dificilmente alguém saberá dizer quem é. “Só me conhecem por Bala Loka”, diz o atleta, que ganhou o apelido após passar rápido demais por uma rampa e levar um tombo daqueles. “Quando acordei de um leve desmaio, um amigo falou que eu passei igual a uma bala. O outro falou que a bala era louca. Virei o Bala Loka”, ri.

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O acidente com Bala ocorreu com sua primeira bicicleta, que ele chama carinhosamente de Frankenstein. “Meu pai foi a um ferrovelho, viu o quadro de uma velha Caloi e levou para casa. Depois, foi montando com peças que ia comprando, e ganhei minha primeira BMX”, afirma o menino, com o brilho nos olhos de quem vê na Frankenstein um troféu que hoje fica exposto na parede de casa.

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A bike Frankenstein (Arquivo pessoal/Reprodução)

“Nunca tive vergonha da bike, que era feia, fazia barulho, mas era minha. Agora estou montando outra, com peças importadas, para usar nos Jogos”, diz o jovem, que embarcou para Paris na última segunda (22). Os treinos por lá começam nesta sexta (26) e, no dia 30, ocorre a primeira classificatória. A prova final será no dia 31.

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Outro que passa “rasgando” por quem assiste é Felipe Bardi, 25. No caso dele, o título de homem mais veloz do Brasil não veio por acaso. Em setembro do ano passado, após romper a barreira consagratória dos atletas que cruzam a linha de chegada em menos de dez segundos — com a marca de 9 segundos e 96 centésimos —, Bardi ainda garantiu o índice olímpico em uma só pernada.

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Treino no Sesi-SP, em Santo André (SESI-SP/Divulgação)

“Bati na trave por uns três anos antes do recorde, mas eu sabia que ia acontecer. No dia, era uma competição estadual, o Troféu Bandeirantes, e eu estava muito tranquilo, correndo sem expectativas”, lembra. Agora, ele se prepara para a prova dos 100 metros, a mais curta do atletismo em pista descoberta, no dia 3 de agosto, às margens do Rio Sena.

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“Com o recorde, eu fiquei mais tranquilo para competir nos Jogos, porque sei que estou correndo com os grandes atletas. Obter o índice olímpico no ano passado também me trouxe maior tranquilidade para treinar”, conta. Em seu segundo ciclo olímpico, o paulista de Americana afirma estar confiante e sem o mesmo furor da estreia, em 2021.

Na Olimpíada de Tóquio, o velocista realizou o sonho de correr na competição após uma temporada difícil, de recuperação de lesões, marcada, porém, por conquistas como o campeonato continental no Equador e o 26º lugar no ranking mundial dos 100 metros rasos da World Athletics. “Eu estava deslumbrado em 2021. Imagina estar na Vila Olímpica ao lado do Ítalo Ferreira e da Rebeca Andrade. Mas Paris será diferente, porque estou mais maduro”, promete.

Raicca, durante treino
Raicca, durante treino (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Outra promessa do esporte e acostumada às velozes rodinhas do skate, Raicca Ventura, de apenas 17 anos, pensou em alguns momentos que poderia ficar de fora dos Jogos de Paris. No início do ano, durante um treinamento nos Estados Unidos, a jovem, nascida em São Caetano do Sul, sofreu uma lesão no ligamento do joelho. “Após uma manobra, ocorreu a contusão. Foi um estiramento, não uma ruptura, e consegui tratar fazendo bastante fisioterapia. Levou um mês para me recuperar, mas pareceu um ano.”

Raicca embarca para os Jogos no dia 28 e fará uma parada em Portugal, onde se juntará à seleção brasileira. Depois, encontrará os pais. “Nós iremos dois dias depois e nos encontraremos em Paris. Não sei quem está mais ansiosa”, diz a mãe, Camila.

Aliás, para controlar a ansiedade em razão da tenra idade e do tamanho que sua carreira está alcançando, Raicca mantém duas rotinas relativamente simples: terapia e diversão. “Andar de skate é sempre divertido”, afirma ela, que começou com um modelo que ganhou da avó. “Era de plástico, não dava para correr, mas virou um skate histórico. Pena que ele não está mais aqui para contar a história.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de julho de 2024, edição nº 2903

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