Mark Gatiss: “Para cada pessoa que diz ‘eu te amo’, tem outra querendo sua cabeça”
Uma fila interminável ocupa a calçada do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Adolescentes com câmeras e celulares em punho, aguardam sob o calor de 33ºC do último sábado, aos gritos histéricos. A espera não era para ver nenhum ídolo pop, mas o roteirista, produtor e ator Mark Gatiss, que participaria de um encontro com […]
Uma fila interminável ocupa a calçada do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Adolescentes com câmeras e celulares em punho, aguardam sob o calor de 33ºC do último sábado, aos gritos histéricos. A espera não era para ver nenhum ídolo pop, mas o roteirista, produtor e ator Mark Gatiss, que participaria de um encontro com fãs das séries Sherlock e Dr. Who, nas quais assina episódios e atua (em Sherlock), na Livraria Cultura.
Longe do estereótipo de galã, este típico inglês de 47 anos e cabelos ralos, parecia divertir-se em ser alvo da histeria dos cerca mil jovens (e não tão jovens) na plateia. “O senhor também está em um episódio de Game of Thrones. Devemos fazer uma camiseta ‘Mark Gatiss, o imperador’?”, perguntou uma das repórteres no encontro. “Sim! Fiz um papel de rei, por apenas três dias, e gostei muito da sensação. Agora quero ser imperador do universo”, diz, num humor britânico que se manteve durante todo o evento. Confira alguns momentos:
Três episódios de 90 minutos
Um dos principais questionamentos (não só dos jornalistas como também dos fãs) é o fato de Sherlock ter apenas três episódios de 90 minutos – e demorar dois anos até termos uma nova temporada -a terceira está prevista para 2016. Gatiss justificou: “Além de ter atores requisitados no cinema – “e seria mancada segurá-los por tanto tempo em um programa” -, o roteirista disse não ter mesmo tempo para fazer. “Cada episódio é um filme. A gente não tem como escrever e produzir em poucos dias.”
O retorno de Sherlock
Para Gatiss, um dos aspectos positivos do sucesso da série é saber que as pessoas estão voltando a ler e conhecer o famoso personagem de Conan Doyle. “Ele já é um personagem muito forte, o que o deixa ainda mais atraente na série”, comenta. Segundo ele, não existe escritor de terror ou suspense que não goste ou nunca tenha lido Sherlock. “O processo para escrever os episódios é mais fácil. Como temos bons enredos na obra de Doyle, não precisamos começar do zero, da página em branco”, conta.
Internet e as séries
“Eu não leio, não vejo”, afirma o roteirista. “O problema é que para cada pessoa que diz ‘eu te amo’, tem outra que quer cortar sua cabeça fora”, diz. “Tem que saber manter uma distância para não influenciar.” O lado positivo, ele diz, é o rápido retorno da audiência sobre a qualidade do trabalho e acesso a todas as informações que precisa. “Por outro lado, eles conseguem ver até os episódios que não foram ao ar e isso é ruim.”