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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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TOC, o falso perfeccionismo

O transtorno obsessivo-compulsivo (popularmente conhecido por sua sigla, TOC) é uma patologia psiquiátrica que atinge aproximadamente 2% da população em qualquer país e se expressa pela ocorrência de obsessões, compulsões ou ambas. Obsessões são eventos necessariamente encobertos (ditos mentais) que ocorrem no cérebro. Trata-se de pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que ocorrem de […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 13h58 - Publicado em 3 dez 2015, 13h54

toc

O transtorno obsessivo-compulsivo (popularmente conhecido por sua sigla, TOC) é uma patologia psiquiátrica que atinge aproximadamente 2% da população em qualquer país e se expressa pela ocorrência de obsessões, compulsões ou ambas.

Obsessões são eventos necessariamente encobertos (ditos mentais) que ocorrem no cérebro. Trata-se de pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que ocorrem de maneira intrusiva e indesejada. Os conteúdos mais comuns das obsessões são os relacionados à contaminação e limpeza (medo de se contaminar em situações improváveis), à agressão ou violência (impulso para agredir ou a imagem persistente de alguém se acidentando), sexuais (impulsos imaginativos para praticar atos sexuais inadequados), religiosos (atribuição de valor de pecado para atos comuns) e somáticas (desconfiança exagerada de possuir alguma doença).

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Já as compulsões são comportamentos repetitivos (explícitos ou encobertos) que a pessoa se sente compelida a executar em resposta a uma obsessão (a maior parte dos casos) ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente. De modo geral, o comportamento compulsivo serve para aliviar a tensão produzida pela obsessão, ou seja, as obsessões e as compulsões não geram prazer. Por exemplo, o medo obsessivo de contaminação pode levar ao comportamento de lavar as mãos compulsivamente. Ao lavar as mãos, a pessoa sente um alívio da tensão gerada por achar que suas mãos estavam contaminadas.

Tanto as obsessões quanto as compulsões presentes no TOC são comportamentos que podem aparecer ocasionalmente no repertório de pessoas saudáveis. O que determina o diagnóstico da patologia é a intensidade, a frequência e a duração do padrão obsessivo-compulsivo, o sentimento de angústia produzido por ele e os prejuízos sociais e ocupacionais gerados.

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Praticamente todas as pessoas com TOC têm bom insight, ou seja, elas reconhecem que as crenças do TOC não devem ser verdadeiras e gostariam de agir de modo diferente. Mas há casos de pessoas com TOC que acreditam que as crenças disfuncionais são, na verdade, plausíveis. Esse nível de insight, portanto, define quadros mais graves de TOC.

Pessoas com TOC normalmente são meticulosas, inflexíveis e tendem a sentir culpa com facilidade. Importam-se bastante com a opinião dos outros e têm medo de prejudicar alguém por conta de seus atos. Paradoxalmente, as coisas de pacientes com TOC tendem a ser menos organizadas. Isso acontece porque gastam tanto tempo repetindo verificações e procedimentos com detalhes irrelevantes que não sobra tempo para outras coisas.

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As pessoas com TOC não são “loucas” e nem perigosas para os demais. Elas, pelo contrário, tendem a ter uma preocupação exagerada com a possibilidade de prejudicar aos demais, e aí está a essência de suas obsessões. Normalmente sentem vergonha de sua condição, esforçando-se para escondê-la, o que faz com que o tratamento normalmente demore a começar. A maior parte dos casos começa entre a infância e o início da idade adulta e, quanto mais cedo se começa o tratamento, melhor o prognóstico.

Existem outros transtornos relacionados ao TOC ou, dito de outra forma, transtornos do espectro do TOC: transtorno dismórfico corporal (preocupação excessiva com a aparência, identificando imperfeições de modo distorcido), tricotilomania (arrancar os cabelos de forma repetitiva e incontrolável), onicofagia (roer as unhas), skin picking (escoriações da pele), hipocondria (preocupação exagerada com a saúde), cleptomania (mania de furtar objetos), oniomania (comprar compulsivamente), sexo compulsivo, jogo patológico, anorexia nervosa, bulimia nervosa e a síndrome de Tourette (manifesta por um conjunto de tiques e ao menos um tipo de vocalização estereotipada).

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O tratamento do TOC consiste na combinação de intervenção medicamentosa (normalmente um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação de serotonina) com terapia comportamental, o método com melhor eficácia verificada até o presente. A terapia comportamental atua basicamente promovendo a exposição do paciente às situações que despertam as obsessões e ajuda-o a nelas permanecer sem emitir os comportamentos compulsivos. Aos poucos, as obsessões também tendem a perder força e desaparecer.

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Uma vez que as causas são multifatoriais – envolvendo genética e história de vida -, o TOC é uma doença crônica. Portanto, não existe cura para o TOC, de modo que o objetivo é sempre mantê-lo inibido ao longo da vida. Alguns casos necessitam de medicamento permanentemente e intervenções comportamentais cíclicas.

O mais importante a saber é não desprezar os sintomas do TOC e procurar auxílio o mais rapidamente possível, uma vez que o esforço solitário para evitar as obsessões e as compulsões acabam tendo o efeito inverso e aprofundam a patologia. Além de psiquiatras e psicólogos particulares de confiança, os hospitais de clínicas e os hospitais universitários das grandes cidades normalmente possuem ambulatórios especializados em TOC. Boa sorte!

PERISCOPE

Nesta quinta (3), estarei às 15h no Periscope, rede social que transmite vídeos ao vivo. Conversarei com vocês a respeito de toc. Será um prazer contar com a participação de todos. Para acompanhar a conversa, baixe o aplicativo em seu celular ou tablet e procure por @vejasp.

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