O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário
- Direção: Evill Rebouças
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Escrita e dirigida por Evill Rebouças, a tragicomédia O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário foi elaborada em um ano de pesquisas e ensaios. Tamanha dedicação é visível na montagem da Cia. Artehúmus de Teatro em vários acertos, mas principalmente no conjunto de ousadias narrativas. O tema é duro, mas quase nunca pesa. São cinco personagens que, sem se dar conta, enfrentam uma solidão imensa. O casal João Paulo (papel de Edu Silva) e Dalva (Solange Moreno) troca juras de amor o tempo inteiro, mas não consegue concluir uma conversa. Nem mesmo o filho Téo (o ótimo Daniel Ortega), um garoto que começa a enxergar as dificuldades da vida, centraliza a atenção deles. A outra filha, Anamélia (Natália Guimarães), ficou noiva de um colombiano pela internet, mas ninguém o conhece. O porteiro do prédio (Cristiano Sales) completa a lista de personagens. Para aproximá-los do público, o diretor promove um diálogo direto dos atores com a plateia. Téo é o narrador e todos fazem interações sutis sem perturbar o espectador. Um intervalo para um café, por exemplo, em que os intérpretes mostram fotos pessoais e da peça é feito sem quebrar o ritmo da ação. Nesse constante vaivém entre o real e a ficção, o denso final resulta carregado de lirismo e incentiva uma reflexão sobre o individualismo na sociedade. Estreou em 29/9/2014. Até 18/12/2014.