Eikoh Hosoe
Resenha por Laura Ming
Um tema recorrente na carreira do fotógrafo japonês Eikoh Hosoe são os dançarinos de butô, estilo também conhecido como dança das trevas. Na mostra em cartaz no Sesc Consolação há duas séries dedicadas a eles, incluindo a que o coreógrafo Kazuo Ohno (um dos maiores expoentes do gênero, morto em 2010, aos 103 anos) é o protagonista. O interesse em explorar o sombrio aparece nas oitenta imagens exibidas, das quais os sentimentos mais intensos de cada retratado parecem emergir. Mesmo ao registrar corpos nus, a dramaticidade das formas se sobrepõe a uma possível sensualidade, efeito conquistado a partir do jogo de luz entre a alvura da pele e o negro das sombras. Preocupado em construir narrativas, Hosoe optou por imprimir seu trabalho sobre emakimonos (pergaminhos feitos de papel de arroz) ou em formato de livros, em vez dos papéis fotográficos comuns. O exemplar dedicado a esculturas do francês Auguste Rodin é uma obra em si. Hosoe revelou e colou cada uma das figuras nos vinte livros produzidos. Tal esmero ainda pode ser visto nos pergaminhos, arrematados com fitas de seda e confeccionados artesanalmente. Há apenas uma série colorida, Ukiyo-e, em que shungas — gravuras japonesas eróticas — são projetadas sobre o corpo de bailarinos. Destaque para a cenografia caprichada, que reproduz ambientes típicos do Japão. De 26/2/2014 a 3/5/2014.