As Sombras de Dom Casmurro
- Direção: Débora Dubois
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O atormentado Bentinho do romance Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis, é um raro exemplo de personagem brasileiro que transcende a própria obra literária. Não é necessário ter lido o clássico publicado em 1900 para carregar referências sobre a dúvida que flagela o protagonista. Teria ele sido traído pela amada Capitu com o seu melhor amigo, o não menos querido Escobar? O enigma ganha o palco no monólogo As Sombras de Dom Casmurro, uma boa e acessível adaptação assinada por Toni Brandão em que a essência da história se mantém intacta e plenamente conectada à encenação intimista. Sob a direção de Débora Dubois, o ator Marcos Damigo surpreende ao travar um persuasivo diálogo com a plateia. Não são raros os momentos em que o artista busca o olho no olho do público para reforçar o discurso e, logo, coloca mais em dúvida ainda a reputação de Capitu. Essa postura de Damigo passa longe de uma tentativa de esclarecimento para o caso. O intérprete recorre a uma construção baseada nas referências biográficas fornecidas pelo próprio Machado. No caso de Bentinho, trata-se de um advogado, introspectivo, mas de boa lábia, na tentativa incansável de fornecer elementos que comprovem seus argumentos. Como se estivesse em um tribunal, ele mascara qualquer tipo de paranoia, alternando ressentimento, fragilidade e uma refinada ironia, em um depoimento que segue instigante a todos. Estreou em 16/3/2016. Até 31/7/2016.