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Pacientes com suspeita de Covid são internados na maternidade de hospital

Mães e recém-nascidos estariam no mesmo espaço que pessoas com sintomas da Covid-19; questionada, prefeitura não esclareceu o caso

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 5 mar 2021, 17h24 - Publicado em 5 mar 2021, 16h32
Imagem mostra fachada do prédio do Hospital Tide Setúbal
Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista (Prefeitura de SP/Divulgação)
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Nove pessoas com suspeita de coronavírus foram internadas na maternidade do Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, de acordo com funcionários do local. Mães e recém-nascidos estariam dividindo o mesmo espaço que os pacientes, divididos apenas por cortinas hospitalares. O caso foi denunciado ao Sindicato dos Servidores Municipais (Sindsep): os possíveis infectados ficaram entre quarta (3) e quinta-feira (4) no espaço.

Em nota, a prefeitura não respondeu se as internações de pacientes com suspeita de Covid ocorreram na maternidade do Tide Setúbal. Afirmou apenas que “durante remanejamento de novos leitos, dois pacientes precisaram ser transferidos temporariamente e ficaram em dois quartos isolados, sem contato algum com outros”.

“A direção usou leitos da maternidade para internar os pacientes. A mãe está internada e recebe o bebê para amamentar: como coloca um paciente com um vírus desse junto com um recém-nascido, que não tem condições de se defender?”, questiona um funcionário.

“Isso expõe grande risco para todo mundo que estava lá, mães e bebês, sem dúvida nenhuma, não existe nenhuma autorização do tipo”, explica a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unicamp, Raquel Stucchi. “O correto era transferir essas mães para um local que não existe Covid ou quarto separado. Não tem sentido, a cortina não vai dar proteção”, diz a médica.

“Acho um absurdo. Alto risco de contaminação“, concorda o professor titular de infectologia da Universidade Federal de Uberlândia, Marcelo Simão Ferreira.

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O Sindsep informou que havia 22 mães na maternidade no momento em que os nove foram colocados no ambiente. “Os exames para Covid-19, que antes saiam em três dias, estão demorando de 8 a 10 dias para ter o resultado. Então a gente faz a chapa (do pulmão), vê os sintomas, e já trata como Covid”, diz o servidor público.

Entre os sintomas apresentados pelos que estavam na maternidade estão febre alta, dor no corpo, diarreia e pulmão com até 35% de comprometimento; não estavam entubados, mas precisaram da internação para receber antibióticos pela veia.

Dos nove, oito teriam sido transferidos para o setor de Covid do hospital na quinta (4) e um ainda passou a madrugada desta sexta (5) no espaço dos recém-nascidos. “Até sexta-feira passada (26 de fevereiro), a gente tinha vaga. Domingo não tinha mais como receber, lotado. E terça ainda mandaram internar mais, além de quarta”, afirma o profissional da saúde.

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A prefeitura afirmou que, depois do remanejamento, “os quartos receberam a limpeza especializada para desinfecção”. Na quinta, o Tide Setúbal, de acordo com a gestão, estava com 72% de ocupação. Disse também que implantou 26 novos leitos de UTI no hospital nesta semana.

No ano passado, durante a fase mais crítica da pandemia, a capital paulista contou com hospitais de campanha geridos pela administração municipal, em locais como o Anhembi e o Estádio do Pacaembu. Questionada sobre a reabertura de estruturas do tipo, a prefeitura disse que “não há previsão”. Afirma que implantou nesta semana mais de 170 leitos de UTI e 258 de enfermaria voltados para a Covid-19. “Antes da pandemia, a cidade contava com 507 leitos de UTI e no auge da pandemia, alcançou 1 340 leitos”, diz a nota.

Confira abaixo o posicionamento completo:

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A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, informa que o Hospital Tide Setúbal têm realizado remanejamento de leitos para ampliar o atendimento Covid-19 na unidade. Nesta semana, por exemplo, foram implantados 26 novos leitos de UTI.

Na tarde de quarta-feira (3), durante  remanejamento de novos leitos, dois pacientes precisaram ser transferidos temporariamente e ficaram em dois quartos isolados, sem contato algum com outros pacientes. Pouco tempo depois eles foram encaminhados para a ala Covid-19 e os quartos receberam a limpeza especializada para desinfecção.

Na quinta-feira, 4, o Hospital Municipal Tide Setúbal contava com 72% de ocupação.

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Não há previsão, até o momento, para reabertura de hospitais de campanha. A administração, por meio da área de gestão hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), implantou nesta semana mais 170 leitos de UTI e 258 leitos de enfermaria exclusivos ao acolhimento e tratamento de pacientes diagnosticados com a Covid-19 no município. A SMS informa que, caso haja necessidade novos leitos serão instalados.

A administração municipal atuou de maneira emergencial na ampliação de leitos. Antes da pandemia, a cidade contava com 507 leitos de UTI e, no auge da pandemia, alcançou 1.340 leitos.

Atualmente, a cidade dispõe de 26 hospitais municipais, sendo oito deles entregues à população durante a pandemia, como o Brigadeiro, Brasilândia, Bela Vista, Capela do Socorro, Guarapiranga, Sorocabana, Parelheiros e Santo Amaro, além da chegada de novos respiradores entregues pelo governo estadual. Já no Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (M’Boi Mirim), uma unidade anexa foi construída e 100 leitos foram incorporados à operação do hospital e permanecerão após o fim da pandemia para uso dos moradores da região.

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