Após morte por meningite, hospital da Grande SP é acusado de negligência
“Disseram à família que não atendiam esse tipo de ocorrência, ela só recebeu cuidados após fazerem um barraco”, afirma ex-companheiro de Amanda Santos Silva
Amanda Santos Silva, 23, começou a se sentir mal na última semana de maio. Tinha febre alta, dores no corpo e uma falta de motivação para as tarefas cotidianas. Era o início de uma angustiante peregrinação por consultórios médicos para tentar descobrir a doença que a debilitava. Sem sucesso. A saga terminou no dia 21, perto das 15h, quando a jovem morreu no Hospital Geral de Carapicuíba, na Grande São Paulo, onde estava internada havia duas semanas. Naquele momento, segundo os responsáveis que a acompanhavam, Amanda não tinha sequer recebido o resultado do exame que poderia tê-la salvado caso ficasse pronto a tempo: tratava-se de meningite.
“Logo após os primeiros sintomas, fomos juntos a quatro clínicas da região. Sempre a mandavam de volta para casa. Diziam que era uma infecção ou talvez Covid”, afirma Gabriel Rocha, 25, amigo, ex-companheiro, pai do filho mais velho de Amanda — ela tinha um de 6 e outro de 2 anos — e acompanhante dela na internação.
A situação se agravou após o dia 6, quando Amanda deixou de retornar mensagens no celular. A ex-sogra pulou o muro da casa para encontrá-la desacordada no sofá, ao lado do filho mais novo. Jovem, ativa e sem questões de saúde, Amanda estava prostrada e dava sinais de confusão mental. Na noite do dia 7, os tios a levaram para o Hospital Geral de Carapicuíba.
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“Disseram à família que não atendiam esse tipo de ocorrência. Ela só recebeu cuidados após fazerem um barraco”, afirma Gabriel. “No dia seguinte, uma médica descartou a meningite. Falou que era infecção intestinal e ‘estava melhorando’”, ele conta. O ex-companheiro afirma que o hospital só fez o teste de meningite no dia 10 e que o resultado foi prometido para dali a três dias. Naquela noite, Amanda foi intubada devido a uma piora na respiração. A partir dali, Gabriel descreve cenas de descaso.
“Via que ela estava totalmente largada. Em uma ocasião, cheguei para visitá-la ao meio-dia e o remédio que ela deveria tomar desde as 10h não funcionava, porque a sonda estava entupida”, ele afirma. “Tenho tudo registrado e pretendemos entrar com uma ação reparatória. Ela morreu no dia 21 e só soubemos que era meningite ao ler o atestado de óbito”, diz.
A Secretaria de Saúde, responsável pelo hospital, contesta a versão. “No dia 8 (…) foi levantada a hipótese de meningite e, de imediato, realizada a testagem, além do início da medicação”, diz a pasta. Questionado, Gabriel mantém as queixas e a cronologia iniciais.
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O diagnóstico rápido é fundamental para evitar o agravamento da doença. “O teste é invasivo (tem coleta de líquor) e os sintomas iniciais podem parecer uma gripe. É preciso ficar atento a queixas de sonolência, dor de cabeça intensa e rigidez da nuca”, diz a infectologista Glória Selegatto, do Hospital Santa Paula.
O estado teve 2 209 casos de meningite entre janeiro e maio, alta de 48% em relação ao ano passado. Em 2022, as mortes pela doença tinham subido 114% ante 2021. Os diagnósticos se concentram na Grande São Paulo e são mais comuns no segundo semestre, com o auge do inverno. “É importante ter a vacina em dia contra a meningite bacteriana, a mais grave”, diz Selegatto. O trágico desfecho de Amanda é um alerta para a seriedade do problema.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de julho de 2023, edição nº 2849
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