Rua dos Pinheiros ganha nova vida com a chegada de bons restaurantes
Região desponta como um pequeno e interessante novo polo gastronômico da capital
Desde o início do ano passado, os irmãos Bruno e Leonardo Ventre, aliados ao sócio Stefano Martins, rodavam a cidade em busca de um lugar para abrir o restaurante Beato. “Nosso objetivo era encontrar um bairro atraente, mas queríamos fugir de lugares manjados como o Itaim”, conta Leonardo. A busca acabou em junho de 2011, quando o trio topou com dois imóveis vizinhos na Rua dos Pinheiros: uma lavanderia e uma borracharia. Ao fim de uma reforma que transformou os dois endereços num salão de 155 metros quadrados, o ponto foi inaugurado no último dia 23. Da sua cozinha, saem receitas contemporâneas como o penne com pato e cebola caramelada (48 reais). “Temos uma clientela boa, que inclui moradores e pessoas que trabalham na região”, comemora o proprietário.
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Depois de viver uma fase boêmia entre o fim dos anos 80 e o começo dos 90, com o sucesso de casas como os bares Paulicéia 22 e Cervejaria Continental, entre outras, a Rua dos Pinheiros andava meio esquecida. O período mais difícil ocorreu entre 2005 e 2006, quando dois quarteirões ficaram interditados devido às obras da Estação Fradique Coutinho do metrô. Na época, muitos estabelecimentos não suportaram o caos de barulho e poeira e fugiram de lá. Agora, a via voltou a ficar movimentada com a chegada de outras casas além do Beato, despontando como um pequeno e interessante novo polo gastronômico da capital.
Boa parte dos investimentos se concentra no quarteirão entre as ruas Joaquim Antunes e Cônego Eugênio Leite. Nesse trecho, surgiu há dois meses o indiano Goshala, num charmoso sobrado branco. “A atmosfera aqui mistura a descontração da Vila Madalena com o refinamento dos Jardins”, acredita a chef Andréa Finocchiaro. Em julho do ano passado, já havia desembarcado pelas redondezas o português Tasca do Zé e da Maria. “Em pouco tempo, isto aqui estará tão movimentado quanto a Rua Amauri”, torce José Maria Pereira, um dos proprietários, referindo-se a uma das áreas mais fervilhantes do Itaim.
Inaugurado em 2009 na Rua dos Pinheiros, o agradável Le Jazz tornou-se uma espécie de precursor do fenômeno. “A região ficou mais cheia de vida de uns tempos para cá”, diz Chico Ferreira, sócio do empresário Gil Carvalhosa no bistrô. Um dos combustíveis da onda é o preço relativamente baixo dos pontos comerciais. Hoje o aluguel de alguns deles chega a custar metade do valor cobrado, pela mesma metragem, em áreas como os Jardins. De um estorvo, a presença do metrô revelou-se um diferencial para atrair negócios. Sua inauguração, prevista para 2014, deve atrair mais gente para as imediações. “Será uma transformação para o bairro e, com certeza, trará consequências muito positivas”, afirma Nelson Barth, um dos fundadores da Associação dos Empresários e Moradores da Rua dos Pinheiros.
A safra de negócios culinários terá prosseguimento nos próximos meses. Entre os que andam de olho está Paulo Kress, sócio de restaurantes como o contemporâneo Kaá, no Itaim. “O lugar deve bombar nos próximos anos”, confia ele, que procura no momento um imóvel para inaugurar por ali uma de suas duas bandeiras: a lanchonete General Prime Burger ou a trattoria Italy. O mercado aquecido movimentou até a transverval Joaquim Antunes, onde se estabeleceu em novembro do ano passado o moderninho Brado. Fruto de um investimento de quase 1 milhão de reais, a casa tem como proposta oferecer um cardápio sazonal com ingredientes orgânicos. “Nossa cozinha exige um público mais aberto a novidades e acreditamos que aqui encontraríamos isso. Deu certo”, diz o sócio Luciano Montezzo. No início de junho, será a vez de uma filial do Saj, árabe no estilo bom e barato da Vila Madalena, iniciar suas operações no pedaço.
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